Rafael Rodrigo Cinelli é ator, dublador, diretor de dublagem e tem em sua bagagem, personagens como Anakin em Star War – EP I Ameaça Fantasma; James de Adventure Time; David Haller em Legion; Cookie no Manual de Sobrevivência do Ned; Robin de Young Justice; Pinóquio em As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy; Tucker em Minhocas.; entre outros.
Além disso, ele também dá voz a: Joseph Cross em Uma Noite Mágica; A Conquista da Honra; Haley Joel Osment em A Corrente do Bem; Robert Vito em Pequenos Espiões 3-D – Game Over; Mike Coleman em Surpresa de Natal; e mais.
Rafael também participou de novelas como: A Padroeira, Escritos nas Estrelas e Malhação. Confira a entrevista:
Olá Rafael, primeiramente, é um prazer que tenha aceitado a entrevista, muito obrigado por isso. Você fez dublagens incríveis e uma delas é a do Anakin em Star War – EP I Ameaça Fantasma. Como foi participar de um filme que tem tanta repercussão ?
“Primeiramente, eu que agradeço pela entrevista. É um prazer poder estar falando da minha carreira para você. Trabalho com isso, sou ator desde muito criança e ingressei na dublagem com 9 anos de idade. Na verdade, foi 8 para 9 mais ou menos. Então para mim é um prazer falar sobre minha carreira. Fazer parte do filme Star Wars – EP I Ameaça Fantasma, dublando Anakin, foi simplesmente sensacional. Me lembro que na época que dublei, não tinha tanto tempo de dublagem assim, fui até o estúdio, que é a Delart, e eu ainda estava me apresentando a algumas dubladoras. Ainda não dublava em todos os estúdios. Lembro que me apresentei ao diretor Pádua Moreira e ele me ouviu e gostou muito da minha voz. Logo em seguida, me chamou para o teste do Anakin, fiquei impressionado. Quando cheguei lá falei ‘Meu Deus, teste para esse filme, Guerra nas Estrelas, meu Deus do céu’. E foi bem complicado, os testes foram rigorosos. Estava presente o representante da Fox, foi muito legal. Quando passei no teste, foi uma alegria, mas foi bem complicado as gravações, por conta do representante que pedia para repetir diversas vezes as falas. Muitas vezes mesmo, sabe, porque eles queriam chegar a perfeição. Mas para mim, ainda mais eu criança, foi um prazer. Repetia mais de 20 vezes as falas e ficava super feliz. Então é isso, cara, para mim é uma marca que eu tenho na minha carreira, tenho muito orgulho”.
Como surgiu o amor pela dublagem? Conte-nos um pouco sobre o seu início na carreira.
“Então, hoje em dia, a dublagem é o que mais me dedico. Atualmente sou Diretor de dublagem no estúdio Bravo Studios e dublador, também dou aula de dublagem. Comecei na dublagem muito criança, com os meus pais. Eles eram atores e eu fazia as peças de teatro deles, a princípio era mais uma brincadeira e meus pais começaram a me colocar alguns personagens. Eles não tinham com quem me deixar e ficava sempre na plateia, mas na plateia assistindo o espetáculo, já tava meio chato. Era repetitivo, e minha mãe deu um jeito de me dar um personagem. Eu era muito pequeno, muito pequeno mesmo, nem lembro minha idade devia ser uns 4 anos (risos), 5 talvez. Dali, fui começando a gostar e querendo mais falas, também que os personagens aumentassem sabe. Fui desenvolvendo muito teatro, fazendo curso de teatro e bastante peças. Daí na minha vida, começou a surgir esse mundo da publicidade e da propaganda, comecei a fazer testes e passar nas propagandas. A partir das propagandas, comecei a fazer o teste para novelas. Fiz bastante novelas, A Padroeira, como o personagem Miguel, fiz outras novelas com participação Escrito nas Estrelas, Malhação… Enfim, retornando… Em um desses testes de novela, conheci o Diego Larrea, que era dublador, super amigo hoje. E ele me falou sobre a dublagem, a mãe dele falou com a minha mãe e a gente combinou deles levarem a gente no estúdio para conhecer. Chegando lá, o meu primeiro estúdio Áudio News, me apresentei como ator, na época não tinham tantos cursos assim de dublagem e era muito comum você chegar no estúdio e ficar estagiando. Você fica atrás dos dubladores, apenas assistindo. Comecei assistir e assistindo, um dia falaram: ‘Vem cá na bancada, faz aqui essa falinha’. E a partir dali minha carreira foi embora, a partir dessa falinha. Foi uma paixão, tanto que comecei a gostar muito de dublagem, comecei a me dedicar meio que exclusivamente a dublagem. Continuei fazendo tudo, teatro, novela, só que hoje em dia, me dedico mais exclusivamente a dublagem”.
