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Com 25 anos de carreira, João Cappelli já dublou diversos personagens icônicos como o eterno Draco Malfoy na saga Harry Potter. Além disso, sendo uma ótima babá em Stranger Things, ele dá a voz ao maravilhoso Steve Harrington. E se você quer aprender um pouco mais sobre a sexualidade, Otis Milburn, em Sex Education irá ajudá-lo.
Mas essa lista não para por ai! Cappelli que começou na área aos 6 anos, tem em sua bagagem: Jhony Ki na série Sempre Bruxa; Jason Mendoza em The Good Place; Julian Albert de The Flash; Caleb Rivers nas série Pretty Little Liars e Ravenswood; Minho nos filmes de Maze Runner; Eric Kirby em Jurassic Park 3; Tyson Granger em Beyblade; Kyoya Tategami em Beyblade Metal Fusion; Gary em Os Padrinhos Mágicos; e muito mais. Confira a entrevista:
Oi João, muito obrigada por aceitar esta entrevista. Uma curiosidade sobre a dublagem, como você encontra a voz para cada personagem que dubla?
“É difícil responder a isso, já que cada personagem exige uma intenção diferente. Normalmente a voz vem com a cena, com o ator, a expressão que ele faz – e, é claro, a voz dele no áudio original. Sempre tentamos fazer o mais próximo possível da língua nativa da produção”.
Tem algum personagem que considera o mais especial?
“Bom, certamente, pelo tamanho da produção, a quantidade de fãs, a importância da saga pro cinema e pra literatura, o Draco Malfoy é o mais importante, com certeza. Mas hoje em dia, eu considero o meu “top 3” de trabalhos o Draco, o Steve (Stranger Things) e o Otis (Sex Education)”.
Se pudesse voltar a dublar alguém, quem seria? E se fosse para escolher um personagem para dar voz no futuro, quem você sonha em ser?
“Eu gostaria muito de voltar a dublar o Nicholas Hoult. Eu dublei ele muitos anos atrás e hoje em dia ele é um ator excelente, que faz filmes excelentes. Certamente seria ótimo dublar ele. Eu não penso muito nisso, já que cada personagem é único e tem seu valor, mas eu sempre quis dublar um super herói ou um 007”.
Em muitas dublagens, são feitas adaptações para gírias brasileiras, às vezes até mesmo o uso dos famosos ‘memes’. Como é feito o processo de ajuste da forma de falar do Brasil, sem perder a essência da língua nativa do programa exibido?
“Dependendo da produção e do cliente, nós temos liberdade pra mexer no texto à vontade – desde que não interfira na história nem na essência da produção -, então podemos colocar nossas gírias, memes… é uma delícia”.
Draco Malfoy é um ícone na qual você deu voz por um bom tempo. É mais fácil ser um mesmo personagem sempre ou mudar com frequência? Na rua, as pessoas ainda te chama a atenção pelo personagem?
“Não acho que exista isso de fácil. Quando a gente faz o mesmo ator e o mesmo personagem durante anos, a gente se apega a ele, entendemos seu modo de atuação, suas especificidades, queremos ver ele crescendo. No caso do Draco, a cada filme ele vai amadurecendo muito, passa por diversos conflitos e é muito divertido acompanhar isso. No caso de personagens ‘novos’, a gente sempre tenta colocar tudo da gente naquele filme/episódio/série e isso também exige muito. Normalmente não reconhecem, mas acontece de vez em quando em restaurantes”.
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Atualmente você dá voz ao Steve de Stranger Things. Como tem sido viver este personagem em especial?
“Eu amo Stranger Things e amo o Steve. Como disse lá em cima, ele é um dos meus trabalhos preferidos hoje em dia. Ver a evolução dele do playboy da cidade, pra um dos melhores personagens da série, amigo das crianças, ajudando todo mundo foi maravilhoso e só quero que continue assim”.
Que tipo de dicas você poderia dar para alguém que está iniciando na profissão?
“A parte mais importante é o estudo, a dedicação, a paciência pra entender que não é fácil. Não é de um dia pro outro que você vai fazer um protagonista, vai conseguir se estabilizar e viver disso. É um processo lento que exige muito do nosso psicológico e força de vontade. Mas, se esse é o seu sonho, não desista”.
Quando criança você participou da novela ‘O Cravo e a Rosa’, interpretando o Jorginho, irmão de Catarina. Pretende volta a carreira de ator? O que está participação contribuiu para sua vida?
“Bom, como dublador eu já sou ator, né? (risos). Foi muito legal fazer a novela, eu me diverti muito. É uma vertente da profissão que eu gostaria de voltar a fazer sim, inclusive estive em 2015 em uma temporada de Caras De Pau, na Globo também. Infelizmente eu não tive como continuar, mas quem sabe”.
Sendo dublador desde os 6 anos, conte ao público um pouco do seu início.
“Bom, eu comecei com 6 anos de idade, quando o meu avô, que era tradutor, foi chamado pra ser diretor de dublagem em um estúdio em São Cristóvão. Eu era muito pequeno e ia nos estúdios morrendo de curiosidade até que um dia me colocaram na frente do microfone e me disseram o que eu tinha que falar – com 6 anos a leitura ainda não era tão boa (risos). Desde então, não parei mais. Fui indo de estúdio em estúdio, diretor em diretor e estou aqui até hoje”.
Deixe uma mensagem.
“Eu só tenho a agradecer por todo o carinho durante esses anos todos de dublagem. São 25 anos onde eu aprendo muito todos os dias, convivo com pessoas maravilhosas e sou absolutamente apaixonado pelo que faço. Viver cada personagem é uma experiência única e ver que o público gosta dá ainda mais força pra não parar nunca. Dublagem é a minha vida, não sei fazer nada além disso e ter o carinho dos fãs é o melhor combustível que eu poderia ter. Muito obrigado, de coração”.