O novo single do polivalente Muato – ele canta, compõe, atua, produz, pesquisa, escreve roteiro, toca violão de oito cordas e outros instrumentos – já está disponível em todas as plataformas digitais. Desta vez, ele compartilha os vocais com a baiana Nara Couto em “Mo Fé Tu”, também registrado em clipe. Confira a entrevista:
Recentemente você lançou o clipe de Mo Fé Tu”. Como tem sido o recebimento do público? Tudo saiu do jeito que você realmente esperava?
Tudo foi maravilhoso, mas nada como eu esperava, (Risos). Na verdade, tenho lançado músicas constantemente e isso tem me ajudado a equilibrar as expectativas, sabe? Essa canção tem características um pouco diferentes das que eu venho lançando, então pessoas diferentes chegaram nas minhas redes, isso é maravilhoso. Sinto que aos poucos a obras vai tomando forma, tijolo por tijolo. Está sendo muito entusiasmante acompanhar essa construção.
Como foi compartilhar os vocais com a baiana Nara Couto? Qual foi o critério utilizado para a escolha dela para esta canção?
A Nara é uma grande artista, a gente se conheceu trabalhando no elenco do espetáculo de teatro musical “Dona Ivone Lara – Um Sorriso Negro”. Eu tinha gravado uma versão bem simples dessa canção, no formato voz e violão, pra um espetáculo on line, mas a princípio eu não a gravaria pro meu projeto agora. Mas conversando com a Nara me veio essa ideia, dela gravar comigo, eu achava que a sonoridade da canção se comunicava bem com o trabalho dela e com as coisas que ela geralmente fala nas nossas conversas também.
A canção é uma invenção poética que expressa uma nova forma de dizer “Eu te amo”. Como foi o processo para sua elaboração a tornando diferente dentre tantas outras canções?
Eu gosto muito de ouvir outros idiomas pra pensar em sonoridades vocais. Isso é uma parada que eu faço desde a época que eu cantava um som bem mais jazzístico. Quando compus essa canção eu estava pesquisando o Yorubá, e nesse pesquisa eu achei as palavras “Mo Fé” como um “Eu amo”, ao mesmo tempo temos a palavra “fé” aí dentro, o “mo”, que no carioquês seria uma abreviação de “maior”, enfim, eu resolvi fazer esse jogo de palavras para criar esse refrão e ficou dessa forma.
Você coloca suas experiências como ator como um diferencial no seu trabalho de produção musical?
Eu diria que principalmente na construção das narrativas e do conceito. O teatro me abriu muito a visão, o olhar para o todo. Saber que tudo tá expressando, palavra, gesto, sons, corpo, cores, cada objeto em cada cena dos clipes, cenário, enfim, absolutamente tudo compõe o produto artístico. Isso sem dúvida foi uma revolução pessoal na forma de pensar arte.
A parceria com o ator e compositor Danilo Mesquita influenciou através da atuação e da sua própria experiência como compositor nesse projeto?
O Danilo é um amigo muito querido. A gente fez um espetáculo de teatro juntos chamado “Rio mais Brasil – O nosso musical” em 2017. Desde então estávamos nos devendo uma canção juntos, mas na correria da vida ainda não tínhamos parado pra compor. Quando compus a primeira versão dessa canção eu mandei pra ele, e propus ele escrever mais alguns versos pra ela, pra fazer uma segunda parte. Ele mandou umas estrofes muito bonitas e eu usei isso pra somar com outras ideias e construir o trecho poético (Rap) que aparece no meio da canção.
A premiação na Alemanha pelo “Awards Deutscher Pop & Rock Preis” de 2019 em sete categorias e ganhador do “Prêmio APTR de Teatro” em 2020 por “OBORÓ Masculinidades Negras” foi um reconhecimento que o Muato tinha e tem buscado no meio musical?
Eu vejo esses prêmios como um marco do reconhecimento, principalmente porque tem pessoas por trás disso. Outros artistas, críticos, estudiosos, que se conectaram com o trabalho e decidiram que ele merecia um reconhecimento formal. A busca em primeiro lugar é chegar nas pessoas, tocar às pessoas, e os prêmios sinalizam que o caminho está sendo percorrido.
Nos conte um pouco sobre quem é Muato.
Muato é um cara profundamente apaixonado pela arte. Um devoto, um sacerdote do ofício de fazer arte que acredita totalmente na possibilidade de transformar a realidade através dessas experiências. Um cara com os melhores amigos que alguém poderia ter, que anda com uma multidão de amores.
Deixe uma mensagem de positividade ao público nesse momento tão difícil de pandemia.
Tem uma frase de uma música minha que diz “O sol tipo flecha na fresta aquece na alma o que resta, é festa naquilo que presta da nossa expressão mais honesta.” Nesse momento a gente tem mesmo que se apegar no feixe de luz que passa em meio a dificuldade, valorizar cada sorriso, cada possibilidade de estar vivo. Nossa festa tem que acontecer aí, com uma força interior profunda e um propósito de mudança. Eu acredito que não é atoa que a gente tá vivendo isso, se fosse fácil não chamariam a gente (Risos).
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