Quem nunca se sentiu sozinho em algum momento da vida mesmo com a agenda repleta de contatos de amigos e familiares? Ninguém disponível para lhe acompanhar a um restaurante, shopping, parque ou bar no fim de semana para tomar um drink de última hora ou, ainda, para ouvir aquela história que você jamais contaria pra um conhecido estão entre as várias situações que levam uma pessoa a procurar o serviço de Personal Friend. “Até mesmo o receio de incomodar ou preocupar uma amiga ou familiar com assuntos como o término de um relacionamento, por exemplo, estão entre os motivos que levam as pessoas a me procurarem. Sem contar a correria do dia a dia que, mesmo querendo, nem sempre nossos amigos ou familiares estão disponíveis para nós naquele momento”, explica Renata Cruz, Personal Friend, que há cerca de 20 anos atende clientes de vários países que anseiam por uma companhia amiga.
Renata enfatiza que a ausência de um amigo ou amiga no momento em que a pessoa precisa não significa que ela não tenha amigos ou seja solitária, como muitas pessoas pensam. “Esse pensamento desperta para alguns paradigmas quando, na verdade, o que a pessoa pode estar precisando naquele momento é conversar e desabafar com alguém alheio aos seus problemas e vida rotineira para se sentir mais à vontade. As pessoas, muitas vezes, só querem verbalizar para ouvir uma opinião diferente, que poderá ajudá-la a ter vários insights para a solução de um problema”, diz.
A necessidade de conversar com alguém, que pode se apresentar de diversas formas, também pode ser solucionada de maneira criativa, humanizada e até divertida. É isso que promete a Personal Friend que iniciou nessa função meio por acaso. “Eu morava em Portugal quando uma amiga, estudante de Psicologia, fez um anúncio na internet com o objetivo de adquirir conhecimentos na área da psicologia que trata do relacionamento interpessoal. “Mas ela acabou não dando conta da demanda e, então, comecei a ajudá-la a atender as pessoas, ouvindo as suas angústias e anseios sem cobrar nada por isso”. Passada uma semana, a amiga de Renata encerrou seu trabalho, mas ela continuou de forma voluntária por quase um ano, até que depois que uma cliente não apareceu ao encontro marcada em outra cidade, a Personal Friend decidiu começar a cobrar pelo serviço. “Foi o dia do basta. Como qualquer trabalho, esse também gera despesas e necessita de investimento de tempo e dinheiro. É preciso, por exemplo, estar apresentável, com a roupa adequada para cada ocasião, além do gasto com transportes, alimentação, entre outros. Foi aí que decidi fazer disso uma profissão e comecei a cobrar”.
Quando perguntada se tinha alguma história curiosa que ouviu de um cliente, Renata diz que tem muitas, mas sigilo e discrição também fazem parte do sucesso do seu negócio, somados à empatia, ao saber ouvir e à ausência de qualquer tipo de análise, preconceito ou julgamento. “Também é preciso muita responsabilidade e sensibilidade para saber o momento em que o cliente precisa mais de um acompanhamento médico do que de uma pessoa que saiba ouvi-lo e seja uma companhia agradável. Não sou psicóloga ou terapeuta, sou uma mulher que sempre gostou de conhecer novas pessoas, de conversar e sempre fui uma ótima ouvinte, e falante também. Faço isso com muito carinho”, esclarece.
Experiência e segurança
Jurista, formada em Direito na Universidade Autônoma de Lisboa, e Coach de PNL e Liderança, entre outras áreas de desenvolvimento humano, Renata Cruz, de 47 anos, atua como Personal Friend há cerca de 20 anos, 14 deles na Europa, quando morava por lá e se dividia para atender clientes entre Portugal e Espanha.
A função de Personal Friend surgiu no Japão e já é bastante popular na Europa e nos Estados Unidos. “Quando retornei ao Brasil e comecei a divulgar meu trabalho, não sabia como seria a aceitação por aqui, mas confesso que me surpreendi. As pessoas estão cada vez mais despojadas e dispostas a experimentar coisas novas. Se você deseja a companhia de uma amiga para um jantar agradável e um bom bate-papo, por que não contratar os serviços de uma personal friend? Muitas pessoas no Brasil já entendem que essa pode ser uma boa solução para uma questão de momento e não veem problema nisso, por outro lado, algumas pessoas têm muitas crenças limitantes e até um certo preconceito com o título Amigo de Aluguel, como é chamado em alguns locais. São paradigmas iguais aos criados com a profissão de Marido de Aluguel, que faz serviços de manutenção e reparos em residências. São serviços como outro qualquer e, portanto, é necessário entender que há um público que precisa desses serviços e não cabe julgamentos nem rótulo. Cabe sim, empatia e respeito por qualquer pessoa ou trabalhador que esteja trabalhando honestamente, sem prejudicar ninguém”, desabafa Renata.
A grande maioria das pessoas que procura pela Personal Friend é mulher, mas o público masculino também já solicitou os serviços de Renata para bater papo. “Na hora da contratação do serviço, tudo é muito bem explicado, inclusive que não há qualquer conotação sexual”, explica. Renata Cruz faz questão de estabelecer respeito e empatia no atendimento, ressaltando que nunca teve ninguém que a desrespeitasse. “Os encontros são sempre agendados em local público, garantindo a segurança de ambas as partes”, finaliza.
E você, está precisando conversar?
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