Hoje em dia, ao abrir o Instagram, Twitter ou qualquer outra rede, é visível o bombardeio de opiniões sobre todos os assuntos. Algo a se pensar é: precisamos ter opinião para tudo nas redes sociais? Nem sempre acender discussões ou criar polêmicas pode ser algo positivo. Pensando no assunto, a influenciadora digital Tati Sincera, que usa a internet para um ativismo bem-humorado do desenvolvimento pessoal, concedeu uma entrevista ao Site Andrezza Barros falando sobre o tema. Ao final, há uma lista de dicas da influencer para se pensar antes de sair opinando e polemizando na web.
Olá Tati, obrigada pelo tempo cedido ao site Andrezza Barros. Na internet podemos ver uma grande polêmica de que todos querem falar sobre todos os assuntos, as vezes sem mesmo ter uma noção do tema, apenas por ser a “onda” do momento. Como você vê essa situação?
“Vejo isso gerando um grave distanciamento da função especialista, uma deturpação da responsabilidade de uma autoridade e um desrespeito aos temas se forem abordados de forma rasa, emocional e muitas vezes voltadas para o próprio interesse do interlocutor. Mesmo sem consciência clara ou achando que está ajudando, isso pode gerar uma minimização da importância das causas e o questionamento das competências que um formador de opinião pode, deve e tem que ter nesse papel social!”.
Quais tipos de causas você acredita importantes serem debatidas e quais não devem ser comentadas nas redes sociais ?
“Todas as causas importam e devem ser debatidas, e as redes sociais são fontes de grandes oportunidades para tais temas, porém devemos nos perguntar sempre aonde, quando e porque eu devo falar dessa causa. Não dá pra abraçar todas. Não dá para pegar um notícia e transformar ela no seu eixo narrativo, porque você ficou emocionalmente indignado, isso seria ignorar as habilidades profissionais técnicas, históricas e experienciais que validam uma pessoa para falar do tema. Exemplo: se eu quero falar de ansiedade eu não vou falar dos remédios que tratam, porque isso é função do médico, ele sabe como lidar com as reações possíveis. Eu posso contar o que tomei mas nunca indicar. Porém eu, como estudiosa do comportamento humano, posso destacar atitudes e comportamentos que estão diretamente ligados aos casos de ansiedade! Só a partir daí conto minha experiência no processo de ansiedade como resultado. Porém nunca incluindo todos nos mesmos motivos, porque a ansiedade tem alguns padrões para serem diagnosticados, mas cada pessoa tem suas razões! É o mesmo quando queremos falar de assuntos que não tivemos tempo hábil para produzir uma crítica que se sustente no primeiro questionamento, embate ou ataque”.
Navegando na internet, podemos ver muitos fãs de famosos cobrando os mesmos sobre determinado assunto. Você acha que as pessoas devem cobrar ou devem esperar a pessoa comentar apenas se tiver o interesse?
“Um assunto em alta não qualifica um influencer ou uma pessoa que você gosta ou admira para falar do tema. Sempre falo: você gostar de mim ou do meu trabalho não vai me qualificar para você levar essa ideia para sua vida sem encontrar em si mesmo as razões que te ligam a essa opinião! Acho que seguidor raiz, aquele que acompanha verdadeiramente sua referência, pode questionar – não cobrar – a opinião do influencer ou famoso sobre qualquer tema. O que não quer dizer que ele precise se sentir forçado a falar caso não sinta que é qualificado para tal. Já seguidores novos, eu sempre digo que devem ser convidados a permanecer no perfil um tempo para que possam criar uma opinião, e não apenas para ser medido, testado ou desqualificado caso a opinião dele não seja a mesma que a sua. Influencers também não podem sair cobrando posicionamento de outros influencers alegando que “isso” é ser um formador de opinião de verdade. Isso é muito grave. Isso é colocar todos numa caixa e dizer que para toda dor de cabeça só existe um remédio e ele é o seu!”.
Nos conte aqui um pouco sobre você, não o seu trabalho como influencer, mas o que os fãs devem saber sobre a Tati fora das redes.
“Poucos sabem que o perfil @Tatisinceraa nasceu no ato voluntário de compartilhar conhecimentos úteis que nos ajudam na caminhada do autoconhecimento, destruindo as três desculpas que me prenderam em dores emocionais por mais 20 anos da minha vida, que eram : Eu não sabia, eu não conhecia e eu não tenho grana! Me criei numa cidade que tinha menos que 20 mil habitantes, não tinha faculdades lá, estudei em colégio público a vida toda, e cresci com a visão de que crise de pânico era frescura de adolescente e psicólogos era pra gente louca. Porém, em 2014, quando tive um problema grave de saúde, tomei uma decisão: a de não desistir até encontrar o caminho que curava as dores que seguiam comigo. Então descobri que toda dor é uma grande fome por conhecimento, e carrego o mantra ‘descubra o que a sua DOR come e acabe com essa fome’. Então eu, Tatiana, com o Tati sincera tenho a missão de promover a consciência de que a desculpas da dor podem ser retirada, e que a felicidade é direito de todo o ser humano, mas precisa ser a nossa decisão diária!”.
Deixe uma mensagem para o público.
“Todo e qualquer trabalho que se proponha a fazer, dedique-se. Assuma os desconfortos que a função te exige para que você se torne forte aos desafios que a vida lhe apresenta. Se eu viver em prol de evitar a dor do próximo e o próximo a dor do outro, esse outro também amenizará as dores, que não chegarão mais em você, em mim e em todos nós!”.
Veja mais dicas de Tati Sincera para fugir de embates desnecessários na web:
1) Falar sobre política vale a pena? – Se você não é um especialista político e nem está concorrendo a nenhum cargo político, não. Política é algo bem delicado, ainda mais no momento em que estamos vivendo. A desinformação e as ‘fake news’ estão a solta. Não é melhor deixar que especialistas no assunto passem as orientações? Assim você evita entrar em conflitos que podem te afetar diretamente, como por exemplo com colegas de trabalho e familiares. Caso você queira muito falar sobre política, um grande conselho: estude antes. E muito. Política não é fácil.
2) Repensar sobre desafios ou hashtags da moda – Mais uma vez vale se questionar: Esse desafio ou essa hashtag me representa? Eu domino esse assunto? É o assunto que está no meu lugar de fala? Existem muitas hashtags que podem vir carregadas de informações e muitas vezes desconhecemos todo o significado dela. Aderir a temas só porque estão na moda é muito delicado.
3) Não cair na cobrança de outros influenciadores – Influenciador que cobra posicionamento de outros influenciadores não entende o principal: os seguidores do seu colega não são os seus. Você não pode definir o que ele fala, faz ou entrega de conteúdo para o público dele. O relacionamento estabelecido entre você e seus pares não compete a outro.
4) E a cobrança dos seguidores? – Um seguidor real tem total abertura para ‘pedir’ (não cobrar) uma opinião de seus influenciadores sobre qualquer tema. Ele deve estar aberto a ouvir o que de fato a pessoa pensa sobre o tema, e não apenas para ver se a pessoa pensa como ele. O influenciador pode ou não responder, depende se ele se sente confortável e habilitado para fazer tal coisa.
5) Cabeça quente pode dar ruim! – Responder sobre qualquer assunto de cabeça quente nunca é uma boa ideia. Se o assunto for polêmico então, pior ainda. Por isso, caso seja provocado sobre algum tema, seja nos comentários, mensagens ou em marcações, espere o melhor momento para responder. Respire. E, se sentir necessidade, estude sobre tal tema para saber exatamente como passar a melhor informação. Evite entrar em embates virtuais de graça para não perder a razão.
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