A casa da avó Maria Piedade era uma escola de música. A artista Bruna Caram e seus primos faziam competições de composição. O piano era tão importante quanto a cama e o sofá. Começou assim, e hoje, os compositores e primos-irmãos Bruna Caram, Lucas Caram e Paulo Novaes, lançam mais um EP, “Outro Lugar”, que compõe o Projeto Primo.
O novo EP conta com três novas canções de seu repertório autoral: “Minha Terra”, parceria de Bruna e Lucas sobre sua cidade natal, Avaré-SP, “Presente”, parceria de Lucas e Paulo, e “Outro Lugar”, nome do EP, também parceria de Lucas e Paulo. Os primos formam a própria banda e se revezam nos instrumentos (sanfona, guitarra e violão) com destaque para a abertura de vozes, que marca praticamente todos seus trabalhos já gravados.
Bruna e Lucas são irmãos e netos do violinista de chorinho Jamil Caram. Paulo é o parceiro mais frequente dos dois, filho do também compositor Ize Novaes. A musicalidade da família do trio não para por aí. A avó Maria Piedade, cantora que em 1954 venceu o concurso “A Voz do Cenário” da Rádio Nacional, e entre os tios está Maída Novaes, criadora do grupo Trovadores Urbanos, do qual eles fizeram parte mais novos. Confira a entrevista:
Como é o seu processo de composição e suas inspirações ao compor?
Bruna: Tenho uma rotina de escrever sempre, ou pelo menos tento, para não sofrer “apagões” de inspiração. Assim, registro histórias minhas, dos outros, sonhos, sessões de terapia, impressões do mundo… E isso vai me alimentando. A imensa maioria das minhas composições começam da letra, do discurso.
Recentemente você lançou o EP “Outro Lugar”, que compõe o Projeto Primo que é a união dos compositores e primos-irmãos Bruna Caram, Lucas Caram e Paulo Novaes. Qual foi o intuito da criação destas canções em especial? E como é a relação de criação em grupo?
Bruna: Lucas e Paulo são meus maiores parceiros musicais da vida, e nossa formação musical foi a mesma, juntos, ouvindo minha avó cantar, meus tios tocarem piano, abrir vozes, compor. Aprendemos juntos e em casa que a música era, antes de tudo, uma maneira de ser feliz. Assim, toda vez que compomos e tocamos juntos, entramos em contato com o que é primordial na arte para todos nós; o sentimento, a alegria do encontro. Essas canções foram criadas em encontros de férias entre nós, a maioria foi composta em Portugal, com saudades do Brasil, onde os meninos viveram.
A música é um encontro familiar. Como esse encontro é afetado durante a pandemia?
Bruna: Acho que lançar o EP foi justamente a única maneira que encontramos de nos sentir próximos da família novamente. Nossa família é enorme e cantar junto é nossa alegria, é nossa maneira de voltar a ser criança, ser livre, ser despreocupado. Conseguimos nos encontrar, eu, Paulinho e Lucas, algumas vezes para ensaiar no começo de ano, após testes de Covid. Foi lindo demais estarmos juntos.
O que “Minha Terra”, “Presente” e “Outro Lugar” significam para você? E o que vocês quiseram transmitir ao mostrar na capa do EP vocês quando crianças?
Bruna: As canções nos transportam para onde nos sentimos bem, em contato com nossa essência: a fazenda, a sala da minha avó. E a coisa que mais todos estamos precisando é conseguir se transportar para “Outro Lugar”, para fora da pandemia, para fora do medo, do caos. Nós crianças na capa simbolizamos a leveza e pureza, o ponto primordial do nosso encontro com a música, e esse lugar também nos dá forças, para hoje, enquanto adulto, lutar por uma situação melhor.
“Pequena Poesia Presente” é o seu segundo livro de poesia. Você pretende investir em uma carreira literária?
Bruna: Com certeza. Sempre me imagino, quanto mais velhinha, mais reclusa e mais poeta (RISOS). Ser escritora faz parte de mim desde que aprendi a escrever, desde antes do primeiro livro. Então imagino que cada vez mais eu tenha tempo de escrever e possa programar mais lançamentos literários. Quero que o Pequena Poesia seja uma trilogia, e já tenho o projeto do primeiro livro em prosa para depois.
Ao longo da sua carreira, já sentiu essa necessidade de apostar em um repertório autoral, como no álbum “Alívio”?
Bruna: Sinto cada vez mais, desde o disco Multialma (2015). Na verdade, antes disso, eu compunha, mas pouco, e morria de vergonha. Demorou para ter coragem de cantar o que escrevi, e parar de me julgar.
Além do EP, quais são seus projetos para o futuro?
Bruna: Esse ano ainda lanço meu DVD, Alívio Ao Vivo, que comecei a lançar por singles no ano passado, e faço um grande projeto, de disco + show, chamado Afeto e Luta – Bruna Caram canta Gonzaguinha, já que faz 30 anos que Gonzaguinha partiu. O disco e o show têm pesquisa de repertório do Jean Wyllys, direção musical do Norberto Vinhas e direção de interpretação da Cris Ferri.
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Bruna: Convido todos para me seguirem nas plataformas musicais e canal do Youtube! https://linktr.ee/brunacaramoficial
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