O mercado global de beleza vive uma transformação profunda impulsionada por novos hábitos de consumo e por uma revisão coletiva sobre saúde, bem-estar e impacto ambiental. Cada vez mais, os cosméticos deixam de ser vistos como produtos exclusivamente estéticos e passam a representar escolhas alinhadas à consciência socioambiental. Essa mudança de comportamento tem impactado diretamente as cifras do setor, que segue em ritmo acelerado de expansão. Segundo dados do Statista Market Insights (2024), a indústria mundial de cuidados pessoais e estéticos deve ultrapassar US$ 800 bilhões até 2030, sustentada por consumidores que buscam desempenho, transparência e propósito.
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Entre as tendências que mais se destacam nesse panorama, os cosméticos veganos assumem papel central. O levantamento mais recente da Fortune Business Insights (2024) mostra que o segmento, avaliado em US$ 19,21 bilhões, deve alcançar US$ 32,56 bilhões até 2032, com um crescimento médio anual de 6,85%. Esse avanço é reflexo da maturidade de um público que valoriza ingredientes limpos, práticas sustentáveis e marcas com responsabilidade social real — e não apenas discursos de marketing. “O consumidor quer eficácia, mas também quer saber a origem do que usa. Ele busca resultados e, ao mesmo tempo, uma história que faça sentido”, afirma Vanessa Vilela, farmacêutica, bioquímica e CEO da mineira Kapeh Cosméticos e Cafés Especiais.
Nascida em Minas Gerais, a Kapeh se tornou referência ao desenvolver cosméticos a partir do grão verde do café, ingrediente símbolo da cultura brasileira e fonte de inovação responsável. Diferentemente do café torrado, o grão verde preserva compostos antioxidantes e regeneradores de alta performance, que hoje servem de base para a formulação de produtos multifuncionais. A proposta une ciência e natureza em uma cadeia produtiva que valoriza a biodiversidade nacional e fortalece as comunidades produtoras. O modelo combina pesquisa tecnológica, uso consciente de recursos naturais e uma filosofia de desenvolvimento ético, conectada ao movimento global de beleza sustentável.
Além da inovação em matéria-prima, a marca opera sob uma gestão voltada à responsabilidade socioambiental em todas as etapas do processo. Os cafés utilizados nas formulações são certificados e rastreáveis, cultivados com práticas agrícolas sustentáveis e em parceria com famílias produtoras que mantêm tradições regionais. As embalagens seguem diretrizes de redução de impacto, com uso de materiais recicláveis ou reaproveitados, enquanto o Programa de Reciclagem Kapeh incentiva o retorno e a destinação adequada dos frascos pós-consumo. Essa abordagem busca construir uma cadeia circular, transparente e colaborativa — um modelo que dialoga com o consumidor atual, cada vez mais atento às práticas adotadas pelas empresas.
Para Vanessa, a transição para um mercado mais ético é irreversível e deve se intensificar na próxima década. “Ainda existe a crença de que sustentabilidade limita o desempenho, mas é justamente o contrário. Quando inovação e propósito caminham juntos, o resultado é superior. Nosso objetivo é mostrar que é possível entregar performance sem abrir mão da responsabilidade com o meio ambiente e com as pessoas”, destaca.
Fundada em 2007, em Três Pontas, no sul de Minas Gerais, a Kapeh acumulou reconhecimentos ao unir cosméticos veganos ao universo sensorial dos cafés especiais. A rede opera no modelo “loja 2 em 1”, combinando cafeteria e produtos de beleza em uma experiência imersiva. Com cerca de 200 itens no portfólio e mais de 20 unidades no país, a marca projeta alcançar 100 operações até o fim de 2026 — acompanhando o ritmo de expansão do setor e o movimento global que coloca ciência, ética e sustentabilidade no centro das decisões de consumo.
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