
Entrevista! Vivendo um momento de liberdade criativa durante os tempos de distanciamento social, a banda Daparte integrada por: Juliano Alvarenga (voz e guitarra), João Ferreira (voz e guitarra), Bernardo Cipriano (voz e teclado), Túlio Lima (voz e baixo) e Daniel Crase (bateria), decidiram adiar o lançamento do novo álbum para 2021 e aproveitaram para lançar “Como Não Se Lembram”, um EP escrito e gravado na Sonasterio durante a pandemia de Covid-19.
Oi, tudo bem? Vocês lançaram a pouco tempo o EP “Como Não Se Lembram”. Como tem sido a recepção do público e como foi criado a ideia desse projeto?
Daparte: Foi uma ideia que a gente teve de fazer um EP durante a quarentena, composto com músicas que foram criadas nessa época. Porque quando veio esse lance de distanciamento social, pandemia, mudamos nosso planejamento inteiro. Tínhamos um disco pronto para lançar esse ano, e aí em parceria com o pessoal do Sonastério, que é o estúdio onde costumamos gravar tudo, a gente se sente em casa lá, esse projeto veio e o lançamento foi consequência. A recepção tem sido a melhor possível, nosso público está gostando bastante. Percebemos que o feedback é muito bom, elogios de amigos, fãs. E o crescimento de seguidores, pessoas que acompanham a banda através das redes sociais, conseguimos notar também.
O que cada canção significa para a banda?
Daparte: Essas músicas de maneira geral acaba que retratam o que a gente está sentindo, o que estamos vivendo nessa pandemia. Não falamos explicitamente sobre a pandemia, nem nada do tipo, mas a gente está nessa parada de se imaginar em outras situações, um sentimento meio de fuga dessa realidade que estamos vivendo. Então, essas músicas são muito um escape para a banda, estávamos colocando para fora o que estávamos sentindo e numa estética que estamos gostando de explorar, que foi naturalmente acontecendo. Então tem uma cara bem atual do nosso momento enquanto pessoas, enquanto amigos, enquanto artistas, né? Vivendo nesse período esquisito em que não é possível fazer tudo que a gente quer, enquanto artista.
Além deste EP, existe mais algum projeto para o futuro?
Daparte: Ano que vem, vamos lançar o disco que lançaria esse ano. A gente compôs um monte de música e gravou em um período de 2019 e 2020, e estávamos com plano de lançar ainda esse ano, mas achamos que não era o melhor momento para isso e tudo mais. Então, nosso principal plano para o futuro é esse disco que vai vir ano que vem, e também voltar a fazer show assim que a pandemia nos permitir.

Em um ano tão atípico, quais são os votos da banda para o ano de 2021?
Daparte: O nosso desejo é que a gente possa voltar a encontrar com o pessoal, voltar para os palcos, encontrar com o público cara a cara, sem ter medo de estar fazendo mal ou de ser perigoso para qualquer pessoa. E acho que é a vontade geral né, de que o novo normal não seja para sempre, que o normal legal volte.
Para quem não conhece, conte um pouco ao público, quem é Daparte?
Daparte: Daparte é uma banda de cinco amigos de Belo Horizonte, a gente toca o que a gente gosta, o que a gente acredita. Estamos na música, porque todo mundo cresceu de alguma forma no meio e sempre teve muito amor ao meio, ao trabalho que a gente faz. E somos isso, cinco amigos com espírito jovem, divertido, de tentar levar um certo afeto, carinho para as pessoas que nos escuta. Tentar deixar uma mensagem nesse mundo louco que a gente vive aí. Fazer música boa! E eu acho que o melhor jeito de conhecer a banda é também sacando o som que é ali que está nossa verdade.
Quais foram/são suas maiores inspirações ao criar a banda?
Daparte: A gente ouve muita coisa né. No início da banda o que nos uniu, o ponto comum ali entre nós cinco sempre foi os Beatles e a gente sempre gostou pra caramba. Só que naturalmente com o movimento da nossa carreira, com movimento das nossas vidas, fomos adquirindo várias outras coisas que a gente curte. Gostamos muito de sons nacionais também, que são atuais. A gente gosta muito dos nossos amigos Lagum também, gostamos muito da Anavitoria, do 5 a seco, dos mais antigos também, Skank, Caetano Veloso… Clube da Esquina é uma referência muito grande para nós, principalmente porque somos de cidade também. E coisas mais recentes também como a banda australiana Sticky Fingers uma banda que está muito presente na nossa fala, Oasis também está presente. Essa galera inglesa, anos 90, Blur, Oasis […], é um ponto em comum que a gente gosta bastante. Nesse EP inclusive, o Blur foi grande referência.
Quais foram as maiores dificuldades para a banda durante a pandemia?
Daparte: Primeiramente, a dificuldade foi a incerteza né. No inicio não sabia se ia voltar em agosto, se ia voltar em setembro ou se ia voltar em 2021. Então, tínhamos planos, várias coisas que já estava engatilhando para fazer e a gente foi adiando, adiando.. E todo mundo deve se reconhecer nisso né, aconteceu basicamente com todo mundo. Mas, assim que as coisas começaram a estabilizar, e que os negócios iam começar a demorar para voltar, ai tivemos que nos reinventar principalmente na forma de se apresentar para o público, de estar presente ali o dia a dia dos nossos fãs, de estar aparecendo para pessoas novas. Como ia se apresentar, live, drive-in que conseguimos fazer em BH que foi super legal, que na época fomos a primeira banda a fazer esse formato em Minas Gerais. E também, essa parada né, todo tempo estávamos dando tiro no escuro, fazendo apostas, porque era e ainda é tudo muito incerto. A dificuldade maior é essa de lidar com essas incertezas inerentes a esse período em que a gente está vivendo.

Deixe uma mensagem.
Daparte: Para todo mundo que está nos vendo aí, somos uma banda que acredita em um som verdadeiro, uma parada que tem uma mensagem, escrevemos sobre o que sentimos, o que vivemos, e acreditamos que exista muita gente aí que essas mensagens vão tocar e que essas mensagem vão fazer algum sentido. Estamos sempre aí, querendo cada vez mais colocar para fora e trazer os ensinamentos que essa vida está levando. Quero complementar com uma mensagem de esperança e paz. Os tempos são difíceis, mas como diria George Harrison “All Things Must Pass” (Todas as coisas devem passar/Todas as coisas passam). Fazer música boa, fazer momentos legais com os amigos e viver essa aventura aí.