Marcelo Argenta é um talento bem conhecido da TV. Recentemente fez o personagem Gurik de ‘Gênesis’, novela da RecordTV, onde deu um show de atuação e carisma, como fez em seus 16 anos de carreira. É conhecido do público de trabalhos como o Lauro de “Êta Mundo Bom”, que foi reprisada recentemente na TV Globo, e Vanderlei de “Amor à Vida”, ambas tramas de Walcyr Carrasco. Em “Malhação – Vidas Brasileiras” (2018/2019), ele viveu o professor Breno que se envolvia com Verena (Joana Borges), um de seus personagens que mais exigiram do psicológico de Argenta por estar envolvido em um assunto bem delicado: o assédio sexual. Confira a entrevista:
Com 16 anos de carreira, quais são as maiores mudanças que você sente em seu início para atualmente?
Do ponto de vista pessoal e artístico, tem um abismo ai de mudanças (RISOS). E, no geral, acredito que também, não um abismo, mas muita coisa mudou. A forma de interagir hoje com as pessoas, com o meio (artístico). Hoje tiramos nossas próprias fotos, fazemos nossos próprios vídeos, publicamos, divulgamos, mandamos material pra milhares de pessoas em minutos. Seja e-mail, rede social, enfim… A interação tão importante pro nosso trabalho hoje em dia é infinitamente melhor do que quando cheguei ao Rio há cerca de 18 anos atrás. Internet ainda era precária e ainda não se pensava em Smartphones (RISOS). Quando eu precisava usar a internet tinha que ir numa Lan House e sempre contando os minutos de uso (Meu Deus!), (RISOS).
Nesse tempo de carreira, você teve diversos papéis superimportantes e que marcaram bastante tanto a si, quanto ao público. Existe algum tipo de personagem que você gostaria muito de dar vida um dia e ainda não teve a oportunidade?
Olha, pra mim, gosto e prefiro personagens mais distantes do meu mundo possível. Pensando aqui, eu adoraria fazer um personagem com “duas personalidades”, onde durante o dia ele tivesse uma profissão e a noite outra. Ao dia algo mais careta e a noite, sei lá…fosse um garoto de programa, enfim, algo do tipo…stripper… Acho que seria divertido, (RISOS) .
O que te levou a seguir a área artística? Em algum momento desses 16 anos, já chegou a pensar em desistir?
Antes de ser ator eu cursava faculdade de Ciência da Computação, até então nunca tinha pensado em ser ator. Apenas aqueles “relapsos” de quando vemos um filme e você se enxerga ali, fazendo aquilo. Mas apenas como um vislumbre. Até o momento em que me deparei com uma oficina de Teatro na minha cidade e aí foi o ponto de partida pra querer saber mais sobre a profissão, estudar… Depois disso decidi vir pro Rio de Janeiro, entrei numa escola de Teatro, me formei ator e segui. E respondendo a ultima pergunta: Sim! Várias vezes pensei em desistir. Essa profissão, essa carreira, não é fácil! Quando cheguei ao Rio muitos vieram, fui encontrando na minha chegada muitos (as) tentando a carreira de ator/atriz.
Recentemente você deu vida ao Gurik na novela Gênesis. O que esse personagem em si contribuiu para sua carreira? Como você se sentiu ao saber qual fim ele teria?
Todos os personagens sempre contribuem, este fez parte de mais uma etapa do meu processo, meu trabalho como ator. Entre erros e acertos, acredito que o “saldo” foi positivo! O personagem teve uma proporção bem legal na tela e, pra minha surpresa, uma manifestação muito legal do público à ele, sobre o que o Gurik representou dentro daquela história, em Ur dos Caldeus. Gostei muito do final da nossa história e do final do personagem. Na verdade, como trabalhamos o final, aquele final…! E tinha uma grande certeza que iria surpreender o público.
Qual é a primeira coisa que você pensa em fazer quando a pandemia finalmente acabar?
Poder ia ao Teatro, cinema, poder encontrar as pessoas. O Mundo voltando a uma normalidade, as pessoas podendo trabalhar …VIVER!!!!
Quais seriam as principais diferenças de atuar em novelas da TV para as peças de teatro?
Teria “n” colocações sobre isso, mas basicamente, ao interpretar pra TV você tem uma interpretação mais voltada pra câmera, vídeo, algo mais intimista. No teatro fazemos pro público que está a nossa frente, algo mais expansivo. Mas podendo também ser o teatro algo mais íntimo.
Conte um pouco como foi viver o personagem Lauro, em “Êta Mundo Bom”?
Personagem maravilhoso, com seus conflitos, e foi muito divertido de tê-lo feito. E o melhor de tudo, ter feito parte de uma novela que foi um sucesso, tanto por parte do público quanto da crítica. Tanto na sua estreia original, em 2016, quanto ano passado na reprise. Índices de audiência altíssimos!
Quais são as dicas que você daria para quem deseja ingressar na carreira artística?
Foco, disciplina e persistência. Muita! E como falei acima, a carreira artística não é fácil.
Apesar do enorme sucesso que tem feito representando o Gurik da novela “Gênesis”, o seu trabalho na televisão começou ainda bastante novo. Como era aquele quando entrou pela primeira vez nos sets de filmagem de uma emissora, e quais são as responsabilidades de estar envolvido com projetos de tamanhas repercussões como foram suas produções nas emissoras?
Eu, na verdade, não fico matutando muito o tamanho do projeto em que estou e com isso a responsabilidade. Eu foco na história e no que eu tenho que fazer. Isso é uma forma que tenho pra que o “tamanho” do projeto não interfira no meu processo como ator, me deixando inseguro, com alguma neura, enfim…. Então, claro que, de fato, o “tamanho ” do projeto eu vou ter essa noção, mas é: pensei e pronto, foi. Tchau, (RISOS). Foco no que eu tenho que fazer; personagem, cenas…E respondendo ao início da questão, sobre a primeira vez, óbvio que a maturidade é outra, e acho que também as coisas vão acontecendo naturalmente, esse processo, esse progresso, o meu desenvolvimento como pessoa e como ator.
Uma curiosidade que vale bastante ser comentada, principalmente em uma sociedade que infelizmente ainda tem seus níveis de preconceitos, é a questão da homossexualidade. Na novela “Êta Mundo Bom”, você teve a oportunidade de viver uma face diferente dessa situação que foi o preconceito em uma novela de época. Esse personagem te trouxe algumas lições de valor? Qual é o potencial de um personagem conseguir influenciar o modo de ver o mundo através do ator?
Lauro foi um personagem muito bonito! Walcyr foi muito feliz ao escrever ele. A forma como a história toda foi conduzida, foi tudo muito delicado e natural. Na época, eu lembro que muitas pessoas vieram falar comigo sobre como a história do Lauro tinha sido bonita, como a homossexualidade foi mostrada na novela de forma muito leve. Na verdade, foi contada uma história de amor que, no caso, era entre dois homens. Nada na história pareceu forçado. Lauro foi se descobrindo e, com isso, seus conflitos internos foram aparecendo, até o momento chave da história onde ele tinha que tomar uma decisão. E a decisão dele era ser verdadeiro com ele mesmo. Isso foi lindo e corajoso (Palavra “coragem” que ele mesmo fala em uma de suas falas finais). E isso nos serve pra nossa vida! Sejamos verdadeiros com nós mesmos e nossos sentimentos.
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