Considerado um dos maiores gaitistas do mundo e um dos músicos mais criativos da música instrumental brasileira, Gabriel Grossi reinventa o clássico noventista “Smells Like Teen Spirit” – faixa do Nirvana que completou recentemente 30 anos de seu lançamento. A releitura sai pelo selo Audio Porto e pode ser ouvida em todos os serviços de música.
O álbum “RE DISC COVER”, 12º da carreira de Gabriel Grossi, traz uma série de releituras de clássicos do pop e do rock de forma inovadora, oferecendo um novo olhar para a memória afetiva musical. O projeto reúne outros três renomados instrumentistas: Michael Pipoquinha (baixo), Sérgio Machado (bateria) e Eduardo Farias (piano e teclados) – este último também responsável pelos arranjos e produção musical ao lado de Gabriel, que dirige o projeto e foi registrado em um álbum.
As faixas do disco passeiam do soul pop da Motown até o grunge e o britpop dos anos 90, em músicas que marcaram a história de Grossi com um espírito de renovação, da descoberta da brincadeira do nome do trabalho. O álbum revisita Stevie Wonder (“Isn’t She Lovely”), Oasis (“Wonderwall”), Michael Jackson (“Ben”), The Police (“Message in a bottle”), Beatles (“Here, there and everywhere”), Queen (“Another one bites the dust”) e Bob Marley (“Redemption Song”). Confira a entrevista:
Tocar músicas de rock dos anos 90, atrai ouvintes de uma geração mais velha. Para escolher as músicas do álbum, você definiu quais seriam os ouvintes/seguidores?
É uma pergunta muito interessante. Eu acho que são músicas atemporais. Eu tentei, com o repertório, buscar músicas que, apesar de serem mais antigas do rock, eu considero como atemporais e que, com novas versões, novos arranjos, acabariam também ganhando um lugar diferente e não datado. Eu pensei justamente em trazer novos ouvintes.
Existe uma preparação para fazer covers? Como um integrante precisar estudar a banda e a letra a ser trabalhada?
Eu diria que não é “cover”, é um “re disc cover”, é uma redescoberta dessas músicas. É conhecer muito bem as músicas, e são músicas que eu ouço a vida inteira, mas rearranjar, redescobrir e colocar uma assinatura diferente. Fazer um “cover” seria copiar o original, mas a proposta do “Re Disc Cover” é realmente desconstruir e dar uma roupagem nova para o negócio.
Qual foi a música mais fácil e a mais difícil de produzir para o álbum “RE DISC COVER”?
É difícil dizer, porque eu acho que todas deram muito trabalho no sentido de encontrar um um novo caminho, sabe? Mas talvez eu possa dizer que a mais difícil, no sentido que é uma música muito conhecida e tem inclusive a gaita do Stevie Wonder, que é marcada pela sua interpretação, foi “Isn’t She Lovely”. Conseguir uma nova roupagem realmente foi um desafio pra fazer uma coisa original, diferente. Eu acho que esse foi talvez o maior desafio.
Com misturas de estilos de Stevie Wonder, Oasis, Michael Jackson, The Police, Beatles, entre outros ídolos. Para um grupo que veio dessa época, o que vocês acham que os fãs poderão esperar desse verdadeiro túnel do tempo?
Acho que os fãs podem esperar uma versão bem interessante, a gente pensou bastante em atingir e fazer um um novo público, renovar mesmo a leitura dessas músicas, mas também trazer um frescor pra essas composições pros fãs tradicionais. Esse retorno eu já estou tendo, um retorno bastante positivo de fã-clubes mesmo, o pessoal que é bem fã e que realmente gostou muito das nossas releituras.
Recentemente você lançou uma releitura do clássico “Smells Like Teen Spirit” que recentemente completou 30 anos de seu lançamento. Como foi o seu estudo e no que foi baseada a reinvenção dessa música que marcou tantas gerações?
Smells Like Teen Spirit foi mágico porque é uma uma música que me marcou muito. Na verdade, todas me marcaram muito, mas as outras talvez eu não presenciei o nascimento delas, e Smells Like eu presenciei. Eu era adolescente ou pré-adolescente nessa época, então eu vendo nascer e descobrindo isso, o nascimento disso, fazendo parte, eu acho que tem um sabor especial mesmo.
O álbum que está lançando agora é um verdadeiro deleite para quem curte música eclética, pois passeia do soul pop, grunge e vai até o britpop dos anos 90. Poderia nos falar um pouco sobre como foi encaixar todas essas peças em um único projeto?
Eu acho que este foi um grande desafio: encaixar todas elas num mesmo projeto. Porque tinha que ter uma coerência como em todo projeto, todo disco, todo álbum. As músicas tem que se comunicar, assim como os arranjos, a interpretação, tem que ter uma linha de pensamento, de argumento. Acho que no final a gente foi bem sucedido, dando uma assinatura muito coerente pra tudo que passou, mesmo algumas músicas sendo mais antigas, outras mais novas, outras mais rock and roll, outras mais pop, mas a gente conseguiu dar uma coerência pra leitura, pra redescoberta de todos esses temas, colocando no mesmo caldeirão com o mesmo tempero e um sabor parecido.
Defina quem é Gabriel Grossi e quais são suas expectativas para o futuro?
Me definir é difícil, porque acho que eu tenho várias faces. Eu me orgulho muito de ser um cara eclético e que estou cada hora realmente bebendo de uma fonte, bebendo de outra, fazendo um projeto mais assim, o outro mais assado. E agora já estou numa coisa mais clássica, do rock ao clássico rapidinho! É muito rápida a transformação. Enfim, eu acho que eu tenho que estar sempre me reciclando, eu eu me considero realmente uma pessoa eclética no melhor sentido da da palavra mesmo. Acho que foi o Hermeto Pascoal que disse isso: considero dois tipos de música no mundo: a música boa e a música ruim. Tem música boa dentro de todos os estilos, né? E é atrás dessa música aí que eu estou e que tento fazer também.
Como o público tem encarado esse projeto incrível que já está disponível em todas as plataformas musicais?
O público tem encarado de uma forma muito incrível. Estou tendo os melhores feedbacks e respostas desse projeto, realmente estou muito feliz com a resposta que está tendo. Quando a gente vai vendo uma resposta positiva, a gente vai ficando animado, feliz. E eu sou muito grato aos meus parceiros, especialmente Eduardo Farias, que é meu irmão e um dos músicos mais incríveis que eu já vi na vida. Com o Dudu eu divido os arranjos e a produção do disco. Ele é uma cabeça genial e realmente a assinatura desse disco é muito dele. Então Eduardo Farias é um destaque mesmo em todo esse projeto. E Michael Pipoquinha no baixo, um gênio, um dos maiores baixistas do mundo, um fenômeno mesmo e Serginho Machado na bateria, outro fenômeno. Então realmente cada músico que toca nesse projeto eu sou muito fã mesmo, eu tenho muito orgulho, muita alegria de poder dividir esse projeto, essa música, enfim, de estar junto deles.
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