Os leitores do livro de estreia da jornalista e escritora Andreia Salles puderam finalmente vencer a fase do luto e entrar de cabeça e alma no segundo livro da série, “A Herança de Lucca”. Ela retoma a história de amor iniciada em “A Gôndola Vermelha” com mais capítulos repletos de aventuras amorosas em uma Veneza que usa máscaras, permeada por disputas de poder, passeios históricos pela Itália do século XVII e desfechos surpreendentes. Desta vez, com novos personagens a passear pelo script.
Após uma virada emocionante, ao estilo dos grandes romances, a nova jornada conduz o leitor por lugares como Florença e Nápoles, onde serão conhecidos novos personagens e um estilo de vida completamente diferente. Mas o passado insiste em bater à porta, na pessoa de Paola, a sempre divertida e sarcástica amiga aristocrata, que leva a história de volta a Veneza, cercada de medos.
A perspectiva de uma reparação à nova geração une os personagens de forma definitiva, no enfrentamento de seus maiores fantasmas. É absolutamente irresistível se juntar ao grupo nessa jornada e revisitar o poder do amor. Confira:
Iniciada a história de amor em “A Gôndola Vermelha”, é possível se ter uma continuação da aventura amorosa em uma Veneza que usa máscaras, permeada por disputas de poder, passeios históricos pela Itália do século XVII e desfechos surpreendentes. O que mais os fãs podem esperar do livro “A Herança de Lucca”?
Andreia Salles: Os fãs do primeiro livro podem esperar encontrar em A Herança de Lucca várias novidades. Novos caminhos e mistérios, episódios de premonições, personagens mágicos, antigos vilões, uma perseguição insana e muitas reviravoltas. Tudo isso tendo como cenário as maravilhosas paisagens das cidades da Península Itálica.
O que a inspirou para escrever essas obras?
Andreia Salles: A primeira vez que fui a Veneza, em 2009, tive um choque. Amei a cidade com todas as minhas forças, e se abriu uma fonte de inspiração, tanto que escrevi uma poesia, sobre a Ponte Rialto, mas a guardei na gaveta. Dez anos se passaram e voltei a Veneza no dia 25 de dezembro de 2019, para uma temporada em família. E novamente surgiu a inspiração. Desta vez, regressei ao Brasil com vontade de escrever um romance de época sobre a Sereníssima República. Passei dois meses lendo de tudo, de livros a sites, para compor o panorama histórico da vida na época. Foquei os estudos em um período específico da história daquela magnífica cidade, o final do século XVI, época da inauguração da Ponte Rialto no formato que vemos hoje.
Para os leitores quem ainda não conhecem a jornalista e escritora Andreia Salles, nos conte um pouco sobre quem você é.
Andreia Salles: Sempre li muito. Quando jovem, lia de tudo, dos romances, pois gostava do gênero, as grandes obras e filosofia. Devido às exigências do jornalismo, passei a dar preferência à leitura de biografias e livros técnicos, para melhorar minha escrita e meu conhecimento profissional. Mas Veneza teve a capacidade de trazer de volta à minha vida o gosto pelo romance. Até A Gôndola Vermelha eu nunca tinha publicado nenhum livro, nem mesmo participado de coletâneas.
Os fãs de “A Gôndola Vermelha” finalmente podem cair de cabeça e alma no segundo livro “A Herança de Lucca”. Como tem sido os feedbacks dos leitores?
Andreia Salles: Antes do lançamento, o livro A Herança de Lucca foi entregue ao mesmo grupo focal que analisou o “Gôndola”. O retorno foi bastante positivo. O grupo deu destaque a pontos como o fato de ter com um plot twist já nas primeiras páginas, de possuir nove viradas no decorrer das 270 páginas, da composição bastante assustadora do vilão e de ser um livro focado em relações familiares.
Há algumas semanas, o estúdio de animação Pixar chegou a anunciar um novo filme que se passaria nas províncias italianas e que também leva o nome de “Luca”. Qual é a sua opinião a respeito desse aprofundamento cultural da Itália pelos outros países? O país tem muito ainda a nos oferecer culturalmente?
