Mulheres são guerreiras por natureza. Mônica Moraes Vialle faz parte dessas. Espirituosa, ela é coach em lideranças e gestão de tempo. Sócia e diretora da MOOM Consultoria e Coaching empresa binacional Brasil e Europa e diretora executiva da MVPAR Real Estate em Portugal, obteve sua formação junto as mais importantes instituições nos EUA, Portugal e Brasil. Mestre em Arquitetura, Arquiteta e Urbanista, Técnica em Edificações, Especialista em Real Estate, Gestão de Negócios imobiliários e da Construção Civil, Escritora, Palestrante, Master Coach, Mentora e Consultora em Real Estate, Arquitetura e Coaching.
Seu histórico profissional passa por mais de 20 anos em posições de liderança em empresas importantes no Brasil e Europa. Conhecimento, experiência e competência. Mônica reúne as qualidades e habilidades comportamentais que enaltecem sua carreira que a tornam uma profissional especialista e singular. Entre suas características mais marcantes está o perfil inquieto e de constante busca por aprimoramento e atualização. Autora de 12 livros de coautoria e um solo (no prelo).
Neste Dia das Mulheres, Andrezza Barros e Ted Keira realizaram uma entrevista com essa mulher incrível que de forma singela, veio para representar todas as mulheres do mundo falando sobre empreendedorismo feminino e inteligência emocional. Confira:
Atualmente, o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking dos países com maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais, de acordo com levantamento da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado com 49 nações. O que é um grande avanço comparado aos limitados processos de desenvolvimento de ideias e engajamento feminino nos anos 70 e 80. Pra você, como se deu o surgimento desse aumento na estatística?
Mônica: O empreendedorismo feminino tem um efeito multiplicador na economia. E a força em empreender está ligada às próprias transformações do universo das mulheres ao longo dos anos. Além de se assumirem o importante papel de empreendedoras, muitas vezes pela necessidade em suprir as carências financeiras e de ascensão do lar, como única chefe de família, elas também estão ocupando papel dentro das organizações.
Essa característica do universo feminino, que desenvolve e estimula capacidades realizadoras, mostra a força das mulheres em gerenciar situações de risco, ter protagonismo, buscar renda em novos negócios, empoderar-se e mudar o seu lugar no mundo, seja na comunidade, no trabalho ou como líder de uma nação.
A discriminação de gênero ainda tem suas consequências no mundo dos negócios e ainda é um dos maiores fatores que causam o retrocesso das mulheres em seu ambiente de trabalho. Para você, as medidas e diretrizes atuais protegem e garantem estabilidade da mulher no mercado? E quais seriam os nortes mais assertivos para acentuar essa garantia?
Mônica: As medidas atuais ainda estão longe de ser ideais. Principalmente no Brasil. Ainda vemos muita discriminação de gênero, etarismo, machismo e diversas situações desfavoráveis. E elas enfrentam todas as dificuldades com força e resiliência. Porque essa é uma luta histórica e que ainda não acabou. Mesmo com todos esses exemplos, infelizmente, não há como dizer que não existe desigualdade de gênero, na sociedade e no mercado de trabalho.
Mas nada pode ser considerado, um empecilho. A garra feminina é capaz de suprir esses obstáculos, e, por isso, as mulheres continuam de destacando nas mais variadas áreas. E o meio mais eficaz para continuar e reforçar essa luta é o autoconhecimento. As mulheres precisam entender o seu papel na sociedade e, principalmente, definir os seus objetivos. Está no interior a força para seguir em frente, independente das adversidades.
Sabemos que ainda há um longo caminho pela frente até alcançarmos a igualdade plena entre homens e mulheres no empreendedorismo. Mas para as recém-chegadas no cenário empreendedor, você poderia listar cinco pontos facultativos para o perfil de uma empreendedora de sucesso?
Mônica: Primeiro é preciso estar disposto a quebrar padrões de comportamento, ser criativo e não ter medo de arriscar. Segundo, é preciso estar atento ao mercado, ter referências e se antecipar às demandas dos clientes. A terceira dica é ter a vida financeira organizada. Tanto para mudar de área ou para empreender em um negócio que já se está acostumado, é importante ter um fôlego financeiro. Para isso, é preciso planejamento. A quarta dica é fugir da informalidade e buscar se profissionalizar em todos os processos. Isso faz toda a diferença! A quinta dica é não desistir. Persista e não esmoreça nas primeiras dificuldades. Ser empreendedor é ser persistente!
Para as empreendedoras, o rendimento inferior pode estar relacionado à impossibilidade de dedicação integral ao negócio. Comente sua opinião sobre essa afirmação.
Mônica: Ter que se dividir em muitas tarefas é um desafio para qualquer área. Quando se é empreendedora, a melhor maneira de driblar isso é fazer uma boa gestão do tempo. Planejamento e organização é essencial. E, às vezes, delegar, é uma boa opção para ter um maior rendimento sem abrir mão da qualidade de vida.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), negócios que possuem mulheres em postos de liderança têm melhor desempenho, e isso também acontece no Brasil. Quais são os maiores fatores para que essa ação feminina seja afirmada?
Mônica: As mulheres têm algumas características intrínsecas que são muito bem-vindas no empreendedorismo e no mundo corporativo. Relacionamento interpessoal, criatividade, foco e uma melhor adaptação ao trabalho sob pressão. Além disso, as vantagens da liderança feminina também estão em suas habilidades naturais, como saber ouvir, decifrar e compreender opiniões. Isso facilita o trabalho em equipe e destaca a essência feminina.
