Médico dermatologista Dr. Thiago Cunha apresenta um contraponto ao uso da vitamina C em produtos cosméticos de skincare e revela seus efeitos adversos.
Quando pensamos em skincare (cuidados da pele) quase que instantaneamente pensamos na vitamina C, tópica como item obrigatório no cuidado para a pele. Por seu efeito antioxidante, ela ganhou fama ao longo dos anos e se tornou campeã de vendas da indústria cosmética. Entretanto, contra o que dizem as propagandas, o uso da vitamina C pode causar problemas de pele como acne e oleosidade, devido a uma paradoxal reação química que explica o porquê da vitamina C ser assim tão complexa e menos importante que parece.
Segundo o dermatologista Dr. Thiago Cunha, (RQE 49.516), há muitas controvérsias no uso da vitamina C para cuidados da pele e o motivo se deve a fatores químicos, biológicos e efeitos adversos encontrados. “Acontece que a vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel (solúvel em água ou meio líquido) e por isso é uma molécula muito difícil de ser estabilizada para uso cosmético. Então a solução encontrada pela indústria farmacêutica foi usar o ácido L-ascórbico para estabilizá-la e torná-la biologicamente ativa, criando os derivados de vitamina C, que são moléculas que envolvem a vitamina C em uma camada de gordura, que é quebrada por uma enzima e, assim a vitamina C é liberada na sua forma ativa sobre a pele. Embora isso tudo seja lindo na teoria, infelizmente, acontece que essa promessa de entregar o L-ascórbico após essa clivagem enzimática não se cumpre na prática”.
Efeitos adversos
Ao contrário do que era esperado, de aproveitar as propriedades antioxidantes da vitamina C para combater o envelhecimento e os radicais livres na pele, o Dr. Thiago Cunha aponta que, dependendo das circunstâncias, o que ocorre pode ser o extremo oposto disso. “A grande revelação é que existe uma reação química com a vitamina C, que é chamada reação de Fenton, que acontece quando a mesma se encontra com o ferro presente na nossa pele. Quando ocorre esse encontro, a vitamina C passa de um agente anti-oxidante a um agente pró-oxidante. Então dependendo da circunstancia e da condição química que ela encontra pelo caminho, a vitamina C pode produzir radicais livres e inflamação”.
O médico também alerta para o diferencial observado em estudos in vitro e a prática do dia a dia do consultório médico. “O que observamos em consultório é que o uso da vitamina C na pele leva à hipersensibilidade, inflamação e vermelhidão. Embora todas as principais marcas tem um sérum de vitamina C disponível no mercado, ela nao é tudo que a industria farmaceutica e cosmética quer que acreditemos que ela seja no que diz respeito ao skincare”, conclui.
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