Com diversos trabalhos no currículo como em “Pequena Travessa” e “As Filhas da Mãe”, Samanta Precioso volta para a sexta temporada de “Escola de Gênios” do Gloob e Globoplay. Vivendo a vilã Edna, a atriz fala com felicidade e animação sobre o seu retorno ao projeto. Ela acredita que o público infanto-juvenil precisa de identificação e que encontram isso na produção.
Com um currículo lotado de trabalhos e personagens de sucesso, Samanta também é diretora teatral, dramaturga, gestora cultural e educadora. Ela conta que decidiu ingressar na carreira artística na primeira vez que assistiu a um espetáculo. Confira a entrevista:
Você recentemente retornou para a última temporada da premiada “Escola de Gênios”. Como foi para você fechar esse ciclo na série como a personagem Edna?
Foi delicioso voltar à série depois de algumas temporadas. Quando a gente trabalha com crianças, o tempo fica marcado nelas. Quando voltei elas estavam crescidas e ainda mais espertas e melhores atores. Quanto a fechar o ciclo da Edna, torço aqui para que, apesar de saber que a sexta foi a última temporada, que a gente dê mais uma alegria para os fãs. Quem viu até o final viu que Edna não está de todo derrotada. Vamos aguardar ansiosos.
Vivendo a diretora da Robotec, concorrente da Escola de Gênios, nos diga quais são as razões para que o público se interesse tanto pelo seriado?
A Escola de Gênios é um espaço de criatividade aonde cada aluno é aceito e incentivado, do jeito que é- por seus talentos geniais e também com seus defeitos. Todo mundo queria ter estudado em um lugar assim. Apesar dos projetos terem uma pitada de maravilhosos, são factíveis e reais, incentivam o público a amar a ciência, a própria curiosidade. É Hogwarts só que da ciência. O sucesso da série prova que em tempos de negacionismo a geração que está vindo em seguida estará com os pés fincados em ciência.
Além de atriz, o que mais devemos saber sobre Samanta Precioso?
Sou a mãe do Vinícius, tenho uma cachorro fofo demais. Amo estar com meus amigos, ler, escrever, dar risada. Sou bastante afetuosa e sei ser bastante firme também. Gosto de trocar as coisas que imagino e penso dando minhas aulas e recentemente descobri que o Instagram pode servir para isso também. Gosto conhecer a fundo os tempos em que vivemos porque é função do artista traduzir ele através da arte. Ao mesmo tempo, imaginar futuros possíveis.
O que é mais trabalhoso, interpretar um mocinho ou um vilão? Qual é o seu preferido?
Trabalhoso ambos são. (risos) Quem olha um ator glamoroso em cena ou na TV não imagina o trabalho que tem por trás, do ator e de toda a equipe de artistas e técnicos. A diferença entre interpretar a mocinha ou a vilã é que o vilão tem uma função muito vantajosa na trama, ele de cara já sai ganhando no carisma porque ele ensina a plateia de um jeito sem ser burocrático, ser parecer professoral, muitas vezes pelo inverso. Todo mundo ama um bom vilão. Tenho tido muita sorte de me chamarem para ótimas vilãs, cheias de humor.
Quais são seus projetos para o futuro?
Estou escrevendo e dirigindo “A peça Invisível” com o meu coletivo de teatro e tenho dois textos que escrevi que quero colocar nos palcos assim que reabrirem. Tenho quase uma coleção de livros infanto-juvenis que quero publicar assim que possível. Quero também conversar com muitas pessoas até o ano que vem, dar muitas aulas, para com muito trabalho escaparmos desta onda de retrocesso que está atingindo o mundo, com arte e afeto acho que chegaremos lá.
A arte pode ter vários significados para cada pessoa. Para você, o que é fazer arte? E por que escolheu essa área?
Eu ia sempre ao teatro quando pequena e minha mãe lia peças para a gente dormir. Cresci com esse mundo fantástico acessível na prateleira. Tive muita sorte. Mas vi também bastante cedo, na igreja durante o curso preparatório de primeira eucaristia, que crianças como eu vivam em condições terríveis. Temos uma função muito importante como artistas, desde sempre. Talvez hoje em dia mais ainda. Mas se a arte não for para todos não tem sentido. Desde muito cedo trabalho nas periferias, dando aula. Faço novela, séries, cinema quando me convidam. Mas quando sento para bolar um projeto penso em fazer teatro com quem tem menos oportunidade.
Do seu início de carreira até o momento, quais foram as maiores mudanças que você teve interiormente?
Já fui uma jovem atriz que sonhava com representar grandes papéis, dizer o texto de grandes autores, trabalhar com grandes diretores. Depois de ser mãe, isso mudou radicalmente. O tempo disponível longe dele eu me debruçava sobre projetos que pudesse nos sustentar. Hoje meu filho está grande, refiz minhas parcerias e metas dentro do ofício da arte. Hoje faço os projetos que me dão prazer, desafio e que eu sei que ajudarão as pessoas a pensarem e a se organizarem melhor. Escolho meus parceiros a dedo, gente que não só tem talento, mas que também tem ética.
Além da série “Escola de Gênios”, você já fez diversos outros trabalhos. O que cada uma destas conquistas significa para você?
Sou muito sortuda. Sinto que já fui muitas pessoas e já vivi tantas vidas dentro da minha vida. Com cada trabalho aprendi muito em cena, no trabalho criativo propriamente dito e também nos bastidores. Observei grandes artistas lidarem com seus egos e observei o maquinista com seu conhecimento de artesão. Sou imensamente grata a todos os mestres que passaram pela minha vida.
Qual o seu maior sonho profissional?
Sonho em ter mais espaços para diretoras e escritoras mulheres, sonho com termos espaço para mulheres artistas envelhecermos tranquilas, sonho que a gente possa ter todo tipo de artista de todas as cores em todas as partes do brasil. Sonho que a gente possa fazer teatro com toda criança em toda escola pública do brasil. Sonho que as crianças estejam de barriga cheia e felizes para poderem amar o conhecimento e a arte. Sonho que um dia finalmente a arte seja para todos.
Quais são suas maiores inspirações?
Hoje posso citar Padre Júlio Lancellotti. Fizemos uma residência artística na pastoral do povo de rua. Este homem é incansável, um trabalho concreto que tem resultados na cidade, de salvar vidas. E simbólico também porque essas pessoas são tiradas por algum tempo da invisibilização e trazidas para uma condição de humanidade, de igualdade.
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