Amante da cozinha brasileira e italiana, Wagner Follare iniciou na área da dublagem de forma lenta, mas já carrega em sua bagagem uma quantidade bem vasta de personagens.
Follare deu voz a atores como: Dean-Charles Chapman em Game of Thornes e 1917; Casey Cott em Riverdale; Ty Doran em Chicago Fire; Spencer Boldman de Anjos da Lei; Nate Torrence de Supernatural; entre outros.
Além disso, o mesmo dublou animações como: Ben 10: Omniverse; Valente; Kipo e os Animonstros; O Incrivel Mundo de Gumball; As Meninas Super-Poderosas; Rua Dalmatas 101; e mais. Confira a entrevista:
Obrigada por aceitar esta entrevista. Você dublou o Dean-Charles Chapman; em Game of Thrones e no filme 1917. Apesar disso, são tipos de filme/série diferentes. Existe alguma mudança na preparação da voz de acordo com o tipo de história, mesmo dublando o mesmo ator?
“Existe sim, porque em Game of Thrones ele era um pouco mais jovem, então eu fazia um pouco mais a minha voz normal. Inclusive, comecei com uma voz mais leve e fui amadurecendo um pouco mais. Ele ainda tinha uma voz bem jovial, mas quando fui dublar 1917, tive que fazer uma voz um pouco mais impostada para dublar; afinal ele já era um homem, estava ali na guerra e tudo. Foi muito importante a impostagem de voz. Apesar de ser o mesmo ator ali, estava um pouco mais maduro, inclusive fazendo um papel um pouco mais maduro”.
Como foi seu início na carreira de dublagem?
“Meu início na dublagem foi muito aos poucos e lentamente. Fiz um curso com a Selma Lopes, fiquei alguns anos com ela, inclusive a ajudei no curso durante um tempo até eu pegar bastante a segurança. Sempre tive uma boa interpretação, mas tive bastante dificuldade com sincronismo, bastante dificuldade em ler, interpretar e ficar cuidando da cena ao mesmo tempo. Então foi uma adaptação longa! Quem me colocou para dublar foi o Briggs (Guilherme Briggs), que foi um dos meus primeiros filmes o ‘Meu Malvado Favorito’. Ele ficou me dando oportunidade durante muito tempo, só depois de alguns anos que fui procurar outros diretores e outros estúdios. Inclusive, tudo muito aconselhado por ele. Briggs e a Miriam (Ficher) me ajudaram muito nessa caminhada com Aline Ghezzi”.
Você já dublou vários ótimos personagens, mas existe algum que você sonha em dar voz no futuro?
“Caramba! Adoraria dublar muito alguma coisa do He-Man. Se eu pudesse dublar o príncipe Adam do He-Man com a minha voz jovem e um outro ator fazer o He-Man com o vozeirão dele, eu ia amar muito. Mas eu ia adorar fazer qualquer participação em alguma coisa do He-Man, seria um sonho para mim. Também gosto muito da DC Comics e ficaria muito feliz em fazer alguma participação com algum herói”.
Contém muita diferença entre dublar uma animação/filme/série? O que você prefere dublar?
“Por ser um grande fã de animações e gostar muito de desenho, de anime e enfim, gosto de dublar desenhos. É porque me dá um gostinho de nostalgia, eu tenho síndrome de Peter Pan, adoro coisas que lembrem infância. E quem nunca? Quem nunca olhou para desenhos animados e se sentiu criança novamente? Ou viu animação, e se sentiu criança novamente? Eu gosto muito de dublar animações, por isso que amo dublar o Hunter De Vil dessa nova animação do 101 Dálmatas”.
Dublando Kevin Keller de Riverdale, qual importância você sente que este personagem tem ?
“O Kevin foi um personagem muito importante na minha vida e na minha carreira. Foi um dos meus primeiros fixos de série, que continuam ainda bombando e que tenho muito carinho. Primeiro pela representatividade que eu pude dar para o personagem. Sendo um ator gay, um dublador gay, dublar um personagem gay que tenha tido todo esse carinho pelos fãs. Então, tenho muito, muito carinho pelo Kevin de verdade. Tenho até hoje! Tento fazer uma voz que alcance o tom dele, às vezes é um pouco difícil, porque ele tem o tom um pouco mais grave que o meu. Tenho muito carinho por ele e pela série”.
Qual personagem que você já dublou que sente saudade de dar voz?
“Dublei uma série chamada ‘Família do ano’, que na verdade o título original é ‘The Real O’Neals’. Era uma série da Sony Pictures, a gente fazia uma família católica e eu me revelava como o filho gay. Era um personagem muito gostoso de dublar, porque era minha voz, não precisava colocar voz em outro lugar desconfortável. Era muito divertido, com a direção linda da Aline Ghezzi, foi muito especial para mim. Era uma série que gostaria muito que voltasse, mas enfim… Tiveram duas temporadas, é uma série bem legal, recomendo que todo mundo veja, porque é muito muito muito gostosinha de se ver, e eu tenho muita saudade de dublar essa série”.
Que tipo de conselho você daria para alguém que quer entrar na área?
“Acho que eu vou resumir isso em três conselhos. Se você quer mesmo ser dublador, tenha calma e paciência, porque é tudo muito demorado na dublagem. São muitas pessoas querendo se tornar dubladores e o mercado está tendo uma grande dificuldade em abraçar tantas pessoas. Primeiro que são muitos profissionais que vivem disso há muito tempo e que merecem respeito. Essas pessoas que vivem disso há 20, 30, 40 anos, fazem isso com um primor incrível e essas pessoas merecem muito respeito. Tudo acontece muito devagar na dublagem, se você pretende dublar, o primeiro conselho é esse, respeito e paciência. O segundo é, entre logo, porque está cada vez mais difícil (risos). E o terceiro, cuide da sua interpretação, que é o primordial numa boa dublagem”.
Deixe uma mensagem ao público.
“Muito obrigado a todo público que gosta da dublagem, independente de gostar do meu trabalho ou não. O público que respeita a dublagem, que admira essa profissão um tanto difícil e penosa. Somos profissionais que não temos vários direitos, não somos empregados contratados, somos profissionais liberais, dependemos de estar trabalhando para chegar o dinheiro. Nós somos pessoas que lutamos diariamente por esse espaço. Muito obrigado por tudo, esse respeito e carinho que todo público tem com os dubladores e com o nosso trabalho. Sejam exigentes, com qualidade de dublagem. Tudo que a gente faz é para vocês! Vocês são o cliente final e são os maiores aprovadores do resultado final do nosso trabalho. Critiquem mesmo, sempre com carinho e respeito, e saibam que vocês têm uma força incrível. São vocês os donos das produções. No final de tudo, são vocês que dizem se tá bom ou não o nosso trabalho. Beijo! Obrigado por tudo!”.
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