Carioca, a atriz e dubladora Luisa Palomanes dá voz a incríveis personagens como: Hermione Granger da Saga Harry Potter; Docinho das Meninas Super Poderosas; Mantis de Guardiões da Galáxia; Tris na saga de Divergente; Mera em Aquaman; Hazel G. Lancaster do filme A Culpa é das Estrelas; Princesa Mérida em Valente; Rebecca Chambers em Resident Evil: Vendetta; Jane da série Jane, a Virgem; Alex Russo de Os Feiticeiros de Waverly Place; Carly Shay de ICarly; Vanessa Abrams de Gossip Girl; Iris West Allen de The Flash; Clary Fray em Shadowhunter; Sansa Stark em Game of Thrones; Olivia de Sex Education; entre outros. Confira a entrevista:
Olá Luisa, tudo bem? Você iniciou na dublagem aos 11 anos, nos conte um pouco sobre sua carreira desde o início até os dias atuais.
Luisa: Comecei no teatro, depois entrei na dublagem e tô aí (risos). Essa é a verdade, claro, a gente passa por muitos altos e baixos, o mercado mudou muito, se expandiu muito, mudou o formato… Estamos nos adaptando a estes formatos. Até tentei algumas vezes sair da dublagem, fazer outras coisas, mas sempre foi uma grande paixão para mim.
Dublar Hermione Granger, na série de filmes Harry Potter foi o ápice da sua carreira. Qual o significado dessa personagem em especial para você? Ainda escutam sua voz e comentam sobre ela?
Luisa: Sim, sobre dublar Hermione não sei se digo que foi o ápice, porque tenho bastante personagens bem legais, bem significativos, mas ela foi especial no sentido de aproximação com o público. É uma das personagens que me leva muito em palestras e é uma personagem que mexe muito com o público jovem. Sim, as pessoas ainda comentam sobre ela, é muito bom fazer parte disso, dessa história, desse legado que de alguma forma marcou tanta gente. É muito bom poder dar voz para uma dessas personagens.
Das personagens que você já deu voz, existe alguma que você considera a mais especial? Ou existe algum personagem que você ainda sonha em dar voz?
Luisa: Mais especial não sei, existe umas queridinhas: Mérida, Hermione, a Katara, Estelar, Docinho, a Princesa Bean de Desencanto. Cada hora chega uma para ficar um pouco. E que sonhe dar voz, se eu cantasse, na verdade, teria um sonho de fazer um musical, mas teria que cantar. Quem sabe, quem sabe um dia não, um dia, um dia será.
Tem algum personagem na qual você se identifica ? Por qual razão?
Luisa: Me identifico com bastante. Acho que a gente sempre consegue ter alguma empatia pelo personagem, ainda mais quando a gente é escalado, quando somos escolhido para fazer a voz desse personagens. De alguma forma, a gente tem aquilo ali dentro da gente para conseguir emprestar para o personagem, porque senão acho que não seriamos chamados. Então, acaba que tem sempre alguma coisa que a gente se identifica. Seja empoderamento feminino, característica específica, a gente acaba sempre se identificando de alguma forma.
Tem algum tipo de diferença na hora de dublar um filme/série, para um jogo?
Luisa: Tem, porque na verdade no jogo, normalmente não temos a imagem, então vamos no áudio e às vezes não sabemos quem é, como é a cara da personagem. A gente tem que ir bem em cima da voz e da referência que o diretor passa para a gente. Às vezes tem uma imagem estática do personagem, mas isso não é uma regra, existem jogos que são dublados com imagens, mas a maioria, a grande maioria que vem para mim pelo menos, são sem imagem. Por um lado é mais fácil, porque a gente não precisa sincronizar na boca. Por outro lado, é mais difícil, porque a gente acaba perdendo um pouco da referência, se o personagem lá interpretar mal no original, a gente não sabe muito bem o que está acontecendo, a gente não tá vendo a cena. Então, se o diretor às vezes também não souber, a gente fica meio que dublando no escuro digamos assim.
Existe alguma que tenha se arrependido de dublar ou achado que poderia ter se saído melhor depois que assistiu?