Andreia Salles: Não sabia desta animação da Pixar. Certamente, só pelo fato de se passar na Itália, já vou gostar! O país é de riqueza ímpar. Já foi o centro do mundo em vários momentos da história – Veneza, por exemplo, era a “Nova York” entre os séculos XIII e XVII – e tem uma bagagem histórica impressionante. É fácil tornar interessante uma história ambientada lá. Quando não souber o que escrever, basta colocar os personagens degustando um bom tagliatelle. O leitor vai imediatamente se sentir dentro da história, com todos os seus sabores e aromas! A Itália ainda tem muito a oferecer não só apenas em termos de literatura, mas principalmente em termos de arqueologia. Não é à toa que a obra do metrô de Roma não consegue ir mais rápido, pois vive esbarrando em ruínas desconhecidas.
Apaixonada pela cultural local, você vem se dedicando a estudar a república de Veneza. De onde veio a sua paixão pela localidade? O trabalho na comunicação social que realiza desde 1993 a ajudou a construir seus conhecimentos?
Andreia Salles: Adorei a Itália desde a primeira vez que pisei lá. Mas paixão só tenho por Veneza. Não sei de onde veio. Simplesmente pisei lá e disse: aqui é meu lugar. O trabalho de comunicação que desempenho no dia a dia foi fundamental para as pesquisas para compor os personagens. Investiguei a vida em Veneza nos séculos XVI e XVII com a mesma alma de um jornalista investigativo. Comecei a fazer aulas de italiano no ano passado para conseguir ler os documentos disponíveis do site do Arquivo Nacional de Veneza. Apesar de estar tudo na internet, estes documentos que falam da composição das famílias da época – bens, processos judiciários, etc – são imagens. Isso demandou o estudo do idioma. Também comprei livros em italiano nos sebos da cidade. Para evoluir nas pesquisas, precisava saber ler o mínimo.
Muitas de suas anotações a respeito de Veneza foram baseadas no tempo histórico da Itália. Você acredita que a história consiga nos revelar muito mais em relação à exploração dos tempos atuais da sociedade?
Andreia Salles: Acredito que quem não conhece a história não consegue evoluir. Veneza era o centro comercial do mundo não apenas pela sua posição geográfica, mas também por ser capaz de construir uma galé em 24 horas. Eram 16 mil homens trabalhando dentro do Arsenal de Veneza. Mas não soube se modernizar, à época. Quando a Península Ibérica desenvolveu uma embarcação mais moderna, o galeão, Veneza demorou a perceber que precisava mexer na sua indústria marítima. A galé era capaz de ficar três meses navegando, versus um “navio” que podia ficar mais de um ano no mar. Com isso, Veneza perdeu a vantagem de estar no centro da “rota da seda”. Depois, com a circunavegação no globo terrestre, houve a criação de mais rotas comerciais, esvaziando seu poderio pouco a pouco. A derrocada final veio com Napoleão. Até hoje, o case de Veneza é estudado em muitas faculdades de economia, para ensinar às pessoas o quanto é preciso investir em inovação.
Durante os anos de 2016 e 2017, você foi agraciada com o reconhecimento de um dos 350 profissionais mais influentes de relações públicas pela PRWeek. Sendo assim, qual é a sua principal lição para aqueles que desejem iniciar nos tempos de hoje? Foi difícil se acostumar a continuar seguindo os avanços do campo durante essas últimas décadas?
Andreia Salles: O que eu sempre digo para quem está entrando hoje no mercado é para se capacitar em relação às novas ferramentas de comunicação. Eu vim da máquina de escrever e hoje me considero a “louca do ClubHouse”. Muita gente que ler esta sua entrevista vai se perguntar o que é ClubHouse. É a mais nova rede social, hit do momento, e eu tenho passado dia, noite e madrugada dentro dela. Como não tenho muito tempo para fazer cursos, meu jeito de aprender as novidades é por imersão. Passei os últimos 15 dias usando meu tempo livre para entrar na plataforma e explorá-la, sem medo de perguntar ou de errar. E estou usando meu livro de “cobaia” lá dentro, pois como é um projeto meu, posso errar. Quando tiver dominado a ferramenta, passarei a oferecer este serviço aos meus clientes da área de comunicação corporativa. É assim que encaro o futuro. Sem preconceitos e sendo rápida.
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