Pela internet, cantora apresenta espetáculo em seu Instagram e no Youtube do Cine Arte UFF
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Com 30 anos de carreira, a cantora Mona Vilardo, apresenta o show “Mona canta Dalva”, em uma semana especial, via redes sociais. No domingo, dia 3 de maio, às 19 horas, como parte do Festival Ziriguidum, realizará uma apresentação em seu perfil oficial, @monavilardo.
Já na terça-feira, 5 de maio, às 18 horas, em homenagem ao aniversário de 103 anos da rainha Dalva de Oliveira, sua grande inspiração, através do canal do Youtube do Cine Arte UFF, fará um novo espetáculo. Para celebrar, Mona vai sortear um bolo e lançar um vídeo com uma versão à capela da música “Estrela do Mar”.
Aproveitando o gancho, o Blog Andrezza Braga entrou em contato com a cantora, conseguindo uma entrevista. Confira:
Como foi para você o momento de “descobrir” que seu tom de voz se parecia com o da eterna rainha Dalva de Oliveira?
“Sempre gostei das cantoras do rádio, sempre gostei dessas músicas. E a Dalva de Oliveira, foi considerada rainha da voz por Francisco Alves. Todas as rainhas do rádio tinham um título, a Emilinha era a garota 10 graus, Linda Batista, era a estrela do Brasil, e a Dalva de Oliveira, era a rainha da voz, justamente por esse grande registro vocal e a voz mais bonita do rádio. Então, eu sempre gostei e fiz faculdade de canto, fiz canto lírico. Quando estava fazendo o cabelo para o casamento, teste de penteado, cantarolei alguma coisa e meu cabeleireiro falou ‘Porque você não canta Dalva de Oliveira com essa voz tão aguda?’. Coloquei no Google e vi que aquele ano era o centenário dela, 2017. Comprei dois livros, fui começar a estudar a vida e comecei a ver que eu sabia um monte de música que ela cantava. Vi que as músicas super encaixavam na minha voz. Já se encaixavam antes, mas eu não tinha feito essa relação com a Dalva. E aí eu comecei a homenagem, em 2017 procurei a família dela, comecei o projeto, depois veio o livro, em 2019 e já estou na minha segunda rainha do rádio. Virou um repertório, tipo uma companhia de repertório.”
Como nasceu essa paixão por Dalva?
“Tenho muito o apoio da minha família, sempre tive. Acho que ela é uma grande cantora, uma representatividade da força feminina. Se fala tanto sobre empoderamento né? Uma mulher que saía na década de 40 para cantar no rádio. A Dalva perdeu o pai aos 10 anos de idade, depois perdeu um pouco da visão e foi obrigada a sair da escola. Começou a cantar com 10 anos, descoberta por um maestro. Ela teve três maridos, perdeu a guarda dos filhos…”
Tem alguma música do repertório que sente uma maior preferência em cantar? Se sim, qual a razão do favoritismo?
“Então, tem ‘Ave Maria no Morro’, que é muito impactante, ‘Que será?‘ é a última da minha peça, quando falo das memórias com a minha avó. Ela também é uma música muito bonita que já foi gravada por outros artistas. Acho que essas duas são muito bonitas e causam grande comoção.”
Sabemos que a live e o palco são totalmente diferentes. Como se sente tendo que se adaptar a essa nova forma de apresentação?
“Acho que essa adaptação é praticamente obrigatória e tá sendo muito bom, porque eu estou tendo um retorno muito bonito. Mensagens de pessoas dizendo ‘Como está sendo bom pra mim esse momento de te encontrar’. Espero meu dia para encontrar você aqui às sete horas’. ‘Eu fico mais feliz quando saio daqui’. Então acho esse retorno muito bonito. Eu como artista, me alimenta sabe. Tem dias que eu estou chateada, né, de ficar nessa quarentena. A minha Live é quase um programa de rádio, conta curiosidades, faço perguntas, tenho plaquinha, vinheta de rádio, boto risada, boto barulho de mar. Me visto, tenho um figurino. Tem uma troca muito grande, as pessoas me mandam fotos depois, me marcam. Então, mesmo que não esteja no palco, tá tendo uma troca muito legal.”
Conte-nos um pouco sobre seu início no meio musical.
“Comecei a cantar com oito anos de idade, profissionalmente, no coral infantil do Teatro Municipal. Participava de óperas, fazia concertos, viajava… Desde então não parei mais. Comecei a cantar no dia do meu aniversário, dia 21 de Maio e ganhava meu dinheirinho já criança. Brinco com minha mãe que se ela tivesse feito minha aposentadoria desde criança, já estaria me aposentando. Nunca passei em teste. O único teste na minha vida que passei foi em 2009, cantei uma música da Branca de Neve e depois fui ver que a Dalva de Oliveira dublou as partes faladas do filme em 1937. Inclusive, começo o meu espetáculo, ‘Mona canta Dalva’, falando isso. Acho que desde aquela época eu tinha uma estrela me guiando, a Estrela Dalva. É bem legal essa referência, sempre fiz muitos testes, e fazer o meu projeto, ‘Elas por Ela – A Rainhas do Rádio por Mona Vilardo’, me fez desligar de ficar sendo sempre comparara, analisada. Seu cabelo não serve, seu peso, sua idade, a voz não é essa. E a gente sabe que o meio artístico tem muita panela. Então, isso foi me cansando muito, depois de tantos anos, desde criança nesse meio, foi muito libertador fazer o meu produto.”
Esse é um momento que deixo aberto para que possa deixar uma mensagem para o público.
“Acredite nas suas ideias. A gente tá vendo nesse momento de coronavírus, o quanto a criatividade é importante, é essencial. O renovar, o fazer de novo, o acreditar. E o lúdico, a brincadeira, a gente precisa brincar mais, as escolas precisam ter muitas brincadeiras. Os alunos precisam aprender as partes das brincadeiras, da criatividade. O mercado de trabalho está olhando a capacidade de criação dos jovens e de todos nós. O recado é esse, deixa a gente criar. Vamos criar, vamos trabalhar mais o lúdico, trabalhar um olhar na arte, na música. Isso só ajuda a gente como ser humano. E acreditar nas vontades, nas nossas ideias. Eu acreditei numa ideia da rainha do rádio. Muita gente me falava assim ‘Ah, mas isso aí não é todo mundo que gosta. Porque não canta funk?’. Eu não gosto de cantar funk. Hoje já estou sendo uma referência nesse trabalho, tenho dois espetáculos, um show de pré-carnaval, fiz uma exposição em fevereiro com as roupas das rainhas do rádio, lancei um livro, tenho a terceira rainha, vou escrever um livro sobre ela. Acho que sempre tem lugar. E principalmente os idosos, que é muito meu público, eles não tem mais onde ouvir essas músicas, então fiquei uma referência.”
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Por conta do isolamento social, a turnê por teatros e casas de espetáculos pelo Brasil, foi suspensa. “Mona canta Dalva” nasceu em 2017, ano do centenário de Dalva de Oliveira. Faz parte do projeto “Elas por Ela – As Rainhas do Rádio, por Mona Vilardo” que celebra divas da música brasileira de 1940 e 1950. Seu livro, “Dalva, minha vó e eu”, lançado em 2019, carrega o mesmo selo do projeto.
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