O aprendizado e a melhoria ininterrupta no ambiente pessoal e profissional, é e sempre será importante para o crescimento. E o que é possível levar de aprendizado com o isolamento social, é que a mudança será sempre incessante. Os desejos dos consumidores e um novo modo de consumir foi modificado com está pandemia, o que acarreta em uma remodelação da forma que uma empresa deve agir.
Sabendo disto, a diretora, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte, Bárbara Nogueira, respondeu algumas perguntas do site sobre o tema “empresas no pós-pandemia”. Confira:
O que você acredita que as empresas já podem ir planejando para o pós-pandemia?
“As empresas, em geral, foram impactadas pela crise que vivemos atualmente. Assim, pensar o pós-pandemia ainda não é tão simples, pois existem tantas variáveis em jogo que qualquer previsão pode ser frustrada. A única certeza que realmente temos é a mudança. Em períodos de crise, a maioria das empresas se reinventa e se adequa à nova realidade. O momento, então, é de se preparar para um recomeço. Podemos destacar alguns pontos como importantes nessa retomada dos processos pós-pandemia: necessidade latente de reforçar e manter a presença digital da empresa; atuar na motivação dos seus colaboradores; trabalhar fortemente a sua missão, visão e valores; ter a tecnologia como parceira da empresa. E, claro, se preparar para um novo modelo de trabalho híbrido (presencial x home office)”.
Do que era feito antes da pandemia, o que acha que já não funciona no ‘novo normal’?
“Acredito que a pandemia fez com que todos repensássemos o nosso modelo de vida, seja pessoal, seja profissional. O caminho, provavelmente, é sem volta, pois as mudanças já estabelecidas e aquelas que ainda virão solidificam ainda mais essa nova era. Isso nos faz acreditar que quase tudo que era feito e, inclusive, a forma como nos comportávamos antes podem ser considerados obsoletos na atualidade. Com esse novo modelo de vida, descobrimos algumas vantagens. Por exemplo, temos alternativa de home office e estamos vendo que esse modelo funciona – é possível e ainda econômico. As reuniões podem ocorrer online: funcionam muito bem, otimizam tempo e custo, mitigam riscos e ampliam as chances de fazer negócio. Ficamos em casa e valorizamos mais o que temos. Muitas vezes, fazemos nossa própria comida, economizamos, diminuímos o trânsito e a poluição. Enfim, as mudanças têm nos mostrado que é possível viver essa realidade, que já não é ‘nova’; é normal. Concluímos, assim, que muito do que costumávamos fazer não funciona mais. Destaco alguns aspectos, como trabalhar presencialmente todos os dias na empresa; gestão sem confiança e autoritária, sem autonomia e sem delegar tarefas ao time; reuniões longas e pouco assertivas. Além disso, acabou o tempo de desconfiança na eficácia do mundo digital nos negócios, ou seja, não se pode mais olhar a tecnologia como uma necessidade do futuro próximo, mas, sim, como o presente. Enfim, a crise vai passar e precisamos mudar a forma como vemos o mundo do trabalho e a sociedade para nos adaptarmos a essa realidade. É fundamental ser criativo, resiliente e confiante. A postura adotada em meio à crise é que vai definir que profissional você será e que empresa você terá construído no pós-pandemia”.
E que tipo de mudanças são essenciais para o futuro?
“O impacto dessa crise que vivemos já nos fez mudar o nosso modelo de vida na sociedade, no trabalho, na vida pessoal e até no poder dos governos. Essas transformações que ocorreram vieram para ficar e aquelas que ainda estão por vir serão inseridas em nossas vidas da mesma forma. Aos poucos, nos acostumaremos com elas. Quando se pensa no futuro, será preciso usar a capacidade de adaptação e de flexibilidade para traçar novos hábitos, como a realização de eventos presenciais apenas mais relevantes, menos reuniões ou viagens desnecessárias. Também haverá hábitos de consumo mais conscientes, escritórios pequenos e funcionais, o modelo de trabalho home office se torna normal e ainda mais produtivo. Além disso, as mudanças, sem dúvida, irão se estender a outros aspectos da sociedade como um todo, fora do mundo corporativo”.
Como empresa, que tipo de aprendizado podemos levar desta pandemia?
“Certamente a pandemia proporcionou e proporcionará diversos ensinamentos para nós, tanto como indivíduos, quanto em relação ao mercado de trabalho. Primeiramente, o home office veio para ficar, conforme mencionei anteriormente. Não só por ser uma tendência, mas pela necessidade do mercado. Inclusive, a produtividade dos funcionários que se adaptarem bem a esse modelo tende a aumentar. Surgem novas profissões, e outras se reinventam. Em paralelo, as profissões relacionadas à tecnologia ganham força. Por fim, como aprendizados importantes, destaco o papel fundamental da tecnologia; a forte necessidade de adaptação rápida às mudanças; a importância de desenvolver a competência de gerenciar e liderar a distância. A tendência do trabalho mais autônomo também é grande, reforçando que é essencial estabelecer uma organização da rotina e desenvolver formas de utilização inteligente do tempo (profissional e pessoal). Esses são alguns aprendizados que nos enriquecem e nos preparam para quaisquer eventualidades que sempre existirão em nossas vidas”.
O home office é um bom meio de trabalho para se continuar utilizando no pós-pandemia?
“O modelo de atuação home office foi estabelecido, em algumas empresas, de forma forçada durante a pandemia. Outras já utilizavam o sistema, até mesmo oferecendo essa possibilidade aos funcionários como um benefício. Esse modelo já iria ser inserido nas empresas mais cedo ou mais tarde. A pandemia acelerou um processo inevitável. O cenário que vivemos mostrou que é um modelo eficiente e bastante benéfico, se utilizado com inteligência. Sem dúvida, continuará cada vez mais sendo utilizado, considerando o perfil de cada negócio e a demanda de cada empresa. A tendência será a inserção de modelos híbridos, ou seja, o trabalho será feito home office e presencialmente, quando necessário e a depender da posição que o funcionário ocupa”.
Quais tipos de ações devem ser criadas para que os funcionários retornem do isolamento social?
“Devemos, sim, pensar como será o mercado de trabalho no pós-pandemia e como as empresas funcionarão após tanto tempo de isolamento social. Sabemos que, quando o isolamento acabar, ainda não será, de fato, o fim da pandemia. O coronavírus continuará circulando e, por isso, é importante se definir todas as medidas a serem adotadas pelas organizações para prevenção da propagação da Covid-19 entre os colaboradores. O indicado é a retomada das atividades e o retorno dos funcionários de forma gradual e segura. Primeiramente, é importante mapear riscos, saber quem está no grupo de risco, setorizar ambientes, implementar o modelo híbrido (home office e presencial), de acordo com a função do profissional e a idade, saúde etc., estabelecendo protocolos internos. Em segundo lugar, o investimento na comunicação interna e na capacitação dos funcionários é fundamental, assim como o monitoramento constante para minimizar o contágio. Fazer um trabalho de cuidado e prevenção será uma rotina no ambiente de trabalho”.
Quais são os maiores desafios daqui em diante?
“Olhando para o futuro, nosso maior obstáculo é conseguirmos transformar os desafios que existem e que ainda virão pela frente em mudanças significativas e positivas em nossa vida pessoal e profissional. As mudanças sempre ocorrerão. Vivemos em um mundo volátil, incerto, ambíguo e complexo e, mais que nunca, estamos “cara a cara” com uma grande oportunidade de utilizar este momento de crise para refletir, melhorar, evoluir, tanto como empresas, quanto como indivíduos e como sociedade”.
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