Trazendo um olhar atual para as raízes da música brasileira, ASA é um duo de compositores, formado pela voz da cantora baiana Ananda Góes e pelo produtor musical paulistano Fabricio Di Monaco que assina, guitarras, baixo e sintetizadores.
Criado e gestado à distância, o projeto transforma a MPB de inspiração setentista e oitentista com um olhar atual e alternativo. O resultado de um caldeirão de influências que se completam é o EP “Instintos”, já disponível nas principais plataformas de música e com lyric videos para todas as faixas no canal de YouTube do projeto. Confira a entrevista:
Antes de mais nada, como se deu o ASA e a união dos compositores Ananda Góes e Fabrício Di Monaco?
Fabricio: Acumulei algumas composições que pré-produzi entre 2014 e 2017, pensando sempre numa voz feminina. O amigo e parceiro Lucas Arruda me falou de Ananda e, logo após vê-la em alguns vídeos no YouTube e ouvi-la com sua banda, na época, a Coquetel Banda Larga, senti que seria a pessoa ideal e fiz o convite. Após as primeiras interações nasceu e cresceu uma parceria artística e, muito além dela, uma grande amizade entre a gente. Resolvemos então tornar o ASA um projeto que dá voz à nossa música como compositores e artistas, mesclando nossas influências nas diferenças e semelhanças, como molas propulsoras de muitas linguagens que ainda vamos explorar.
Como o público recebeu o EP “Instintos” que foi criado a partir de um caldeirão de influências?
Fabricio: Ouvimos muitas palavras de incentivo, de identificação, de admiração, que nos deixaram super felizes. As referências que as pessoas conectam ao EP são as mais variadas, o que me parece bem interessante, já que eu mesmo não consigo definir exatamente um estilo para o ASA.
Qual o maior diferencial que o duo tem?
Ananda: Acredito que um diferencial em qualquer produção artística nesses tempos líquidos é não temer apostar nos sons e ideias mais inquietantes, buscar novos reflexos nas pessoas. Nesse mar de sonoridades que vão se replicando rapidamente, nosso som sugere desacelerar e resgatar uma contemplação sonora menos rasa e mais inquietante. Por não seguirmos padrões sonoros apelativos de nossa época, embora a gente não negue esses padrões, o que buscamos é transmutar linguagens diversas seguindo essa inquietação sonora que é nosso espírito guia e o nosso próximo trabalho deixará isso mais explícito!
Para cada pessoa a música tem um significado diferente. O que ela significa para vocês?
Ananda: Pra mim, cada coisa na vastidão do universo nasce de um som, uma frequência. Então a música pra mim é instrumento potente na criação de pensamentos e ações e daí vem a capacidade de transformar realidades e gerações. É uma grande responsabilidade usá-la pra nos expressar, pode fazer de uma mentira verdade pela emoção ou mudar algo pra sempre! Que nunca se torne um fetiche estético pra gente e estaremos em paz com a Deusa Música.
Quais são os projetos para o futuro do duo?
Fabricio: Estamos produzindo novas canções, escritas em parceria, envolvendo novos convidados e já ansiosos pra colocá-las no mundo em algum tempo. Enquanto isso seguimos nos apresentando com Instintos, um primeiro trabalho que nos orgulha bastante.
A tecnologia tem trazido muitos benefícios para muitas profissões e para o músico não é diferente. Em sua visão, o ato de estar conectado com o público divulgando através das redes é um bom benefícios?
Fabricio: As tecnologias sempre movimentaram e direcionaram o mundo como um todo. Artes, comunicações, seguem afetados pelas coisas boas e desafios que elas nos apresentam. Estarmos em contato direto com o público e conseguirmos produzir, publicar e divulgar nossa arte é realmente incrível e às vezes nos esquecemos o quanto isso é grande, por já estarmos acostumados com esse fluxo incessante. Os desafios para mim são, sobretudo, lidar com uma carga bem maior de trabalho e informação não diretamente conectados à música. Ainda estou pegando o jeito.
Quais são as maiores inspirações do ASA?
Ananda: Temos influências complementares. Eu nasci Bahia, cresci escutando Gilberto Gil, Gal Costa, Baby do Brasil mas sempre busquei o espírito mais urbano desde a adolescência, no Rock, no R&B, no Synth Pop, no AOR e essa mistura fica cada vez mais evidente, nas composições novas que dividimos. São muitas inspirações, de Minnie Ripperton a Prince, de Gil a Rita Lee!