Por ter em sua essência um trabalho de interação com o público, o teatro não consegue tirar proveito de aparatos tecnológicos para se transmitir online e mitigar os prejuízos gerados pela pandemia – como grandes grupos musicais têm feito através de lives. Por conta disso, é o nicho que mais vem amargando prejuízos no setor cultural.
A Bilheteria Express, plataforma que atua em âmbito nacional na venda de ingressos on-line, realizou uma pesquisa com mais de 700 entrevistados sobre a reabertura dos teatros seguindo todos os protocolos de higiene e segurança: “Constatamos que apenas 32% não frequentaria as salas, 34% frequentaria sem problema algum e o restante frequentaria mesmo com um certo nível de desconforto. Ou seja, o setor só precisa do aval das autoridades públicas para iniciar a retomada”, comenta Paulo Damas, sócio fundador da empresa.
Comparado a outros setores comerciais que trabalham com concentração de pessoas, as salas de teatro mostram mais facilidade às adequações de higiene e segurança do que outros segmentos que já estão funcionando há um mês. Luís Sobral, Presidente do Conselho da Indústria Criativa da FIESP, em recente entrevista, expressou sua opinião sobre o problema: “Não faz sentido considerar alguns lugares mais ‘perigosos’ do que outros quando ambos seguem o mesmo padrão de edificação. Por que os equipamentos culturais não podem funcionar? Galerias, Salas de Exposição, Teatros. O que os difere dos que já estão operando? Justo a cultura que tão bem sabe cuidar do público e sempre operou com protocolos definidos”.
Algumas casas de espetáculo promovidas por grandes bancos como Bradesco, Santander ou Itaú dificilmente passarão por alguma dificuldade financeira por conta dos meses fechadas pelo lockdown. O mesmo não se pode dizer dos teatros independentes. No Brasil, a cultura representa 2% do PIB, gerando cerca de um milhão de empregos, dos quais trezentos mil só em São Paulo. Calcula-se ainda que mais de quatro milhões de outros trabalhadores informais tenham renda a partir das atividades artísticas e culturais desse setor.
Sobre a capacidade de adaptação dos teatros às normas sanitárias contra o covid-19, a Liga dos atores e Produtores de São Paulo complementa: “São Paulo tem experiência, tem equipes profissionais, tem know-how em organizar eventos, espetáculos, feiras, cinemas, shows, além de sermos a locomotiva econômica da América Latina. Temos a certeza de que os teatros da cidade de São Paulo estarão aptos a receber seu público com um alto nível de segurança tanto para o público como para seus colaboradores”.
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