Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, ao menos 100 mil pessoas são vítimas de queimaduras por ano, grande parte não consegue sobreviver. Juliana Maddeira, DJ carioca de 28 anos, foi uma das vítimas em junho de 2022:
“Eu estava em casa num jantar a dois, tinha comprado uma panela de fondue no dia e estava ansiosa para usá-la, o fogo muitas vezes parecia mais baixo e eu jogava álcool em gel insistentemente com o objetivo de aumentar a chama e continuar o jantar, até que depois de muitas vezes, houve a explosão, o fogo veio em minha direção e vi meu corpo em chamas, só conseguia pedir socorro, eu implorava pela minha vida…”
A DJ que não tinha dimensão do que estava acontecendo, conta como foi o processo até o hospital:
“Eu não tinha noção do que estava acontecendo, corri para a cozinha, apaguei o fogo na torneira da pia, corri para o banho porque ainda sentia meu corpo fervendo, parecia que eu estava cozinhando literalmente, dentro do banho passei a mão no meu pescoço e minha pele saiu na minha mão, aí veio o desespero, comecei a implorar para a única pessoa que estava comigo me levar para o hospital e assim fomos para o mais perto. Mesmo depois de tudo, eu não conseguia ter dimensão do que estava acontecendo comigo, dezenas de médicos me cercavam, eu achava que estava indo só para passar uma pomada e tomar um antibiótico, não conseguia entender, comecei a ter uma crise de pânico, foi horrível…”
Juliana conta que em um primeiro momento, insistiu para que sua família não soubesse do ocorrido
“Eu tinha muito medo da minha mãe saber porque ela sofre de síndrome de pânico, até que o médico me avisou que eu teria que passar uma noite no hospital, fiquei sem entender, até que foram obrigados a chamar minha mãe, ela chegou e me viu, ficou assustada (eu ainda não tinha me olhado), chamaram ela numa sala e ela veio me dar a notícia que eu iria para a uti, quando ela me contou foi um desespero, eu surtei, depois disso só lembro de acordar no dia seguinte voltando do centro cirúrgico, meu corpo ficou todo enfaixado, eu estava inchada e irreconhecível. Foram 21 cirurgias, precisei fazer enxerto de pele no braço, eu brigava todos os dias pela vida enquanto me davam morfina a cada 6 horas para controle das dores absurdas que acometiam meu corpo todo. 40 dias no hospital internada, 20 dias foram dentro da UTI. No meio disso, peguei uma infecção e o desespero foi geral, meu corpo estava aberto de feridas e o medo da infecção ser generalizada tomou conta. O médico chamou meu pai em um canto e disse que não sabia como eu ainda estava viva, eu ouvi mesmo sedada e lembro como se fosse hoje, minha família chorava todos os dias.”
Oito meses depois, a DJ consegue se recompor e voltar a vida:
“Eu não fiquei viva a toa, tudo tem um propósito, eu sobrevivi e quero honrar isso, quero viver intensamente absolutamente tudo. A primeira vez que tomei banho sem absolutamente nenhum curativo no corpo foi uma loucura, eu me sentia numa cachoeira (risos), depois de começar a me curar e de ter conseguido vencer a batalha da luta pela vida, veio a luta pela autoestima, deu certo, me sinto bem, conheço a minha força e hoje quando toco tento levar minha alegria e superação para todos que assistem, me entrego, rio, danço, grito. Digo que hoje sou uma mulher diferente da menina que sofreu aquele acidente horrível, hoje sou vida.” Finaliza.
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