Desde 2010, quando começou a ganhar força no Brasil, o K-pop vem arrebatando mais fãs a cada dia. O sucesso desse fenômeno mundial que ganhou espaço no cinema, na tv, nas rádios e internet é tanto que estimulou diversos artistas brasileiros independentes a se inspirarem nessa proposta sul-coreana para realizar suas produções, dando origem a um novo movimento chamado B-pop.
Estimulada pelo crescimento do interesse do público em produtos musicais vindos do Oriente, nasceu a K.Ö. Entertainment, detentora de boa parte do catálogo de artistas nacionais que fazem B-pop, com suas músicas super dançantes, letras em português e um toque de brasilidade.
Atento às tendências da Coreia do Sul, produtor cultural Lucas Jötten fundou a K.Ö. Entertainment em 2012 com a proposta de produzir eventos culturais voltados ao público jovem interessado em cultura oriental. Aos poucos o negócio se expandiu para a produção de shows, conteúdos para internet, workshops, baladas, cursos, espaços temáticos e do maior torneio de cover de K-pop do país, o KDT, ou K-pop Dance Tournament.
Com a proposta de levar a música sul coreana e o seu B-Pop para todos os públicos, em 2019 a K.Ö. promoveu o K-Hari, um dia dedicado ao K-pop no emblemático “Hopi-Hari”, onde os artistas do Canal KOR, canal do YouTube que hospeda todo conteúdo musical dos artistas agenciados e parceiros da produtora, deram vida ao palco logo na entrada do parque de diversões.
Um dos grupos femininos que embarcou nessa tendência é o EVE, que teve a primeira aparição no web reality “Idol School” promovido pela produtora em 2018, que contou com as participações das youtubers Thais Midori e Thais Genaro. Confira a entrevista:
Há aproximadamente sete anos atrás, o Champs estava prestes a se tornar a primeira boyband a explorar o estilo B-Pop, que veio de uma variação da popularização da música coreana em nosso país. Porque até o momento em que vocês se lançaram, esse estilo era considerado mais explorado pelas bandas femininas? O gênero sexual costumava gerar uma identidade maior com o estilo musical?
Lucas Jötten: O K-Pop tem semelhanças com o que é classificado como Pop teen. Esse estilo já foi estigmatizado diversas vezes como “coisa de menina adolescente chata” ou “só uma fase que passa” como se não tivesse valor e relevância real pra vida do fã naquele momento. Acredito que por conta de toda a construção machista da sociedade e do preconceito com culturas diferentes, menos homens tem interesse e vontade de se envolver com esse mercado. No entanto, temos relativamente bastante artistas masculinos envolvidos com o cenário de B-Pop.
Se tem uma coisa que o público brasileiro tem de qualidade é a facilidade de agregação de estilos, sendo que grupos de vários lugares do mundo se tornam queridos pelos fãs brasileiros. Ao que se deveu a ascensão da música K-pop no solo nacional e como essas músicas passaram a influenciar os gostos da nova geração?
Lucas Jötten: O início do crescimento maior do K-Pop no Brasil, e no mundo, foi principalmente pelas mídias e plataformas digitais como o Youtube (antes do PSY ou BTS). Além disso, a presença de artistas coreanos no mercado japonês também começou a aumentar e vários “otakus” brasileiros começaram a consumir cantores coreanos que cantavam as aberturas de animes por exemplo. Essa forte presença da cultura japonesa no nosso país somada as características calorosas e acolhedoras dos fãs latinos, com certeza favoreceram o K-Pop. Um outro ponto é que o K-Pop apresentava um formato de produto musical que não tinha mais no Brasil e em grande parte do mercado ocidental. É possível sugerir que esse vaco, que antes foi preenchido pelo Rouge ou Restart por exemplo, foi preenchido pelo K-Pop.
Na época do lançamento de “Dynamite”, vocês estiveram na Coreia do Sul para poderem absolver um pouco da cultura local. Como foi essa experiência e o que mais chamou atenção de vocês durante essa temporada no país?
Cantor Richardson Hotz: Foi uma experiência cultural incrível, porque tivemos contato com pessoas que trabalham em várias áreas e a disciplina que eles tem para com o trabalho deles me fez ter mais energia e dedicação com o meu também. Eu pude perceber como eles são muito esforçados desde cedo, não é atoa que alguns idols de kpop começam a treinar com 10/12 anos de idade ou até mais jovens.
A formação do grupo de vocês juntamente com a chegada da influência da música coreana na cultura brasileira fez com que nascesse a K.Ö Entertainment, que hoje é a detentora dos principais artistas de B-pop. Como foram feitos os processos de adaptação das características musicais estrangeiras para o público local?
Lucas Jötten: A cultura brasileira é extremamente rica! Não tem por que não aproveitar todas as possibilidades que temos aqui por um modelo externo. Acredito que essa adaptação aconteceu mais nesse movimento de entender o que temos de positivo por aqui e somar com o que eles têm de positivo por lá. Tanto em questões musicais quanto administrativas, de marketing, objetivos, etc.
Nesse processo a gente consegue reforçar e preservar traços brasileiros muito importantes como a diversidade e relações humanizadas, mas sem deixar de aprender absorver com um mercado tão desenvolvido quanto do K-Pop.
Com o crescimento do interesse pela cultura oriental, foi preciso se atentar às tendências, e isso gerou a K.Ö Entertainment. Qual é a maior proposta com essa fundação? E a empresa tem conseguido bater esse objetivo?
Lucas Jötten: O maior objetivo da K.Ö. Entertainment é usar do lazer e da cultura como ferramentas de educação informal e democratizar o acesso a essas ferramentas. Acredito que temos feito pequenos, mas constantes, avanços nesse aspecto.
Apesar de toda essa repercussão que a cultura oriental tem ganho, existe algum tipo de dificuldade que esse estilo tem passado?
Lucas Jötten: O K-Pop tem crescido cada vez mais… Mas se tratando do mercado brasileiro que consome e gira em torno desse produto, o desenvolvimento paralelo não é necessariamente verdade. Infelizmente, de forma genérica, os conteúdos criados nacionalmente relacionado ao K-Pop são pouco valorizados. Ou seja, os maiores interesses estão em conteúdos e produtos importados. Com a alta do dólar, fica bem complicado produzir e continuar girando o mercado de forma constante.
Quais são as metas para o futuro da K.Ö Entertainment?
Lucas Jötten: Queremos nos tornar referência no nosso país e na América Latina e trazer cada vez mais experiências positivas para o nosso público! E de um lado um pouco mais objetivo/prático, ter a oportunidade de realizar uma turnê de shows com os nossos grupos pela América do Sul.
Em meio a pandemia, como tem sido para conciliar o trabalho com os cuidados que deve ser seguido? Foi optado por realizar eventos online?
Lucas Jötten: Tem sido um momento bem complicado não só como produtora, mas como equipe. Diversos dos nossos artistas e colaboradores estão passando por dificuldades. Estamos fazendo o máximo para não parar, mas também não correr riscos desnecessários e respeitar o momentos de cada um. Participamos de alguns eventos online, mas focamos mais em adiantar e produzir o que pudermos para aproveitar ao máximo o momento pós pandemia.
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