Charles Daves é um ator, diretor de cinema e diretor de teatro brasileiro. Fez vários papéis na televisão, no teatro e no cinema, e dirigiu filmes e peças teatrais. Trabalha no teatro, montando peças infantis e adultas que percorreram várias localidades brasileiras, com destaque para Intenções Perigosas, de 2008, atuando como ator e diretor, e Perdoa-me por Me Traíres, de Nelson Rodrigues, como ator. No cinema, dirigiu filmes como Não Pise na Bola, Sinal, Rota 277 e E a Festa Continua… (com Cininha de Paula), além de trabalhar como protagonista em O Intruso, de Paulo de Moraes Fontenelle.
Em novembro realizou um workshop de três dias em parceria com Cynthia Falabella, onde os alunos puderam pesquisar e entender a estrutura de um monólogo, com a gravação e edição do resultado final. Cada participante teve um monólogo dirigido e gravado, tendo este material para usar em sua carreira, como por exemplo atualização de material em plataformas digitais. Confira a entrevista:
Você e Cynthia Falabella criaram um novo workshop sobre gravação de monólogos que se iniciou no dia 12 e foi até o dia 25. De onde surgiu a ideia desse projeto e qual é a importância do monólogo para um ator?
O monólogo é muito importante para o ator, porque é através dele que você consegue mostrar o seu trabalho. A partir daí, quem faz uma seleção de elenco, um produtor de elenco, a pessoa que está escalando o ator para um trabalho audiovisual, vai chamar para testes mais específicos. Portanto, é muito importante o ator ter um bom monólogo. Pensando nisso, e muito na verdade pra comemorar a abertura do espaço Falabella, nessa parceria que a gente tem há tantos anos com a CN Artes, nós pensamos em ‘matar dois coelhos numa cajadada só”, celebrar, estar juntos e atender a aqueles atores que sempre nos pedem: ‘preciso renovar o meu material, preciso ter um bom material’, daí então surgiu o workshop.
Como você define o meio artístico atual?
É meio amplo, né? Como eu defino o meio artístico atual? Se for pelo lado da empregabilidade é o de sempre. O meio artístico é um meio muito cobiçado, portanto muita gente para pouco espaço, porém aquelas pessoas que estudam, se preparam, elas tem muito mais chance de abraçar uma oportunidade, de estar num teste, numa seleção, numa audição e passar justamente por ter mais preparo. É como um funil, ali entra muita água de uma vez, mas lá embaixo vai passar aos poucos, ou seja, às vezes o mercado recebe muita gente, mas de fato sobreviver dele, ficar nele serão poucos, como no funil.
O que o motivou a seguir o ramo artístico? Em algum momento chegou a pensar em desistir?
Ah, tem uma coisa que as pessoas sabem porque já viram. Na verdade, foi algo estimulado que eu acredito que no futuro viria de alguma forma, porém eu era muito pequeno, uma criança de 10 anos e na minha época não tinha internet, não tinha acesso dessa forma. No final dos anos 80, tinha uma apresentadora, Xuxa Meneghel, que era o grande entretenimento da televisão brasileira para criança e eu tive a oportunidade de ir ao programa dela porque era no Rio de Janeiro. Resumindo, a Xuxa me viu, participei de brincadeiras e falei aquela coisa de vai mandar um beijo pra quem? Eu falei isso tudo olhando pra câmera, enfim, com uma certa desenvoltura e ela disse no ar. ‘Você vai ser ator, você vai ser repórter, guardem esse nome, Charles’. Enfim, incutiu na cabeça de uma criança que saiu dali e disse, ‘mãe, a Xuxa disse que eu vou ser ator, eu vou ser repórter’ e assim foi. Graças a Deus consegui ampliar isso e fui ser apresentador, diretor, fui estudar neste segmento e desde então estive no meio artístico.
Em sua visão, qual é a importância para um ator se especializar na carreira de forma constante?
Como eu disse acima, o fato de estar preparado, se renovando, é como você aprender um idioma que não seja sua língua nativa, se você parar de praticar, você vai perdendo. A mesma coisa é o ator, nós somos como se fossemos uma máquina, temos que estar sempre em atividade e assim, você vai se mantendo preparado para qualquer oportunidade. O estudo nunca é demais, o ator precisa estudar.
Para o público do site que não te conhece, conte um pouco sobre quem é Charles Daves além de ator, professor e diretor.
É isso mesmo né, é meio estranho a gente ficar falando de si mesmo, mas eu sou um artista polivalente, um artista que joga nas onze mal comparando, se estivéssemos falando de futebol, em todas as posições. Um artista que neste país resolveu sobreviver da arte, portanto, para estar sempre na arte fui me reinventando e assim, fui tendo as minhas oportunidades, chegando ao teatro, ao audiovisual, dentro da televisão indo por vários segmentos, me tornando também jornalista. Fiz faculdade de artes cênicas, portanto, tive várias oportunidades, porque provoquei essas oportunidades. Um artista polivalente.
Além do workshop citado, existe algum novo plano para o futuro como alguma peça, por exemplo?
Planos sempre existem, peça de teatro a gente neste momento está ensaiando um projeto com as crianças, ‘A Escolinhazinha do Professor Raimundo’, estou dirigindo junto com a Cininha de Paula. Para o ano que vem, pode ser que tenha alguma coisa com o teatro profissional, mas ainda não está fechado e sim tem bastante planos, estou assumindo a direção artística e programação de uma nova rede e tem outros projetos que a gente prefere que a gente prefere que comecem a acontecer pra depois a gente também poder expor, é sempre melhor. Seria aqui uma questão de superstição? Pode ser!
Qual é a importância do workshop que você em parceria com a diretora Cynthia Falabella dirigiram entre os dias 12, 19 e 25 de novembro?
A importância desse workshop foi exatamente para que o ator possa desenvolver o seu monólogo, o seu material para colocar a disposição nas plataformas para ser pesquisado e então, estar no mercado de trabalho e ser cotado para um teste.
Deixe um recado para o público que deseja seguir o meio.
Acho que o mais importante chama-se disciplina, dedicação, estudo. O ator pode ter 20% de talento, mas se ele tiver 80% de vocação e dentro de vocação você vê uma pessoa disciplinada, estudiosa, dedicada tem muito mais chances de consolidar uma carreira do que aquele que tem 80% de talento, mas não se esforça, não evolui, não estuda, não batalha e nem corre atrás, não se auto produz, esse acaba ficando pelo caminho. Então meu recado é, se você quer algo, busque, mas não seja raso, não vá apenas como curioso vá profundamente que você tem muitas chances de se inserir neste mercado.
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