Após chamar atenção com o EP “Volte e Pegue”, onde mescla música brasileira e tons eletrônicos para trazer um olhar contemporâneo sobre a ancestralidade, a cantora potiguar CLARA expande o universo visual do trabalho celebrando suas origens no clipe “MESMO”. Este projeto é uma realização da Dale! Produções Culturais com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Prefeitura do Natal e Governo Federal.
Este é o segundo clipe do EP, após “Força” (gravado apenas com celular), e vem para solidificar a ascensão de CLARA enquanto um dos nomes a se prestar atenção do cenário de Natal (RN) trazendo não apenas um destaque para a sua criação musical, mas oferecendo um aporte visual e estético. Para isso, não foi preciso ir muito longe.
Clara Pinheiro é cantora e compositora multi-premiada que se reinventa em seu mais recente trabalho. Desde muito cedo se identifica com as artes, por isso estudou teatro durante dez anos. Aceitando um convite da banda de vanguarda Pangaio, subiu ao palco acompanhada com um grupo pela primeira vez em meados de 2006, passando pela Orquestra Boca Seca.
Em 2010 forma a banda Clara e a Noite para apresentar seu trabalho, mesmo ano que ganha o prêmio de júri popular do Festival de Música do Beco da Lama (MPBeco), saiu em turnê pelo Nordeste e tocou nos mais importantes festivais do Rio Grande do Norte. Em 2014 fez uma turnê pela Europa.
Em 2016 inicia uma pesquisa sobre a obra de Gal Costa e Maria Bethânia, junto com a cantora Simona Talma que resulta no espetáculo Pássaros Proibidos. No mesmo ano, engravida e começa a mergulhar em si para refletir sobre sua negritude e o seu lugar no mundo. Foram três anos de pesquisa buscando se conectar e encontrar o seu lugar na luta por equidade racial e de gênero. Neste percurso, nomes como Nina Simone, Angela Davis, Elza Soares, Martin Luther King, Billie Holiday, Itamar Assumpção, Carolina de Jesus, Jota Mombaça, Os Panteras Negras e tantos outros fizeram parte dos seus dias.
Neste momento de empoderamento, assumiu seu trabalho apenas como CLARA e começou a trabalhar no álbum “Volte e Pegue”, trazendo pro hoje o que carregamos em nossas raízes com o acolhimento das pessoas próximas e da comunidade como porto seguro. O projeto foi realizado com uma campanha de financiamento coletivo com o apoio do Edital de Economia Criativa 2020 do Sebrae/RN. A produção musical foi de Zé Caxangá e Pedras e foi um lançamento do selo Rizomarte Records. Confira a entrevista:
Como estão as expectativas para o novo projeto que compõe o EP “Volte e Pegue”, a faixa ‘MESMO’?
O clipe de ‘Mesmo’ abre as portas pra mais dois clipes. Eu fico muito feliz de poder entregar um trabalho consistente e maduro pro mundo.
A música ‘MESMO’ fala sobre se fortalecer no seu lugar com os seus e o clipe traz isso. `Porque escolher o seu bairro como cenário da gravação do clipe da música, tem algo por trás dessa escolha?
Tem sim, sempre tem!!! (Risos) E é exatamente sobre o que a música fala, se fortalecer no seu lugar. E não existe lugar mais meu que a Vila de Ponta Negra, onde moro há mais de vinte anos.
Como tem sido a recepção do público para esse novo projeto?
Eu fico muito feliz e as vezes emocionada com os feedbacks. Vejo que as pessoas se sente representadas, tocadas, e se isso acontece, pra mim é o suficiente.
O que te levou a unir a música brasileira com tons eletrônicos em um olhar contemporâneo sobre a ancestralidade?
É tempo de olhar pra trás. De se reconectar com o passado, mas sem deixar de caminhar pra frente. O conceito do ‘Volte e Pegue’ é isso, é sobre isso. Trazer ritmos da musicalidade tradicional brasileira e unir com o que se faz de mais contemporâneo na música também é andar pra frente, olhando pra trás, e viver o hoje sabendo que o passado passou e ter a consciência que ele te fortalece.
O que podemos saber sobre Clara e quais são seus objetivos para o restante do ano?
Com falei tem mais produções audiovisual vindo aí. Tem rolado lives e quem sabe uns feat massa?!? Fiquem ligados nas minhas redes.
O seu segundo clipe do EP, após “Força” é uma solidificação da Clara que vem trazendo o que significa ser mulher negra e periférica sem perder o foco para sua criação musical. No clipe “Mesmo” além de celebrar suas origens você busca retratar a imagem da mulher no Brasil?
Não. Talvez. Eu digo que não, porque não represento a imagem das mulheres no Brasil, talvez uma parcela delas.
Para os próximos projetos você pensa em gravar um outro clipe apenas com o celular, como no clipe “Força”, mostrando que a arte pode sim ser acessível para o público e para as pessoas que desejam produzir sua arte e sua música?
O clipe de ‘Força’ tinha uma pegada mais orgânica, e pensamos que seria interessante agregar essa linguagem. Os próximos clipes não serão feitos via celular. Mas quem sabe depois?
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