Com 16 anos Yasmin Martins Mendes deu início à carreira de modelo, em 2013, e surpreendeu com a sua rápida evolução profissional. Após passar por Itália, Estados Unidos, Espanha, França, entre outros países, trabalhando com marcas como Emílio Pucci, Havaianas, Maybelline, Sephora, L’oreal e Joico, ela volta ao Brasil focada na carreira de atriz, depois de concluir os estudos em artes cênicas e ter um começo promissor em produções no exterior.
A transição para a carreira de atriz teve início em 2018, quando o consagrado diretor Michael Bay a escolheu para fazer uma participação especial no filme da Netflix ‘Six Underground’ (‘Esquadrão 6’, em português). A artista, que já havia feito algumas participações em novelas e seriados norte-americanos, viu ali um chamado para estudar atuação. Mudou-se para Los Angeles e lá foi convidada para interpretar a protagonista no aclamado curta-metragem ‘The Interpretation of Dreams’ (2020), do diretor norte-americano Ivan Francis Wilder, que ganhou prêmios nos festivais Independent Shorts Awards, Indie Short Fest e Oniros Film Awards, além de diversas indicações.
Após esse primeiro trabalho, ela protagonizou mais dois curtas em 2020: ‘They R Here (THR)‘, onde faz uma mulher com transtornos mentais, que concorre nos festivais ‘Lift-off Global Network Sessions London’, ‘Lift-off film Festival’ e ‘Kalakari Film Festival’, na categoria melhor curta metragem; e ‘Boné – Uma história sobre paciência’, escrito por Costa Martins, dirigido por Diego Esteve e filmado durante a quarentena, que conta a história de uma mulher em meio à pandemia e os seus desafios para lidar com a situação, concorre no festival ‘Kalakari Film Festival’.
Ainda em Los Angeles, a modelo e atriz estava participando de seletivas para o canal HBO, porém, com o surgimento do surto pandêmico da Covid- 19, as produções foram paralisadas e Yasmin decidiu voltar para o Brasil para ficar com a família. Aqui, ela fez participação na novela “Gênesis”, da Record TV, e gravou um longa-metragem como protagonista, que ainda está em sigilo. A artista, que já acumula oito trabalhos como atriz em sua carreira, considera que ainda está se descobrindo e entende que ser artista no Brasil é bastante desafiador. Confira a entrevista:
Yasmin, você é modelo e atriz, possui uma carreira promissora que se iniciou aos 16 anos de idade, pode-se dizer também que adquiriu uma certa experiência ao longo do tempo. Quando se é tão jovem, e tendo que assumir tão cedo as responsabilidades da profissão e ao mesmo tempo com a distância da família, de modo que, por um tempo, como você lidou com essa situação?
Eu só me mudei para São Paulo aos 18 anos e sempre tive muito suporte da minha família, mesmo à distância. Na época, meus pais foram comigo até São Paulo para me ajudar a me instalar e conhecer o apartamento que dividi com outras modelos. Lembro que, assim que eles foram embora, eu fiquei bastante assustada, mas sempre fui muito independente e já estava acostumada a me virar sozinha. A vida era tão corrida, com tantos testes, compromissos, polaroides, visitas a agência, fotos e trabalhos que nem dava muito tempo de pensar no que estava acontecendo. Havia muita ansiedade em relação à progressão da minha carreira, mas fiz grandes amizades que fizeram com que eu me sentisse acolhida e me permitisse um pouco de diversão. E também, falava com a minha família todos os dias, o que ajudava muito a segurar as saudades.
Como foi a transição para se tornar atriz, você acredita que em alguns casos, a persistência te fez atingir suas metas pessoais e profissionais?
Me tornar atriz foi como água que segue o rio até chegar ao mar. Aconteceu de forma muito natural e fluida, eu simplesmente fui entrando nas portas que estavam se abrindo. Hoje, penso que a meta é ser feliz diariamente com o que se faz e, desta forma, o objetivo cumpre-se todos os dias. Muitas vezes nos apegamos a uma meta, que pode até vir a acontecer com dedicação, mas quando a meta é um objeto a gente se frustra por não acontecer no tempo que esperamos, fazendo com que o caminho seja mais longo e doloroso. Sem falar que, quem garante que aquilo que nós queremos é o melhor para nós? Sempre fui muito dedicada em tudo que faço por gostar de tudo que escolho fazer. E isso me faz feliz todos os dias.
O quanto foi importante e motivacional ter estudado artes cênicas no exterior? Conta um pouco para gente como foi seu processo de adaptação em um outro país?!
Eu sou apaixonada por conhecer novas culturas, acho muito divertido estar em contato com outra língua e costumes. É como voltar a ser criança, quando tudo é novidade. Antes de me mudar para Los Angeles, já havia morado em Nova York, Flórida, na Europa, então já estava acostumada a respirar culturas diferentes. Escolhi me fixar em Burbank para poder estudar na New York Film Academy, e também por que lá é onde ficam os estúdios cinematográficos da Universal e da Warner. Possuía uma rotina de aulas muito intensa, chegava às 8:30 da manhã e saía às 22hs da noite quase todos os dias. Tinha aula de sotaque, interpretação para câmeras, consciência corporal, comédia, desenvolvimento do personagem (da voz ao corpo) e até sobre as funções de cada um da equipe no set. Tive professores incríveis e mantenho contato com eles até hoje. Foi lá que me selecionaram para o curta “The interpretation of dreams” e alguns outros projetos que não deram tempo de gravar por conta da pandemia. Com a reabertura presencial da NYFA, pretendo retornar e me especializar mais porque acredito que o ator não pode parar de estudar jamais. Eu sou apaixonada por esta fase de estudos que tive em LA, foi meu maior crescimento como atriz. Meu sorriso é de orelha a orelha ao lembrar!