Luisa: Ter me arrependido de dublar não. Tenho senso crítico muito grande, então é uma coisa de perfeccionismo com o trabalho. Sempre olho para as coisas que, de repente, numa vez seguinte possa fazer melhor. Tento não me julgar, porque a gente sempre dá o que pode naquele momento, mas sempre dá para aprimorar um pouco.
Qual dica você daria para quem quer seguir a mesma área ?
Luisa: Uma dica para quem quer seguir essa área, mas não agora na pandemia (risos), porque acho que não é o momento mais apropriado para entrar, primeiro precisa do DRT. O registro de profissional de ator é obtido através de faculdade de artes cênicas ou até mesmo através de cursos profissionalizante de teatro. Depois um curso de dublagem em si para poder aprender as técnicas, porque não adianta fazer o curso sem ter esse DRT, pois até tirar o registro você já vai ter esquecido as técnicas, não vai ter colocado em prática. Depois vai precisar de uma reciclagem, a não ser que a pessoa queira fazer só para conhecer, ver como é. Acho interessante conhecer esse mundo paralelo que é dublagem, esse mundo mágico.
E acredito que é um pouco de dom, no sentido de que para algumas pessoas já é mais natural, como acredito que seja para mim, e também treino, constância. É de repetição que a gente consegue chegar em um lugar legal, no trabalho legal. Acho que é indo a cada dia, progredindo e percebendo as melhoras. Ao mesmo tempo, procurar um curso legal, referenciado para não cair na mão de qualquer curso. Algum que seja reconhecido dentro do próprio mercado de trabalho. E é isso, botar muito amor no que se faz, muita atenção, estar ali entregue para o trabalho.
Quem entra só pensando em ganhar o dinheiro, pode sair frustrado. Acho que em qualquer carreira, porque assim como qualquer mercado, a dublagem tem suas regras de funcionamento, suas hierarquias e suas questões. É bom também chegar com uma questão básicas de ética sobre o que fazer ou não fazer. E isso muitos cursos não direcionam, ensinam a técnica, mas não ensinam como um novato se comporta no mercado, como é que ele se lança no mercado, como é que ele é visto pelas pessoas que já estão lá. É preciso, porque muita gente vem como fã de dublagem que quer virar dublador. Como é que essas pessoas que chegam são recebidas pelos antigos? Como elas veem essa recepção? Tudo isso, um bom curso acaba direcionando de como se comportar, a hora que chega nos estúdios, o próprio comportamento dentro do estúdio, todas essas questões.
Deixe uma mensagem.
Luisa: Acho que a mensagem que tenho para deixar é que, também como fã de dublagem, acredito que o poder está sempre nas nossas mãos, tanto na mão do artista, quanto na mão de quem consome. Acredito que se o produto é direcionado para a gente, a qualidade somos nós que decidimos. Acho que é sempre bom prezar por isso, por uma boa dublagem e também por uma dublagem original, no sentido de espalhar. A minha mensagem é espalhar. Vejo o home studio como uma nova possibilidade de trabalho, como uma nova opção, não necessariamente como uma obrigatoriedade.
Sei que o presencial vai continuar sendo a primeira opção, mas acho que é um boa opção justamente para em algum momento o ator que vai fazer aquele personagem, possa fazer sua parte de casa, possa ter essa opção de trabalhar de casa. Já provamos que é possível, com paciência e boa vontade, aprimorar todas essas ferramentas da tecnologia, possibilitando trabalhar de casa e manter uma dublagem fiel. As pessoas se apegam também pela voz, a gente também da vida aos personagens, então, por que trocar essas vozes?
É uma coisa que sempre bato muito na tecla, sobre botar mesmo a boca no trombone, na internet, no sentido que há espaço para isso hoje em dia, sobre as insatisfações. Muita coisa já começou a mudar, pessoas falando que não gostaram da série tal, da dublagem da série y, e daí elas falaram e fizeram tanto barulho, tiveram essa coisa atendida, essa solicitação atendida, no sentido de mudarem mesmo a dublagem. E isso é um ponto muito positivo, mostrando que a união dos fãs da gente, porque me incluo nisso, essa união que faz a força, que faz a coisa girar.
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