Cristina Bordin, uma atriz consagrada com mais de três décadas de atuação no teatro, está em cena novamente com “O Sonho Americano”, espetáculo da Cia Teatro dos Ventos que já está em cartaz no Teatro Studio Heleny Guariba, em São Paulo. Conhecida por seu talento em adaptações literárias, como “Dom Quixote” e “Dom Casmurro”, Cristina traz à vida a complexa personagem Antônia, que se torna um pilar de força em meio às turbulências da ditadura militar brasileira nos anos 1970. Os ingressos para a peça estão disponíveis na plataforma Sympla.com.
Ambientada em um período crítico da história do Brasil, a trama segue Bento, um jovem que se vê em apuros após sua primeira tentativa de luta armada contra o regime opressivo. Ao buscar abrigo na casa de sua tia Antônia e sua prima Beatriz, o clima familiar logo se torna tenso quando Beatriz recebe a notícia de que foi aceita em um prestigiado programa de pós-graduação em Harvard. Com o medo de que sua associação com um “subversivo” possa prejudicá-la, a jovem é forçada a enfrentar dilemas morais que refletem questões contemporâneas de segurança e identidade, ligando passado e presente de forma impactante.
Em uma recente entrevista, Cristina compartilhou suas impressões sobre o roteiro de “O Sonho Americano”, destacando a inteligência e a objetividade do texto, que estabelece conexões profundas entre os personagens e as suas lutas. Para a atriz, a força de Antônia reside em sua habilidade de manter a integridade enquanto luta pelos desejos da família, mesmo em tempos sombrios. Cristina também comentou sobre o processo de preparação para viver uma personagem em um contexto histórico tão delicado, revelando que as pesquisas realizadas pelo autor Luiz Carlos Checchia foram fundamentais para sua ambientação.
Além dos desafios que os temas da peça apresentam, como a insegurança e o desamparo da pequena burguesia, Cristina vê a trajetória de sua personagem como uma representação do papel de uma mãe que, apesar de seus esforços, deve aceitar o livre arbítrio de seus filhos. Ao refletir sobre a mensagem que espera que o público leve consigo após assistir à peça, ela enfatizou a importância de reconhecer as semelhanças entre o passado e o presente, ressaltando que “a alienação é o princípio da derrota”. “O Sonho Americano”, com apresentações aos sábados e domingos, promete não apenas entreter, mas também provocar reflexões significativas sobre os desafios da sociedade atual. Confira a entrevista completa:
O que mais te atraiu no roteiro de “O Sonho Americano” e na sua personagem?
Um texto inteligente, enxuto que faz ligações objetivas entre os personagens e as cenas. Quanto à Antônia, sua força em guarda seus desejos e sentimentos e continuar sendo o pilar da família com sua integridade em expor no que acredita.
A peça se passa durante o período da ditadura militar no Brasil. Como foi o processo de preparação para viver um personagem nesse contexto histórico tão específico?
O texto em si já ajudou muito e tivemos muitas informações da pesquisa realizada pelo autor, experiência relatada que contribuíram para que eu pudesse me ambientar nessa época.
Que desafios você encontrou ao trabalhar com temas como insegurança, medo e desamparo no cenário da pequena burguesia dos anos 1970?
Os mesmos de hoje, onde a insegurança, medo e desamparo fazem parte constante do nosso dia a dia.
A relação entre os personagens Bento e Beatriz traz à tona dilemas morais profundos. Como você vê a trajetória da sua personagem dentro dessa narrativa?
Como uma mãe que educa e tenta conduzir seus filhos por um caminho e descobre que eles têm seu livre arbítrio para seguir seus próprios passos.
Qual mensagem você espera que o público leve ao assistir “O Sonho Americano”, especialmente em relação às semelhanças entre o passado e o presente?
Eu espero chegarmos na consciência e no coração de cada espectador e mexer com tudo, e que entendam que a alienação é o princípio da derrota.
Você já participou de diversas peças e produções. Quais foram as experiências que mais marcaram sua carreira até agora?
Esse (Antonia) por ser o papel mais dramático que interpretei, Dom Quixote, imagens de Castro Alves e infantis.
Ao longo dos anos, você fez vários cursos e oficinas. Como esses treinamentos moldaram sua forma de atuar e escolher projetos?
A atuação para mim vem das experiências vividas, escolho os projetos pela qualidade do texto e a empatia pelo personagem.
Existe algum papel ou gênero teatral que você ainda não explorou, mas que gostaria de interpretar no futuro?
Musical.
Qual conselho você daria para jovens atrizes que estão começando agora no mundo do teatro?
Tenha uma segunda profissão, porque no Brasil a cultura não é respeitada como profissão.
Deixe uma mensagem ao público.
Que possamos no futuro encarar esses temas como momentos surreal.
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