Nascidos entre 1997 e 2012, os integrantes da Geração Z estão transformando o mundo do trabalho. Diferente das gerações anteriores, os “Zs” não enxergam o sucesso exclusivamente atrelado ao cargo ou salário: propósito, equilíbrio emocional, qualidade de vida e impacto social tornaram-se critérios centrais na construção de uma carreira. Um estudo global da Deloitte (2023) aponta que 46% dos jovens da Geração Z consideram o bem-estar mental uma das principais prioridades de vida, superando até mesmo a estabilidade financeira em alguns casos. Além disso, cerca de 75% preferem modelos de trabalho flexíveis ou híbridos, segundo pesquisa da McKinsey.
Essa geração, extremamente conectada e digital, cresceu em meio à instabilidade econômica, à crise climática e à ascensão da inteligência artificial. Por isso, desenvolveu uma visão crítica sobre o mercado e uma inclinação forte à inovação. De acordo com a WGSN, os jovens da Gen Z querem trabalhar com algo que esteja alinhado aos seus valores pessoais, o que desafia as empresas a repensarem sua cultura organizacional, seus modelos de liderança e os métodos tradicionais de engajamento.
Nesse novo cenário, as empresas que buscam atrair e reter talentos dessa geração precisam ir além do salário e do plano de carreira. É necessário oferecer um ambiente que proporcione saúde emocional, autonomia, escuta ativa, diversidade, flexibilidade e oportunidades reais de crescimento.
Para entender melhor esse movimento e discutir como as organizações podem se preparar para as transformações trazidas por essa nova força de trabalho, convidamos Marlene Teixeira dos Santos, Master Coach e Mentora de Liderança & Carreira, para compartilhar suas visões e estratégias sobre bem-estar, inovação e liderança no contexto da Geração Z. Confira:
ENTREVISTA COM MARLENE TEIXEIRA DOS SANTOS

A Geração Z tem redefinido o conceito de sucesso profissional, priorizando propósito e qualidade de vida. Como você enxerga o equilíbrio entre ambição e bem-estar no trabalho?
“Eu entendo que acima de tudo devemos priorizar a saúde mental, através da prática de mindfulness diariamente, exercícios físicos ou quaisquer outras atividades que possam trazer relaxamento e bem-estar para o corpo e mente. Aliado a estas práticas, entre outras, é importante ter uma boa alimentação e evitar a privação do sono. Vale lembrar sobre a importância de se desconectar digitalmente com frequência, para recarregar energias. Outros pontos importantes consistem em definir limites estabelecendo metas desafiadoras, porém alcançáveis para evitar o estresse e frustrações. O equilíbrio entre o bem-estar e a ambição é um processo contínuo e que requer esforço e equilíbrio emocional para que seja possível construir uma carreira feliz e saudável.”
Com a tecnologia acelerando a transformação das empresas, o que você espera das organizações em termos de inovação e digitalização no ambiente de trabalho?
“A transformação digital tornou-se uma estratégia competitiva essencial. Cerca de 78% das empresas brasileiras vêm investindo em novas tecnologias. A inteligência artificial e automação estão remodelando como trabalhamos fazendo com que as mudanças sejam rápidas e transformadoras. Além disso, proporciona um ambiente que incentiva a experimentação e novas ideias. A Inteligência Artificial vem contribuindo com a otimização de processos e automação de tarefas repetitivas o que proporciona para as empresas um aumento eficiência organizacional. Com isto, as pessoas são realocadas para outras atividades de acordo com as respectivas competências e conhecimentos.”

Modelos de trabalho híbridos e flexíveis estão cada vez mais comuns. Como você acredita que as empresas podem equilibrar essa flexibilidade com a necessidade de manter um senso de equipe e pertencimento?
“O cenário corporativo brasileiro transformou-se consideravelmente a partir da adoção do modelo de trabalho híbrido. Manter equipes conectadas tornou-se um desafio primordial, haja vista a necessidade de manter a coesão organizacional. Para tanto, as empresas com essa modalidade de trabalho tiveram que desenvolver e implantar estratégias de conexão empresarial eficazes, para fortalecer o senso de pertencimento em ambientes de trabalho distribuídos. Dentro desse contexto pode -se destacar, os encontros virtuais com dinâmicas interativas, espaços digitais colaborativos personalizados, programa de mentoria entre colaboradores, reconhecimento digital de conquistas, eventos sociais híbridos mensais, comunicação transparente e frequente, treinamentos que integram times remotos, cultura de feedback construtivo, customização de benefícios, celebração de marcos pessoais, rodízio de equipes presenciais, canais informais de comunicação, pesquisas periódicas de engajamento e desenvolvimento de lideranças empáticas.”
O feedback constante é um dos pilares para o desenvolvimento profissional da Geração Z. Qual a melhor forma de receber e dar feedbacks que realmente gerem aprendizado e crescimento?
“O feedback constante é importante e é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional para funcionários de todas as gerações. O feedback deve ser sempre construtivo, oportunidade em que o avaliador deve reforçar para o avaliado todos os pontos positivos, observar sobre os pontos de melhoria e, juntos, desenharem um Plano de Desenvolvimento Individual para corrigir os desvios e cabe ao líder acompanhar a evolução desse liderado.”

Quais características de um líder fazem a diferença para que o funcionário se sinta motivado e engajado dentro de uma empresa?
“O líder deve ser acima de tudo inspirador. Um bom líder deve respeitar os seus liderados, entender as necessidades de desenvolvimento das pessoas que fazem parte da sua equipe e deve respeitar o 100% de cada um. O líder deve ter competências comportamentais desenvolvidas entre as quais eu destaco a Inteligência emocional, resiliência, comunicação eficaz, criatividade, saber delegar e formar sucessores. Cabe ao líder proporcionar aos seus liderados um ambiente saudável, onde as pessoas se sintam automotivadas para trabalhar e evoluir profissionalmente. Líder deve gostar de gente. Gente é emoção e emoção é coração.”
A Geração Z tem demonstrado uma mentalidade empreendedora, buscando mais autonomia e inovação no trabalho. Como as empresas podem cultivar um ambiente que fomente essa mentalidade sem perder a estrutura organizacional necessária?
“Para todos, geração Z ou não, as empresas através das suas lideranças, devem promover um ambiente de trabalho sadio onde as pessoas sintam liberdade para sugerir melhorias de processos, através de programas específicos.”

Com a crescente importância de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como as empresas podem implementar modelos de trabalho flexíveis que atendam às expectativas da Geração Z, sem comprometer a produtividade e o engajamento?
“Penso que para todos, geração Z ou não as empresas, através das suas lideranças, devem aplicar as estratégias citadas no parágrafo à pergunta de número 3.”
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