Há exatos 20 anos, a atriz e produtora paraense Mony pisou no palco do teatro pela primeira vez. Hoje, radicada no Rio de Janeiro, ela coleciona em sua trajetória trabalhos regionais e nacionais – peças de teatro, curtas e longas metragens, séries de TV, participações em novelas, webséries e campanhas publicitárias.
Alguns desses trabalhos, inclusive, produzidos por ela, como é o caso do recém lançado “Quem Matou Verônica?”, filme de suspense psicológico em que Mony dá vida à personagem de cabelos azuis Eva Nevil. Ela é sócia da Filomena Produções, produtora cultural independente liderada por ela e Mitt Yamada, realizadora e coprodutora da trama junto com a St Jude Filmes, de Weslei Mata, também roteirista e diretor do filme.
Sempre envolvida em vários projetos, além do filme, atualmente, Mony está no ar como Emilly na websérie “Love Touch” (Winner Best Serie Drama AsiaWebAwads 2022); como Sandra no longa “Eu, Nirvana” (mostra especial no Festival Pan-Amazônico de Cinema 2022); e como Bebel na série de TV “Amazônia Oculta”, onde protagoniza o conto Eterno Retorno (TVCultura do Pará 2021 e disponível na Darkflix), além de séries verticais exclusivas nas redes sociais.
A nova produção original “Quem Matou Verônica?” está disponível gratuitamente no canal da St. Jude Filmes no Youtube e conta com Mony, Aline Mineiro, Mitt Yamada, Evando Lustosa, Giovanni Pilan, Lua Marcelino e Lenise Oliveira no elenco. A fotografia é assinada por Pedro Oliveira, captação de aúdio de Júlio Andrade, produção de set de Ivanna Serra, making of de Welton Matos e artes visuais de Keila Castro. Confira a entrevista:
Falando sobre o filme “Quem Matou Verônica?”, você interpreta a personagem Eva Nevil, alguém misteriosa que traz à tona uma vibe de dominatrix. Acredito que a personagem acaba trazendo uma sensação diferenciada para você, já que é bem diferente do que você já interpretou. Levando isso em conta, quais foram as maiores problemáticas em ser a Eva e quais são as maiores qualidades dela que você irá levar contigo para toda a vida?
A escolha em interpretar a Eva foi, antes de tudo, porque ela me intriga. Eu costumo ser bem intuitiva no meu processo de criação, e é comum chegar pra filmar e estar segura com o que eu estou propondo. Com a Eva, confesso que, até chegar no set e o diretor dar o “ação”, eu ainda tinha dúvidas sobre ela. Eva é intrigante porque, em camadas mais profundas, guarda um mistério sobre si e, ao mesmo tempo, é completamente transparente quanto ao que sente, mas expõe o caos que passa em seus pensamentos sem filtro algum e de forma tão clara, que isso a torna cruel. Ela é reativa ao extremo e eu, particularmente, sou o oposto, então talvez seja por isso que eu não me sentia no controle enquanto filmava, nenhuma emoção ou reação foi programada. Foi tudo ensaiado, claro, mas filmamos com muita liberdade. A troca com minha parceira de cena, a atriz Lenise Oliveira que interpreta Lua, também foi essencial para chegarmos nesse resultado. No fim, posso dizer que, diferente do que geralmente acontece, foi a Eva quem me conduziu nas cenas, e não ao contrário.
Em 20 anos de carreira, o que você enxerga de diferente da Mony do começo para a Mony dos dias atuais?
Iniciei a carreira artística bem nova, aos 12. Sem dúvidas, há diferenças gritantes entre a Mony que começou as aulas de teatro para destravar a timidez com o mestre Moisés Chaves em Teresina-PI e a Mony de hoje, com 33 anos, que se orgulha da sua trajetória e tem objetivos traçados, mas também vejo muita similaridade nelas duas. Acho que quem se descobre artista leva essa essência para todo e qualquer momento da vida. De lá pra cá, já errei e aprendi muito, venci batalhas que não achei que teria forças, realizei sonhos, já pensei em desistir da carreira um trilhão de vezes e todo dia experiencio coisas que me fazem confiar mais em quem eu sou e quero ser. Acho que a maturidade me faz encontrar caminhos que quando mais nova eu não conseguia enxergar. Hoje me reconheço como uma multiartista, que transita em diferentes funções nas artes, seja atuando, produzindo, escrevendo ou dirigindo. Estou em constante investigação e processo de criação. Se antes eu reservava algumas horas do dia para focar nisso e me dedicar, hoje eu entendo que esse estudo é para vida toda.
O que podemos esperar do filme de suspense psicológico “Quem Matou Verônica?”? E por qual motivo você acredita que o público irá gostar desse trabalho que, inclusive, você faz parte da produção?
O filme tem uma história com muitas reviravoltas. Weslei Mata, o roteirista e diretor, foi detalhista em cada transição. Para não correr o risco de soltar spoiler, sugiro que o expectador fique atento a cada diálogo e não pisque muito nas cenas com mais ação (risos). Existem vários motivos que acredito que o público irá gostar desse trabalho, porque o filme foi pensado e executado com muito suor, carinho e cuidado. Fica até difícil pontuar, já que também assumi a produção executiva – o que não é nada simples, principalmente em uma produção independente como essa, mas acho que o roteiro, as atuações e a fotografia do Pedro Oliveira, são alguns dos pontos fortes.
Além desse projeto, o que mais devemos esperar de Mony Gester para o futuro?
Muitos outros projetos, sempre! Adoro estar em movimento e troco muito com quem me acompanha nas redes sociais. Inclusive, tenho uma série vertical no Instagram chamada “Vivendo Em Trechos”, onde interpreto textos de livros e cenas marcantes do cinema. Além disso, estou me preparando para retornar ao teatro. No início da pandemia tive um projeto paralisado e, desde então, não subi mais no palco, mas no segundo semestre estarei de volta, finalmente. É tudo o que posso adiantar, até o momento.
Como surgiu o seu desejo em se tornar atriz e produtora?
A veia artística nasceu comigo e desde muito cedo eu já mostrava interesse pela dança e pela escrita. Lembro de escrever roteiros de locução e usar meu micro system para gravar e apresentar meu próprio programa de rádio quando criança. Na escola, minha matéria preferida era redação e eu tinha um caderno onde escrevia poesias. Eu tive o privilégio de ter pessoas que sempre me incentivaram para seguir esse caminho: minha família, professores, amigos. Isso foi me trazendo segurança e fazendo com que eu quisesse estudar e me aprofundar cada vez mais. Foi assim também com a atuação e, por último, com produção. A Filomena Produções, produtora cultural que eu e meu namorado Mitt Yamada (que também é ator e produtor) fundamos, nasceu da necessidade de criar oportunidades de mercado para produções independentes de qualidade que sejam relevantes para a economia criativa. Muito se fala para artistas sobre autoprodução, mas poucas são as circunstâncias favoráveis que nos oferecem. Diante disso, a solução foi criar a minha.
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Busque sabedoria, sobre si e sobre o mundo. Muitas pessoas podem lhe inspirar, mas comparar sua trajetória com a de outras pessoas não faz sentido algum. Cada pessoa é um universo de escolhas, fatos e consequências. Para não esquecer nunca: num mundo em que todo mundo quer pertencer à uma bolha, liberdade e autenticidade é pote de ouro! – E assistam “Quem Matou Verônica?”! (risos).
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