O confinamento social e residencial surgiu repentinamente em nossas vidas com o objetivo de conter a disseminação da pandemia. Junto com ele, chegou aos lares uma rotina inesperada: a convivência integral dos casais e filhos e tornou-se urgente entender suas emoções e saber como transformá-las, para, assim, gerar melhores resultados para todos.
A partir deste panorama, a Master Coach de Desempenho e Especialista em Inteligência Emocional (IE), Ana Kekligian, alerta que o desenvolvimento da IE é requisito para se ter um maior entendimento nas relações pessoais e profissionais.
É fato que a pandemia trouxe à tona vários questionamentos em todos os tipos de relações, sejam elas em casa ou no trabalho. A plataforma Divórcio Consensual, que une advogados a pessoas que querem terminar a relação, aponta um aumento de 30% nos pedidos de divórcio, entre março e maio de 2020, comparados com o trimestre anterior. Já o LinkedIn aponta em uma pesquisa que 39% de 2 mil profissionais em home office disseram se sentir mais solitários devido à falta de interação com os colegas do trabalho.
Estes dados deixam claro que estamos em tempos de muito estresse, e que grande parte dos desafios se encontram na esfera familiar, por isso, mais do que nunca, aumentar a qualidade de vida, é urgente e este ó o foco da Inteligência Emocional que trilha as habilidades de conhecer e potencializar suas emoções, dando foco para elas e fortalecendo relacionamentos pessoais e interpessoais. Confira:
Olá Ana, tudo bem? Como é definido a Inteligência Emocional?
Ana: Existem muitas definições e conceitos técnicos, mas de modo prático, resumo dizendo que Inteligência Emocional é a capacidade que uma pessoa tem de estar no controle de sua vida através do entendimento de suas próprias emoções. Quando sentimos algo e destravamos um gatilho que gera um comportamento inadequado, impetuoso, agressivo ou mesmo eufórico, podemos perceber que existe um descontrole. A I.E é um método que ensina as pessoas a entenderem o que as emoções querem dizer, e a importância de conversarmos com elas a todo o momento. As emoções são vitais em nossas vidas, porém temos dificuldades de compreendê-las.
No momento atual, qual é a importância de se desenvolver com urgência Inteligência Emocional?
Ana: O que mais tenho visto na minha experiência como coach são pessoas paralisadas. Seja por medo ou por entenderem que elas não têm o que fazer no momento, por isso ficam desanimadas e só esperam o tempo passar. Outras estão muito inquietas e agitadas, na maioria das vezes, ansiando pelo que está no futuro, mesmo sem ter previsão do que de fato vai acontecer.
Um exemplo são as pessoas que começaram a trabalhar remotamente. Elas estão com receio de que seus trabalhos não sejam vistos ou reconhecidos, e como resultado, percam seus empregos.
O tempo presente parece quase não existir e toda a energia é gasta com o que pode acontecer amanhã. Mas não é no futuro que a resposta será encontrada. Nossa solução está no aqui e no agora. E isso fica mais evidente em momentos de crise. É tempo de mudança, de agir e isso não pode esperar.
Nunca se viu tanta gente com crises de ansiedade e pânico. Além disso, com o confinamento e a pressão, as crises que já existiam se potencializaram – sejam as que habitavam o interior das pessoas ou as que estão fora. E as consequências vieram, como agressão física e moral nos lares, divórcios, separações, abandono.
Porém, algo me chama mais a atenção, é ter a visão que estamos vivendo – apesar de tudo – tempos “disruptivos”. Precisamos aceitar e compreender que o mundo mudou, tudo mudou, e as empresas mudaram. As pessoas precisam acompanhar esse novo tempo.
As empresas foram obrigadas a evoluírem e se adequaram a nova realidade. Isso quer dizer, que hoje, mais do que nunca, a MAIOR competência do profissional desse tempo é o preparo e controle de suas emoções para lidar com a oscilação de decisões, mudanças diárias, exigência criativa e inovação constante.
Quem conseguir lidar com isso, podemos entender que possui Inteligência Emocional. Quem ainda não entendeu isso, precisar acordar rápido, porque só assim se tornará empregável e evitará danos dolorosos em sua vida pessoal.
