O cenário musical mineiro tem consigo nomes importantes na sua história e Tom Nascimento, artista multitalentoso, que dialoga com as várias possibilidades da arte, é um deles. Com um violão percussivo, somado ao uso “loop station”, o artista genuinamente original e único e, que já dividiu palcos e gravações com grandes artistas brasileiros, passando por Milton Nascimento, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Chico César, Sandra de Sá, Gerson King Combo, dentre outros, lança mais um rico trabalho. O músico presenteia o público com “Abriu”, nova canção que faz parte da campanha “Abril se Abriu pra Mim”, cujo clipe pode ser visto no YouTube e o áudio disponível nos principais streamings de música.
De acordo com o cantor e compositor Tom Nascimento, a música “Abriu” chegou em um momento importante da sua carreira, que, assim como toda cadeia cultural, sofre com os impactos da pandemia. Confira a entrevista:
Recentemente, o público recebeu de braços abertos o seu novo trabalho intitulado “Abriu”, que além da faixa, veio acompanhado de um novo clipe. Como foi a experiência de ter feito esse novo single e quais são suas expectativas para o sucesso dele?
Realmente o público recebeu de braços abertos a música e o clipe. Não me lembro de ter tido um trabalho publicado nestas mais de 2 décadas de trabalho que tivesse em apenas 3 dias mais de 2000 visualizações no meu canal do YouTube e tanto engajamento orgânico. Estou muito feliz com tudo isso. A música foi composta em 2014, mas somente agora em 2021 tive condições de gravar e fazer o registro do vídeo clipe. Inicialmente graças ao amigo Tiago Nonato que é um multiartista e que colocou sua genialidade musical para vestir a música com este arranjo que me arrebatou e pelo que vemos tem encantado a todas as pessoas que ouvem a música. Na sequência é não menos importante, veio o apoio inclusive em forma de patrocínio da empresa Vídeo Delivery que abraçou o projeto “ABRIL SE ABRIU PRA MIM “, assim como me convidou para ser porta voz de um de seus maiores projetos, o “Lanternas Voadoras”.
A empreitada “ABRIL SE ABRIU PRA MIM” veio realmente como um movimento de abertura de caminhos através da conexão de vários agentes da Benquerênça através de suas potencialidades individuais na direção de tudo que flerta com o Bem Comum. Minha expectativa é que este processo de acender as luzes interiores das pessoas para a esperança, para as possibilidades enfim para o que eu chamo de “Tambor interior” que é o que nos conecta conosco, com o próximo e com aquilo que transcende.
Considerado um artista multitalentoso, dominando diversas possibilidades que a arte consegue propor. Como foi a sua trilha até chegar no momento atual e qual importância dá aos estudos na vida de um cantor?
Uma trilha de auto conhecimento, conexão com a ancestralidade, com a construção de minha identidade como Ser Humano, múltiplo, singular e plural que percebeu através da Arte do Som a infinidade de possibilidades que vão muito além da cosmovisão reducionista do mundo europeu ocidental, que inclusive diz quase nada sobre mim, de modo que os meus estudos foram para além das questões técnicas de como cantar/tocar e sim para uma questão existencial e essencial que vem direcionando meu fazer artístico com um cosmovisão mais Afrocentrada.
A nova música está integrando a campanha “Abril se Abriu para Mim”. Poderia nos contar um pouco mais sobre essa proposta?
A campanha “ABRIL SE ABRIU PRA MIM ” está ligada à meu processo de reafirmação como Missionário do Som, e como empreendedor de Gente. Ver a Arte como meio e não como fim, numa abordagem que agregará outras linguagens artísticas. Pretendo ser um ponto de referência de Humanidades, da possibilidade da coexistência, de caminho de afetos, de diversidades e pluralidades, enfim um ABRIU das percepções básicas para vivermos em nossa casa comum, o Planeta Terra.
Em 2013, você fez o show de abertura para a banda Jota Quest durante a reinauguração do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Como foi esse momento na sua carreira e o que passou pela sua cabeça?
Foi um momento ímpar em minha carreira fazer parte da trilha sonora de reinauguração do Mineirão, sendo apresentado ao público por Serginho Groisman e na companhia luxuosa do amigo e multi artista Johnny Herno. Ver o grande público cantar em polvorosa o Refrão de Funk-se, Rock,se… é uma emoção que não SEI descrever, mas se aproxima da emoção de ter gravado com Milton Nascimento em 2005 e 2006. Estar num momento histórico como este ao lado desta outra grande referência de nossa musica, o Jota Quest tornou a vivência ainda mais bonita.
Para quem não conhece, você pode contar como surgiu a ideia de compor músicas com a mistura de ritmos denominado “afro pop” à mineira?
Na realidade Afro Pop (não é um termo cunhado por mim) é o único conceito que dialoga com a pluralidade da Música que habita em mim. De forma espontânea, natural, vibro a pluralidade que herdamos do continente Africano assim como o mestre Gilberto Gil, e transito entre os cantos sagrados e ancestrais e o universo da Música Pop de forma orgânica. Como diz a Música autoral Funk-se, Rock-se (Parceria com Dokttor Bhu e Shabê):
“Rap, Bossa-Nova, Mambo, Soul, Vi o Hop, Funk, Congo, Jazz, Rock in Roll, beleza pura essa mistura, contagia e balança no baile ou na rua, chegando no ponto G da alma, chegando no suing e na Palma, eternizando os momentos, muito prazer, Sou o Tom Nascimento…”
Tom, conte um pouquinho das bandas ou mesmo artistas mineiros que você tenha se inspirado na carreira?
Minhas principais referências da Música Mineira são: Sérgio Pererê, Johnny Herno, Maurício Tizumba, Vander Lee, Milton Nascimento e Berimbrown e sou grato à Vida por ter tido o privilégio de ter manifestado a Arte do Som com todos eles e ter alguns como amigos e parceiros. Estes foram fundamentais para minha formação como artista, cidadão e como alguém que segue um propósito e missões através da Deusa Música.
Agora nos conte um pouco sobre como foi o seu início e o quanto você mudou de lá pra cá.
Bem, sou um Hodierno, um Nascimento (RISOS), sou dos tempos atuais, dos dias de hoje e de certa forma vibro algo atemporal. Percebo mudanças grandes que só podem nascer com vivências, como por exemplo o meu processo de Negritamento e Afrobetização. Podemos perceber mudanças grandes no discurso e até no agir, mudanças estas que espero que sejam constantes, pois trabalho para evoluir, para ser essa metamorfose ambulante como dizia Raulzito, mas ao mesmo tempo percebo algo que atravessou estes 24 anos de carreira e 44 de vida neste plano, de forma potente e permanente, que é aquilo que está para além dos conceitos, fundamentos perceptíveis pelo raciocínio, algo que me protege e me norteia, que podemos chamar de Axé, Magia, Ancestralidade, tambor interior…
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