I CAN’T BREATHE! João Alberto Silveira Freitas é apenas mais um dos diversos nomes que entram para a estatística de um regime de preconceito que segue do passado até os dias atuais. O racismo se justifica a partir da ideia que raças puras são superiores, entretanto, pesquisas afirmam que o uso da denominação “pura” é ilusório, uma vez que, a mistura racial vem de eras. Somente em 2019, oito a cada dez pessoas foram mortas pela polícia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, sendo elas pessoas negras. E quando isso irá parar?
A escravidão que durou 300 anos é um lembrete dessa lástima vivida e que mesmo com tantas lutas, ainda é estimada na atualidade. Nomes como João Alberto, George Floyd, Miguel Otávio e João Pedro são apenas alguns que mostram o retrocesso que a sociedade tem vivido. Segundo estudo, a taxa de homicídios de negros cresceu 11,5%, de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%. A pesquisa foi elaborada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e tem como base de dados os números apresentados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS).
Não existe preconceito?
Os negros somam 75,9% das vítimas de assassinatos somente no Brasil, país onde o Vice-Presidente Hamilton Mourão (PRTB) alega que: “Não existe racismo no Brasil. É uma coisa que querem importar, mas aqui não existe”. Ainda segundo dados, agora da Pnad, sete em cada dez pessoas que moram em casas com inadequação são pretos ou pardos. Contando também que, 64% das mulheres negras têm mais chances de serem assassinadas. E para um país que o Vice do Presidente Jair Bolsonaro declara não existir preconceito, estima-se que 17% dos trabalhadores negros ganham menos que os brancos em pesquisa feita pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), em parceria com a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL).
O racismo existe sim
De acordo com a pesquisa “A distância que nos une – Um retrato das Desigualdades Brasileiras” da ONG britânica Oxfam, dedicada a combater a pobreza e promover a justiça social, apenas em 2089, brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil.
Além do maior número de feminicídio, negros mortos, são eles que fazem parte da maior população prisional, em cerca de 61,6% sendo pretos e pardos, revelado pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen).
Representatividade no cinema e literatura
O cinema e literatura também são uma das áreas na qual não há uma grande representatividade. A pesquisa “A Cara do Cinema Nacional”, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, revelou que homens negros são só 2% dos diretores de filmes nacionais. Atrás das câmeras, não foi registrada nenhuma mulher negra. O fosso racial permanece entre os roteiristas: só 4% são negros.
O levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) considerou as produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014. Dentre os filmes analisados, 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade.
Só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros, afirma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que também analisou os personagens retratados pela literatura nacional: 60% dos protagonistas são homens e 80% deles, brancos.
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