O empreendedorismo feminino é uma tendência em pleno crescimento que inspira cada vez mais mulheres a abrirem seus próprios negócios. Quais dicas você daria para uma mulher que esteja planejando abrir seu próprio negócio?
Mônica: Pesquise muito o mercado antes. Não é preciso inventar a roda, mas ter um diferencial é fundamental para se destacar e ter sucesso no empreendimento. Ninguém quer mais do mesmo. Existe um caso de um pipoqueiro que chamou a atenção simplesmente porque passou a servir a pipoca com luvas e oferecer guardanapo para os clientes. Isso antes da pandemia. Ele se antecipou aos cuidados de higiene e ofereceu um conforto, um diferencial em seu produto. É simples? Sim, mas às vezes é justamente esse diferencial que vai fazer com que o cliente opte pelo serviço. É preciso “escutar” o cliente. Entender o mercado. Se antecipar às tendências e, principalmente, ter cuidado com o produto oferecido. A satisfação do cliente sempre será a melhor propaganda e o segredo para ser bem sucedido.
Inteligência emocional é um conceito da psicologia que caracteriza o indivíduo que é capaz de identificar seus sentimentos e suas emoções com mais facilidade. Como desenvolver a inteligência emocional pode contribuir para que alguém seja bem-sucedido profissionalmente?
Mônica: Inteligência emocional é a capacidade que um indivíduo tem de identificar suas emoções com facilidade. Uma das grandes vantagens das pessoas com inteligência emocional é a resiliência, ou seja, a capacidade de se automotivar e seguir em frente, mesmo diante de frustrações e desilusões. E a resiliência anda lado ao lado com o sucesso.
A ciência já comprovou que doenças cardíacas, câncer e diabetes, entre outras, têm relação com sentimentos não trabalhados. Quais são as outras doenças, sintomas ou distúrbios físicos que a falta de IE pode causar?
Mônica: Quando se trata de doenças físicas e emocionais é importante ter um diagnóstico médico e acompanhamento de um profissional da saúde. Nós sabemos que é cientificamente comprovado que as emoções reprimidas são capazes de causar dores físicas e transtornos mentais, como depressão, ansiedade, estresse, anorexia e diversas outras doenças, até mesmo o câncer. O ideal é estar atento às necessidades do corpo e da alma, que são diferentes para cada pessoa.
O cérebro pode ser treinado para ter comportamentos emocionalmente inteligentes e transformá-los em hábitos. Como equilibrar esse mecanismo orgânico, de uma forma que as emoções possam ser sentidas e redirecionadas de forma saudável e não neutralizadas?
Mônica: Controlar as emoções e sentimentos é um dos principais trunfos para o sucesso pessoal e profissional. É difícil, mas as emoções não devem interferir na realização das tarefas e obrigações. Quando estamos tristes, ansiosos, aborrecidos, devemos ser capazes de realizar as atividades ainda assim. É difícil? Sim. Mas é um grande passo para o autoconhecimento.
Como é possível identificar se uma pessoa desenvolveu ou não sua inteligência emocional?
Mônica: Você consegue identificar uma criança mimada? A gente acha que é falta de educação, mas até “perdoa” porque é criança. O chilique no supermercado porque não conseguiu o que queria, a comida no chão porque não era a guloseima que queria comer e outras situações que demonstram a falta de maturidade da criança e não saber lidar com a frustração. O problema é quando essa criança cresce e se torna um adulto mimado. Um adulto mimado é aquele que não desenvolveu a inteligência emocional, a baixa tolerância à frustração, não consegue ter empatia e se colocar no lugar do outro. É uma pessoa egoísta, que só pensa em si mesmo. É um sofrimento para pessoa e para quem convive com ela.
Liste pelo menos cinco técnicas para ajudar a desenvolver a IE.
Mônica: 1 – Conhece-te a ti mesmo! – O autoconhecimento é fundamental para desenvolver a Inteligência Emocional. Observe seu próprio comportamento e aprenda a identificar o que causa reações positivas e negativas em seu corpo e em sua mente. Saber avaliar essas sensações é um grande passo para desenvolver a IE.
2 – Domine as emoções. – Não deixe que as emoções interfiram na sua produtividade. É normal ficar triste, decepcionado ou irritado, mas as tarefas devem ser feitas com excelência independente do que sentimos. E quando não estivermos aptos para desenvolver as atividades, é preciso ter a maturidade para dizer não. Admitir fraquezas também é importante para nosso desenvolvimento.
3 – Acredite em você. – Tenha confiança. Saiba os pontos fortes que você tem a oferecer e acredite no seu potencial. Isso ajuda a gerenciar os momentos de crise e superar as dificuldades. Isso melhora nossa qualidade de vida e também é um combustível para alavancar a vida pessoal e profissional.
4 – Seja resiliente. – A resiliência é a capacidade de se adaptar às mudanças. A mudança faz parte da vida e temos que aprender a lidar com ela da forma mais tranquila possível. A falta de resiliência significa sofrimento.
5 – Tenha empatia – A capacidade de se colocar no lugar do outro diz muito sobre a gente mesmo. Cada pessoa tem suas peculiaridades e suas limitações. Seja generoso e compreensível com o outro. E a máxima das nossas avós vale para todas as situações: não faça com o outro o que você não gostaria que fizessem com você.
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