Afinal, no aspecto pessoal não é diferente. Tudo desemboca na sua casa, no seu lar. E como lidar com tanta pressão? Como controlar o ímpeto, a impulsividade, a agressividade, ansiedade e muito mais?
Comportamentos inadequados não são controlados, e sem o entendimento dos gatilhos que os geram, a resposta está nas emoções e sentimentos – a base da Inteligência Emocional.
Como uma pessoa que nunca ouviu falar sobre isso, pode estimular sua Inteligência Emocional?
Ana: Quando você percebe que seus comportamentos estão desajustados ou seus sentimentos não estão tão benéficos, o primeiro passo é procurar o AUTOCONHECIMENTO. Porque tudo começa em um ponto dentro de nós e todas as respostas estão lá.
O método do autoconhecimento pode se dar início de várias formas: através da fé, meditação, terapia, leitura, entre outras tantas formas.
Eu, verdadeiramente, recomendo uma experiência de Coaching da Vida com Inteligência Emocional, que é a metodologia que aplico. É um processo profundo que trabalha todos os aspectos da vida. É efetivo, acelerado e para todos. Só não recomendo em casos que a pessoa tem uma questão clínica a ser tratada, como transtornos e depressão.
Uma emoção pode mudar uma história. E eu acredito que essa emoção surge de um despertar de consciência.
Quando há essa tomada de consciência, há também o entendimento de que algo precisa ser feito para se alcançar a mudança desejada, e então, a pessoa está pronta para entrar em ação e se desenvolver para seu crescimento, para estar no controle de sua vida.
Quais os gatilhos que demonstram que minha I.E está em declínio?
Ana: Segue alguns dos principais gatilhos:
· Baixa autoconfiança e autoestima;
· Comunicação agressiva ou passiva;
· Pensamentos sabotadores e/ou negativos;
· Falta de controle das emoções e sentimentos;
· Feedback negativo de pessoas do bem;
· Desmotivação;
· Só enxergar aspectos falhos em si mesmo;
· Excesso de culpa;
· Dificuldade em liderar;
· Dificuldade nas relações interpessoais e pessoais;
· Dificuldade em lidar com mudanças;
· Não se conhecer;
· Vícios emocionais, como: perfeccionismo, controlar, reclamar, procrastinar, crítica, entre outros.
A ajuda para reforço da inteligência vem apenas através de terapia ou existem métodos que podemos usar em casa, como hábitos diários?
Ana: A Inteligência Emocional é uma metodologia científica, que pode ser trabalhada de forma isolada ou aplicada por profissionais especializados ou devidamente certificados.
O processo de I.E é profundo, porque permite atingir a dor mais arraigada do cliente e ajudar a ressignificá-la para que possa seguir sua vida de modo mais leve e feliz.
Os comportamentos adultos são resultados do que vivemos especialmente até os 7 anos de idade, desde a fase intrauterina. E também, dos nossos traumas e vivências durante a vida.
Por exemplo, certa vez uma cliente me procurou porque queria desenvolver a comunicação. Ela era muito tímida e travava em público, ou até mesmo para uma apresentação para uma ou duas pessoas. Durante o processo descobrimos que a origem da sua dor estava na infância, quando passou por uma situação traumática, onde não podia falar de forma alguma. Então, todas as vezes que ela se via em uma situação de exposição, ela travava, pois em frações de segundos o inconsciente associava aquele momento ao trauma. A partir desse entendimento, ela deu um novo significado a dor da infância e conscientemente, mudou suas crenças limitantes para fortalecedoras diante de situações que antes não conseguia se desenvolver.
Essa jornada exige método e técnica. Hoje, a cliente trabalha em uma multinacional, tem cargo de confiança e já deu seu depoimento para um evento que realizei para mais de 100 pessoas.
Deixe uma mensagem.
Ana: Somos frutos de nossas crenças, valores e experiências de vida e isso que faz sermos quem somos. A porcentagem do que realmente sabemos sobre nós é muito pequena perto de todas as coisas que nem imaginamos que não sabemos. E é esse campo que merece ser explorado. Para ter liderança emocional é preciso acessar seu mundo interior. Entender que está tudo dentro de VOCÊ, apesar de ainda ser desconhecido.
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