Existe algum personagem que você sonha em dublar no futuro?
“Então, existe na verdade um ator que tinha muita vontade de dublar. É uma coisa até engraçada, muitas pessoas dizem que me pareço com James McAvoy, apesar de não achar que me pareça tanto assim (risos). Mas eu tinha muita vontade de dublar o James McAvoy, nossa, muita mesmo. Para mim, ele é um ator sensacional, seria um prazer dá minha voz a ele”.
Como tem sido viver na quarentena?
“A quarentena tem sido uma coisa muito difícil para todos. Agora, aqui no Rio de Janeiro, a gente já vive em um estágio que consegue ter um pouco mais de contato social, mas o início da quarentena, foi muito complicado. Sou um cara que surfo, sempre treinei jiu-jitsu, mas parei muitas vezes, então estacionei na faixa branca (risos). Mas eu estava vindo numa rotina de treino muito boa, evoluindo no jiu-jitsu, evoluindo no surf, de repente, parou tudo sabe. O trabalho também vinha… Me lembro que estava terminando algumas produções, estava no meio e foram todas paradas, estacionada. Inclusive, estava dirigindo a série Cosmos e a gente teve que parar no meio, e estava dirigindo outro longa também que também parou no meio. Foi muito complicado, mas assim, procurei ocupar minha cabeça cozinhando, fazendo café (risos), sabe, coisas bem simples. Me exercitando em casa… Foram coisas que acabaram ocupando a minha cabeça, que me fizeram não surtar. Mas foi difícil viver na quarentena, é bem complicado”.
Sobre a dublagem, já chegou a bater algum nervosismo enquanto fazia o trabalho?
“Acho que no início da minha carreira, que era criança, até a adolescência, algumas vezes, alguns personagens difíceis, quando algum diretor fazia alguma exigência mais severa por conta do trabalho, eu ficava um pouco nervoso sim. Hoje em dia não, mas existe às vezes o nervosismo do tipo de fazer uma série que você gosta muito, aquela coisa. Na verdade é mais uma ansiedade gostosa sabe”.
Você dubla o David Haller na série Legion. Também dá voz ao James em Adventure Time. Existe algum tipo de preparação diferente para uma voz adulta e infantil?
“Pois é, sou um cara que que sempre tive grande facilidade. O David Haller da série Legion, é a minha voz. Já o James, ele é uma voz engraçada, inclusive, tenho um outro personagem que é o Cookie, do Manual de Sobrevivência do Ned, ele é um adolescente e tem uma voz diferente. Acho que assim, nunca fiz preparação diferente para voz, sempre gostei muito de desenho, então assistia e tentava imitar as vozes diferentes… Então, acho que desde criança tive essa facilidade, nunca tive nenhuma preparação específica, foi mais uma coisa mesmo de vivência e observação”.
Qual personagem você considera mais importante?
“Olha, não tenho como considerar um personagem mais importante ou menos importante, todos foram importantes. Gostei de dublar todos os personagens. Gostei muito de dublar a série Legion, o David é um personagem muito maneiro. Mas eu não considero, não consigo pensar que um personagem seja mais importante do que o outro”.
Deixe uma mensagem ao público.
“Galera, para todos vocês, que curtem o meu trabalho, me seguem no Instagram, agradeço. Muito obrigado pela força de todos vocês. Neste momento que estamos vivendo, nós temos que ter muita calma, paciência e fé, que tudo isso que está acontecendo e veio para nossas vidas do nada, interrompendo tantas coisas boas, tudo isso vai passar. Temos que ter muita fé! A cura está vindo, e que isto sirva de lição para que a gente tenha mais afeto aos relacionamentos. Acho que a humanidade caminha de uma forma em que a tecnologia é muito presente na nossa vida, mas a gente não pode deixar isso tomar conta da gente. Às vezes eu observo que muitas pessoas, muitos casais, estão no restaurante, em vez de estarem conversando, trocando uma ideia, cada um está no seu celular. Antes a gente tinha como base estarmos do lado das pessoas e não as abraçávamos, nós estávamos ali no telefone falando com outras. Hoje, a gente tem saudade de dar um abraço no amigo, tem saudade daquela resenha, de tomar uma cerveja. Que tudo isso que veio sirva de lição para que a gente dê mais valor aos relacionamentos”.
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