A empresária conta situações em que o seu ramo de atividade foi motivo para comentários pejorativos. Quem olha para Maisa Pacheco não imagina o quanto a empresária já lutou para manter seu nome atrelado ao empreendimento localizado em um dos endereços mais famosos de São Paulo – se não do Brasil. O motivo não é nenhuma briga com a prefeitura da cidade ou irregularidades na fachada do prédio, pelo contrário. A percepção da sociedade com essa atividade é quem já deu muita dor de cabeça para Maisa.
Imagine uma mulher dona de uma loja que vende acessórios em formato de órgãos genitais, vibradores, cremes e géis para o uso durante o sexo, fantasias eróticas e até bonecos infláveis. Isso foi motivo para surgirem comentários indecentes que colocassem em jogo, segundo a empresária, o verdadeiro significado de sua marca. “Convivi, nos primeiros anos do sex-shop, com muita gente que via isso como uma atrocidade, algo indecente e até ‘pecaminoso’. Foi difícil segurar o lado emotivo, que sempre age por impulso, mas isso me serviu de motivação pra continuar o trabalho”, diz Maisa.
Dona do seu próprio negócio há mais de vinte anos, Maisa conta que hoje é bem diferente manter e trabalhar a imagem de um sex-shop se comparado ao início, no começo dos anos 2000. Segundo ela, a visão de que a mulher pode se satisfazer sem um homem, ou usar produtos que estimulem a relação com o parceiro, ‘já é coisa do passado’. “Mesmo no início dos anos 2000, as mulheres ainda não tinham essa total liberdade de frequentar um ambiente que estimulasse sua libido. Hoje isso é visto de uma maneira mais natural, mas não dá pra falar que não existem ‘olhos tortos’ para isso”, acrescenta.
Maisa diz que os principais comentários, sobre sua empresa eram na intenção de que a empresária demonstrasse insegurança e até vergonha por exercer tal profissão. “O cara perguntava: ‘mas você testa os produtos’, ‘como você sabe que é bom?’, ‘o que a sua família vai pensar de você?’ e por aí vai. No começo isso me deixava pensativa, com a falsa impressão de que era motivo de vergonha”, conta.
O boom da Internet
Se a internet é a maior criação do homem moderno, nunca saberemos, mas ela mudou a forma como as pessoas se relacionam, comportam, consomem produtos, serviços e se inserem no mundo. No caso de Maisa, a tecnologia favoreceu a disseminação dos produtos e possibilidades de expandir a marca para outros locais. “Durante a pandemia do coronavírus precisei me adaptar. Minha loja nunca ficou fechada tanto tempo e isso geram custos, além dos habituais. O e-commerce foi um importante método de manter as contas em dia sem sacrifícios que me deixassem em desvantagem em relação ao mercado”.
Com a internet, Maisa conquistou até fãs que viajam de estados no Sul, Norte e Nordeste do país para conhecerem a “pepekuda” (apelido carinhoso que deu aos internautas) em São Paulo. “Sem a internet isso jamais aconteceria. Quem seria fã de uma dona de um sex-shop se ela não usasse as redes sociais para quebrar os tabus?”.
Disseminação da marca
Com a reabertura gradual de vários setores da economia nas principais capitais do país, Maisa Pacheco trabalha na implantação de franquias do tradicional sex-shop. Ela conta que os planos foram atrasados pela chegada da pandemia, mas em breve deve anunciar unidades em várias localidades.
“Ainda no começo do ano, antes de descobrimos a pandemia, já estava finalizando os contratos com empreendedores interessados na marca. Agora, com o retorno das atividades, isso vai ser mais prático. Estamos quase anunciando as novas lojas”, finaliza.
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