Itaipuaçu é um pequeno e inspirador distrito, localizado na região oceânica de Maricá, no Rio de Janeiro. É também o bairro onde a cantora e compositora carioca Márcia Guzzo passou boa parte da sua infância em visitas periódicas à família, que sempre teve casa por lá. Mais precisamente na Praia de Itaipuaçu, local que inspirou a canção autoral homônima.
“Praia de Itaipuaçu” foi composta há um ano por Márcia para contar as belezas do local. A música traz aquele clima praiano, e une POP com eletrônico e ainda ritmos latinos como o reggaeton. A produção musical é do renomado Kassin. Lux Ferreira assina os sintetizadores, Caio Oica na bateria e o acordeon conta com as experientes mãos de um dos maiores instrumentistas do país, Mestrinho do Acordeon. A faixa é o terceiro single do EP “Udayara”, lançado em abril deste ano.
Márcia Guzzo é cantora, compositora e musicista carioca. Desde criança envolvida com estudos musicais, cursou canto na conceituada Villa Lobos e estudou na Escola de Choro, ambas no RJ. Sua carreira começou como vocalista de bandas de ritmos populares, se apresentando em tradicionais casas cariocas como o Democráticos e o Rio Scenarium. Em 2014, a artista assumiu seu trabalho autoral, lançando suas primeiras composições no álbum “Leve”, de 11 faixas, que contou com as participações de Elba Ramalho e de Dona Ivone Lara, em sua última música gravada em vida. As canções de “Leve” estiveram em vários festivais e Márcia também apresentou o show no CCJF e no Theatro Municipal de Niterói. A artista ainda é criadora do projeto infantil “Som Baby”, e atualmente vive na Cidade do México com a família. Confira a entrevista:
Recentemente tivemos o lançamento da música “Praia de Itaipuaçu”, que teve como inspiração o próprio distrito em Maricá, no Rio de Janeiro. Qual é o significado daquela região para você e como foi o processo de composição dessa música?
Maricá para mim é como uma mãe que nos recebe com um abraço apertado e prepara a melhor refeição sempre que voltamos de viagem, o significado é afetivo é o mesmo sentimento. O processo de composição se iniciou ano passado eu estava morando no Rio e passando a pandemia em isolamento social em Itaipuaçu com minha família, achei que era um hora de agradecer esse local que sempre me recebeu nos piores e melhores momentos, então fui elencando em um papel tudo que me remetia à Praia de Itaipuaçu e percebi que o mais difícil seria encaixar tantas belezas em apenas alguns minutos de canção, algumas coisas eu consegui inserir outras cabe a quem quiser ir lá conferir.
Uma curiosidade bastante legal sobre essa faixa é a mistura de estilos que você conseguiu chegar – um balanço de música pop, eletrônica e reggaeton. Como foi achar o equilíbrio entre esses estilos? O contraste é grande na hora da composição?
Casualmente tive a experiência de morar em países latinos e muitas vezes trabalho com músicos estrangeiros que por essência acabam imprimindo suas referências em suas sonoridades, a princípio “Praia de Itaipuaçu” não entraria nesse projeto, mas depois decidimos que sim, quando a compus ela nasceu sob influência de Baião, mas nada impedia que ela tomasse parte da identidade que já estava impressa no conceito do EP, mas independente desses fatos acredito que não houve um grande contraste pois mesmo com essa pegada mais eletrônica ela não deixou de trazer a influência nordestina com a participação de Mestrinho do acordeon. Kassin, Lux e Caio também são brasileiros mas tem muita vivência musical, então encontrar esse equilíbrio foi natural, certamente uma grande diversão para todos.
Essa faixa foi a terceira do EP “Udayara”, lançada no meio do ano. De onde surgiu esse nome para o projeto?
Para essa resposta sempre reproduzo o dito de uma das bailarinas que atuou no nosso primeiro clipe, Udayara é fruto de uma “inspiração das deusas”. A verdade é que me veio esse nome de repente, por um momento achei que era o nome de alguém, talvez uma mulher então pesquisei pela internet mas naquele momento não encontrei nada vinculado ao nome, também senti que a sonoridade da palavra tinha algo forte, algo que me remetia as sereias então convidei Gabriel Moura para me ajudar a finalizar a canção e depois percebi que essa era a canção que linkava todas as outras e norteava o projeto.
O álbum também traz algumas participações especiais, como o produtor Kassin, Lux Ferreira que assinou os sintetizadores, e Caio Oica que assumiu a bateria. Poderia nos contar mais sobre o trabalho conjunto de vocês?
Depois de lançar o primeiro álbum eu já tinha muita vontade de produzir algo com Kassin, até que tive a oportunidade de conhece-lo em um show do Gabriel Muzak no Sesc Tijuca, depois o reencontrei em um show que fiz na Audio Rebel então trabalhar junto nesse EP foi consequência desses encontros aleatórios, daí que quando iniciamos a pré-produção começamos a debulhar as influências do álbum e a pensar quais profissionais deveriam dar cara a obra, até que chegamos a Lux e Caio, eu ainda não havia tocado com eles mas já conhecia o trabalho e sonoridade de cada um e Kassin já havia gravado com eles, então marcamos as datas de gravação e nos divertimos bastante em estúdio.
Além da Márcia artista, o que mais devemos saber sobre Márcia Guzzo?
Que Márcia Guzzo é uma potência, uma liderança feminina negra moldada na periferia do Rio e tem muita história para ser contada ainda.
Além do EP atual, quais são os projetos que você tem para o futuro?
Com o retorno dos shows temos perspectivas de apresentações em físico no Brasil, Colômbia, México e EUA e também estamos pré-produzindo um álbum visual que se conecta com as sonoridades desses países.
Imaginando que você poderá estar relendo essa entrevista e relembrando como você era em 2021, que tipo de mensagem gostaria de deixar para a Márcia Guzzo do futuro?
Márcia Guzzo bem que eu te falei que a MG estava chegando para se consagrar né, que bom que você acreditou!
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