Apesar da sua idade, sabemos que o seu sucesso no meio artístico já é bem extenso. Como você avalia a possibilidade da entrada de talentos jovens no mercado atualmente? Esses passos iniciais são complicados em relação aos modelos mais velhos?
Como em qualquer carreira, o jovem que pretende ser modelo, vai precisar de muito esforço e estudo para aprimorar o seu talento e ter uma oportunidade de ser reconhecido. Acredito que, hoje em dia, a idade na carreira de modelo é muito relativa. O mercado da moda tem se apresentado cada vez mais inclusivo e democrático. Percebo uma maior preocupação em mostrar a diversidade dos corpos. Mas claro, sabemos que ainda há um padrão muito forte a ser quebrado.
Sabemos que um de seus primeiros trabalhos como atriz foi em uma participação especial no filme “Six Underground” da Netflix. Como foi trabalhar com o diretor Michael Bay e quais foram seus pressentimentos ao entrar nesse projeto?
O Michael é um cara incrível e engraçado, foi muito divertido trabalhar com ele. Sempre muito consciente do que estava fazendo, ele ficava andando para cima e para baixo com um megafone para conseguir se comunicar com todos (RISOS), e por diversas vezes no set era ele quem operava uma das câmeras. Seu set de filmagens era sempre muito agitado. Foram cinco dias de gravação que me renderam bons amigos e ótimas histórias. Mas não criei grandes expectativas, fiz o meu trabalho e dei o meu melhor, o que viesse depois seria lucro. Já havia adorado toda a minha experiência lá.
Quando você iniciou sua carreira, já se imaginava trabalhando em marcas tão incríveis como Emílio Pucci, Havaianas, Maybelline, Sephora, L’oreal e Joico?
Sempre começamos a carreira com altos sonhos e expectativas, claro. Mas não imaginava que chegaria a trabalhar com marcas tão importantes tão rápido. E as pessoas por trás destas marcas são tão queridas, inteligentes e talentosas que me considero muito sortuda de as ter conhecido e sido o rosto das campanhas. A Maybelline e Havaianas foram as mais engraçadas, porque eu sou muito tímida e as minhas fotos estavam em todas as lojas. As pessoas me reconheciam e eu não sabia como reagir. Peculiaridades de ser tímida (RISOS).
Podemos considerar que seus talentos estão espalhados em diversos caminhos como a modelagem e a atuação. O artista para conseguir chegar a uma posição de reconhecimento nos dias de hoje, ele tem essa necessidade de se expandir por trilhas que estejam fora de sua zona de conforto?
Minha zona de conforto é estar em constante aprendizado, não tem um dia que eu passe sem estudar. Desde nova sempre fui muito “nerd” e tive como hobby a leitura, isso me acrescenta muito como artista porque permite que eu me conheça todos os dias em um lugar diferente, seja imaginativo ou real. Não acredito que exista um roteiro ou atalho específico, acho que cada um traça o seu caminho, que é único. Só nós sabemos dos nossos limites, calos e alegrias para conseguirmos escolher o rumo a trilhar.
Nos últimos anos, a sua vida deu uma mudada ao ir viver em Los Angeles, onde pode integrar o elenco do curta-metragem “The Interpretation of Dreams”, que lançado no ano passado foi aclamado por diversos prêmios, como os festivais Independent Shorts Awards, Indie Short Fest e Oniros Film Awards, além de diversas indicações. Como foi essa transformação em sua vida?
Fiquei muito feliz pelo trabalho de toda equipe ter sido reconhecido, o “The Interpretation of Dreams” só existe porque houve uma equipe querendo fazê-lo existir. Quando gravamos eu dei o meu melhor, como sempre, e foi muito divertido gravar no set, ainda mais porque o ator que estava comigo é um amigo queridíssimo. E depois disso foi surgindo um trabalho atrás do outro, assim, num estalar de dedos e, como a pessoa empolgada que sou, comemoro todas as conquistas, minhas e dos meus colegas de trabalho.
Qual mensagem você teria para deixar aos nossos leitores nesse período difícil que o mundo está passando?
Cuidem-se! Cuidem da sua saúde mental e do seu corpo (que é a sua morada). Prestem atenção no que vocês consomem, no que leem, ouvem e falam. Cuidem com carinho e amor de si e de quem está ao seu lado. É tempo de amar o próximo como a ti mesmo.
Além dos trabalhos como atriz internacional, você também fez alguns trabalhos nacionais como uma participação na novela Gênesis. Você pretende se estabelecer em uma carreira em seu país natal ou irá focar bem mais na carreira internacional?
Eu prefiro ir como o vento, que sopra sem saber aonde vai parar, feliz de ventar. Quero fazer minha carreira internacional e construir uma aqui também, vejo que é possível seguir construindo as duas lado a lado, fortes. Mas claro, tudo vai ser de acordo com as oportunidades que forem surgindo. E com a pandemia muitas coisas mudaram, as gravações remotas são, cada dia mais, uma realidade nas nossas vidas. Mais um motivo para dar tudo certo lá e aqui.
Falando da novela Gênesis, como foi essa passagem?
Fui chamada para fazer uma participação especial na novela como Danubia, serva da Rainha AAT. Construí a personagem de acordo com as instruções da diretora de núcleo, Armê Manente, e acabou que a participação se transformou em elenco de apoio e gravei todos os dias seguintes com a personagem, mesmo depois que a direção de núcleo mudou para o Guga Sander. Acredito que a construção da Danubia e a dedicação ao personagem, funcionou para ajudar na realidade das cenas. Todos eram muito queridos e talentosos, da equipe ao elenco, muito atenciosos e preocupados. Gostei muito de trabalhar com eles, foi tudo muito leve.
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