O Setembro Amarelo traz à tona discussões sobre saúde mental, destacando a importância de cuidar da saúde emocional das mães, especialmente aquelas que enfrentam a culpa materna. A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo explica como esse sentimento pode levar à depressão pós-parto e dá orientações sobre como preveni-la.
Durante o puerpério, muitas mulheres são confrontadas com a realidade de que a maternidade não é sempre como esperavam, e a culpa materna surge como um sentimento constante. Essa sensação de não ser “boa o suficiente” pode impactar a saúde mental das mães, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos como a depressão pós-parto e o esgotamento emocional.
Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline, ressalta a importância de reconhecer a culpa materna como algo comum, mas que pode ser prejudicial se não for devidamente abordada. “Muitas mães carregam uma carga emocional excessiva porque sentem que precisam ser perfeitas, e isso é algo que precisa ser desmistificado”, afirma.
O que é a culpa materna?
Segundo a profissional, a culpa materna é o sentimento de inadequação que muitas mães experimentam ao sentirem que não estão correspondendo às expectativas que elas ou a sociedade impõem. Seja por não passar tempo suficiente com o bebê, seja por buscar retomar a carreira, essa sensação pode ser avassaladora e corroer a autoconfiança materna. “É uma pressão contínua que, se não for aliviada, pode evoluir para transtornos mentais mais sérios, como a depressão pós-parto”, explica Schiavo.
A relação entre culpa materna e depressão pós-parto
A depressão pós-parto pode ser agravada pela culpa materna quando a mulher se sente sobrecarregada e sem apoio. A psicóloga aponta que a idealização da maternidade, somada às cobranças sociais, aumenta a vulnerabilidade das mães a esse transtorno. “Muitas vezes, a mãe acha que não pode mostrar fraqueza, que precisa dar conta de tudo sozinha. Isso é um perigo, pois essa atitude pode levar ao isolamento e ao agravamento de sintomas depressivos”, alerta Schiavo.
Sinais de que é hora de buscar ajuda
Schiavo orienta que as mães devem estar atentas a sinais como cansaço extremo, desinteresse em atividades que antes eram prazerosas, dificuldade de se conectar com o bebê e sentimentos de tristeza constante. “Esses são indícios de que a mãe pode estar enfrentando algo além do estresse comum da maternidade e que precisa de acompanhamento profissional”, recomenda.
Como a psicologia perinatal ajuda no enfrentamento da culpa materna
A psicologia perinatal é uma área voltada para o suporte emocional de gestantes e mães no pós-parto. Por meio de sessões terapêuticas, individuais ou em grupo, as mães são encorajadas a falar sobre suas dificuldades e a construir uma rede de apoio. “O trabalho perinatal ajuda a mãe a lidar com a culpa de forma saudável, entendendo que erros são normais e que ninguém consegue ser uma mãe perfeita o tempo todo”, explica Schiavo.
Superando a idealização da maternidade
A sociedade impõe às mães padrões irrealistas de perfeição, o que contribui para o sentimento de culpa. Questionar esses ideais e buscar um equilíbrio entre maternidade e vida pessoal é essencial. “Não existe uma receita única para ser uma boa mãe. Cada uma precisa encontrar o seu caminho, e isso inclui aceitar que não precisa dar conta de tudo”, reforça Schiavo.
Dicas para lidar com a culpa materna e prevenir a depressão pós-parto
1. Aceite suas imperfeições: Nenhuma mãe é perfeita, e isso é natural. O mais importante é ser uma mãe presente, que se preocupa e se esforça, sem a pressão de ser impecável.
2. Cuide de você: Reservar um tempo para si mesma é fundamental para manter o equilíbrio emocional. Maternidade é um trabalho exaustivo, e o autocuidado é parte crucial disso.
3. Busque apoio: Não tenha medo de pedir ajuda ao parceiro, família, amigos ou profissionais. Dividir responsabilidades e contar com uma rede de apoio pode aliviar a carga.
4. Procure ajuda psicológica: Se os sentimentos de tristeza ou culpa estiverem se intensificando, buscar ajuda de um psicólogo perinatal pode prevenir que esses sentimentos evoluam para depressão.
5. Participe de grupos de mães: Conversar com outras mães que passam por situações semelhantes pode ser extremamente reconfortante e ajudar a desmistificar a ideia de perfeição.
O Setembro Amarelo é uma oportunidade para trazer à tona temas como a culpa materna e seu impacto na saúde mental das mães. As mulheres precisam entender que não estão sozinhas em suas angústias e que é fundamental buscar apoio para cuidar da própria saúde emocional.
Quem é Rafaela Schiavo?
Rafaela Schiavo é uma referência em psicologia perinatal no Brasil. Fundadora do Instituto MaterOnline, ela tem se dedicado ao estudo da saúde mental materna e à prevenção de transtornos como a depressão pós-parto. Formada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Schiavo também possui mestrado, doutorado e pós-doutorado na área de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, com foco na saúde emocional de gestantes e puérperas.
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